09 Outubro 2019
#SínodoAmazônico: defesa dos direitos humanos e urgência da formação no centro da 3ª Congregação Geral, na manhã dessa terça-feira, 8 de outubro, para o Sínodo Especial para a Região Pan-Amazônica. Na presença do Papa Francisco, continuou a apresentação das intervenções sobre o Instrumentum laboris, com 183 Padres sinodais presentes.
A síntese é publicada por Vatican News, 08-10-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A defesa dos direitos humanos e o drama da criminalização dos líderes, das comunidades e dos movimentos sociais foram alguns dos temas examinados na manhã dessa terça-feira, 8, pela 3ª Congregação Geral do Sínodo Especial para a Região Pan-Amazônica. Na Amazônia, de fato, o número de mártires nesse âmbito é assustador, tanto que, entre 2003 e 2017, os indígenas mortos por defender seus territórios foram 1.119.
Não só isso: muitas vezes, os líderes sociais são vítimas da impunidade e da insuficiência dos poderes estatais que não garantem a sua segurança. Nessa perspectiva, reiterou-se que a Igreja deve defender aqueles que lutam para proteger as próprias terras, criando, onde ainda não existam, redes específicas de proteção ou ativando, em nível diocesano, ações permanentes de solidariedade e de promoção da justiça social. Que a tarefa da Igreja, como já se disse várias vezes, seja a de levantar a voz contra os projetos que destroem o ambiente.
Ao mesmo tempo, os Padres sinodais destacaram a importância de promover uma política mais participativa e uma economia distante da “cultura do descarte”, apontando, em vez disso, para experiências de economia alternativa, como a das pequenas cooperativas que comercializam diretamente os produtos das florestas, sem passar pela grande produção.
Na Sala, também se falou da contaminação dos rios, nos quais muitas vezes são despejados os resíduos das atividades de mineração e do desmatamento, uma ameaça cada vez mais concreta na Amazônia, devido à venda maciça de madeira ou ao cultivo de coca, mas favorecida também por uma legislação ambiental frágil que não protege as riquezas e as belezas naturais do território.
Sobre esse ponto, a Igreja foi exortada a denunciar as distorções de modelos extrativos predatórios, ilegais e violentos, e a apoiar as normativas internacionais que protegem os direitos humanos, sociais e ambientais, porque o grito de dor da terra depredada é o mesmo dos povos que a habitam. A defesa das populações originárias também foi lembrada através do martírio de tantos missionários que deram a vida pela causa indígena e pela proteção daqueles que são explorados e perseguidos por ameaças vendidas como “projetos de desenvolvimento”.
O Sínodo também refletiu sobre a questão da migração, tanto a dos povos indígenas rumo às grandes cidades, quanto a das populações que atravessam a Amazônia para chegar a outros países de destino. Daí deriva a importância de uma pastoral específica da Igreja: a região amazônica como zona de fluxos migratórios é, de fato, uma realidade emergente – observou-se na Sala –, um novo front missionário que deve ser abordado em sentido intereclesial, encontrando também uma maior colaboração entre as Igrejas locais e outros órgãos envolvidos no setor.
Recordou-se também que o drama da migração afeta a juventude da Amazônia, forçada a abandonar os países de origem por estar cada vez mais ameaçada pelo desemprego, violência, tráfico de seres humanos, narcotráfico, prostituição e exploração. É necessário, então, que a Igreja reconheça, valorize, apoie e fortaleça a participação da juventude da Amazônia nos espaços eclesiais, sociais e políticos, pois os jovens são “profetas da esperança”.
Depois, o Sínodo refletiu sobre a importância de uma Igreja de comunhão que inclua mais os leigos, para que a sua contribuição sustente a obra eclesial. A complexidade da vida contemporânea, de fato, requer competências e conhecimentos específicos para os quais os sacerdotes nem sempre podem oferecer todas as respostas.
Por isso, diante dos inúmeros desafios da atualidade – incluindo o secularismo, a indiferença religiosa, a proliferação vertiginosa de igrejas pentecostais – a Igreja deve aprender a consultar e escutar mais a voz do laicato. A valorização do papel dos leigos voltou ao centro da reflexão também quando se falou da falta de sacerdotes e da dificuldade, portanto, de levar o sacramento da Eucaristia aos fiéis: é necessário passar – disse-se – de uma “pastoral da visita” a uma “pastoral da presença”, olhando também para os novos carismas que se manifestam nos movimentos laicais, cujo potencial deve ser reconhecido e aprofundado.
Por isso, reiterando que o celibato é um grande presente do Espírito para a Igreja, alguns Padres sinodais pediram para se pensar na ordenação sacerdotal de alguns homens casados, os chamados “viri probati”, avaliando depois, ao longo do tempo, a validade ou não de tal experiência. Para alguns, em vez disso, tal proposta poderia levar o sacerdote a ser um mero funcionário da missa e não, ao contrário, um pastor das comunidades, um mestre de vida cristã, uma presença concreta da proximidade de Cristo.
Diante da urgência de pastores para a evangelização da Amazônia, é preciso uma maior valorização da vida consagrada, mas também de uma forte promoção das vocações autóctones – afirmou-se na Sala –, junto com a possibilidade de escolher ministros autorizados para a celebração de Eucaristia ou de ordenar diáconos permanentes que, na forma de equipe, acompanhados por pastores, possam administrar os sacramentos.
Outro ponto de reflexão foi o da formação dos ministérios ordenados, pensado em três níveis: uma formação capilar em nível paroquial, com leitura e meditação da Palavra de Deus; uma formação intensiva em tempo integral, destinada a animadores e animadoras das comunidades, e uma formação teológica sistemática para os candidatos aos ministérios ordenados e para os homens e as mulheres que desejam se comprometer nos ministérios leigos.
O importante – foi enfatizado – é que a formação dos seminaristas seja repensada e se torne mais próxima da vida das comunidades. Enfim, dentre as propostas apresentadas, também esteve a de pensar na possibilidade de uma ordenação diaconal para as mulheres, a fim de valorizar a sua vocação eclesial.
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#SínodoAmazônico: síntese da 3ª Congregação Geral. Defesa dos direitos humanos e a criminalização de lideranças - Instituto Humanitas Unisinos - IHU