01 Outubro 2019
O papa Francisco se propôs na sua chegada a abrir pouco a pouco a porta às mulheres na Igreja, incluindo-as também nos postos relevantes da cúria e aumentando seu peso na tomada de decisões. Até o momento os avanços não foram relevantes.
A reportagem é de Daniel Verdú, publicada por El País, 29-09-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O Sínodo sobre a Amazônia, que se celebrará a partir do próximo domingo no Vaticano, até 27 de outubro, se converteu em uma inesperada plataforma para discutir sobre questões largamente adiadas como os direitos das mulheres na Igreja e o celibato. A partir de dentro, mas também fora da sala sinodal. Sobre a segunda questão, todo o debate girará em torno da possibilidade de ordenar homens casados em lugares remotos do planeta onde não existem vocações para ordenar novos padres. Sobre a primeira, uma reivindicação cada vez mais sonora na Igreja, a pressão começará no próximo 3 de outubro com uma manifestação na praça de São Pedro.
O papa Francisco se propôs na sua chegada a abrir pouco a pouco a porta às mulheres na Igreja, incluindo-as também nos postos relevantes da cúria e aumentando seu peso na tomada de decisões. Até o momento os avanços não foram relevantes, consideram todas as associações e inclusive vozes internas como aqueles que formam a redação de Mulheres Igreja Mundo, o caderno feminino do L’Osservatore Romano, jornal oficial da Santa Sé. A equipe, liderada por Lucetta Scaraffia, se demitiu depois de perceber que sua linha editorial incomodava o Vaticano. A polêmica não cessa. E na semana passada um grupo de mulheres protestou na Alemanha diante dos preparativos de um tipo de sínodo que realizará a Conferência Episcopal Alemã que, pela primeira vez colocará sobre a mesa questões como o sacerdócio da mulher ou o celibato.
Uma das principais associação que convoca o protesto da próxima quinta-feira, Voices of Faith, brigou ativamente desde o último Sínodo para os Jovens, por colocar o assunto sobre a mesa. Naquele encontro uma dúzia de mulheres participou nos debates, porém nenhuma foi autorizada a votar o texto final. A União de Superioras Gerais (UISG) exigiu então que se mudasse a norma para permitir, ao menos, que as representantes das Congregações religiosas que participavam pudessem votar. O sufrágio nesse tipo de celebrações já é uma realidade entre religiosos homens (não sacerdotes).
No próximo encontro haverá 180 padres sinodais com direito a voto. Porém segue estando vetado para as freiras, que voltaram ao centro da polêmica durante o último sínodo por causa dos abusos permanentes que sofrem em conventos de todo o mundo, impunemente. “Isso é incorreto e injusto porque os irmãos religiosos tem o mesmo status canônico que as religiosas superiores. Somente pedimos igualdade e inclusão”, explicou Stephanie Lorenzo, porta-voz de Voices of Faith, em uma entrevista com Europa Press. “O Sínodo da Amazônia que começará no início de outubro é chave para a Igreja católica e nenhuma mulher tem capacidade de voto”, insistiu Lorenzo.
Na celebração de protesto participarão religiosas de todo o mundo, como a catalã Teresa Forcades ou Doris Wagner, teóloga e ex-irmã alemã que sofreu abusos por parte de um padre que depois recebeu um alto cargo na Santa Sé (precisamente do departamento que investiga esse tipo de delitos).
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O Sínodo da Amazônia reaviva o protesto das mulheres católicas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU