25 Setembro 2019
De 23 a 26 de setembro, se realiza em Fulda a sessão plenária outonal da Conferência Episcopal Alemã. Essa notícia poderia ser considerada de importância secundária. E, no entanto, há seis meses, toda notícia sobre a Igreja Católica na Alemanha termina facilmente nas primeiras páginas dos jornais de meia Europa. Por quê? Porque em 14 de março o cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal Alemã, anunciou a abertura de um caminho rumo a um sínodo com plenos poderes de decisão, composto em igual proporção por leigos e clérigos.
O comentário é de Pawel Gajewski, publicado por Riforma, 27-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em poucas palavras: uma assembleia sem precedentes para enfrentar questões como o compartilhamento de poder na Igreja, a vida sacerdotal, o acesso das mulheres ao ministério e às posições do governo e a moral sexual. Um "percurso vinculante" que prevê a estreita colaboração entre a Conferência Episcopal e o Comitê de Católicos Alemães. Essa decisão não cai como um raio em céu de brigadeiro. Já em 1994, o movimento Wir sind Kirche (Nós somos Igreja) levantou exatamente as mesmas questões, despertando o interesse dos católicos progressistas em todo o mundo. Dois milhões e meio de assinaturas foram coletadas para uma petição entregue em 1997 a João Paulo II. Resultou disso que o papa polonês ordenou não dar peso algum nem a esse documento nem a seus signatários.
Treze anos depois, em 2010 em Munique (desde 2007, Reinhard Marx é arcebispo de Munique e Freising), durante o culto de encerramento do Kirchentag ecumênico, as mesmas instâncias foram repetidas do palco, perante as mais altas autoridades civis e eclesiásticas da Alemanha. Naquela chuvosa manhã de domingo, 16 de maio, foi pronunciada várias vezes e em perfeita harmonia ecumênica a palavra Umbruch. Não é fácil traduzi-la; é preciso recorrer a uma perífrase: mudança radical. Em alemão, porém, esse termo expressa o conceito de ruptura; na história que estamos contando, seria uma ruptura decisiva com o passado.
Uma ruptura que poderia abrir inéditos cenários ecumênicos. Se na Itália o ecumenismo é bastante apical e frequentemente apenas de fachada, na Alemanha a convivência e colaboração entre católicos e protestantes é uma realidade cotidiana. Intercâmbios no púlpito, estudos bíblicos conjuntos, escolas dominicais e grupos de catecismo trabalhando juntos e depois a frustração de não poder participar juntos da mesa do Senhor, porque a Igreja Católica o proíbe de maneira explicita.
Em 4 de setembro, o tema da sinodalidade foi enfrentado em uma carta dirigida ao cardeal Marx pelo prefeito da Congregação para os Bispos, cardeal Marc Ouellet, juntamente com uma avaliação do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos de 1º de agosto sobre os projetos de Estatuto para o Sínodo. "A sinodalidade na Igreja, à qual o Papa Francisco faz frequente referência - afirma o documento do Pontifício Conselho - não é sinônimo de democracia ou de decisões por maioria", porque "cabe ao Pontífice apresentar os resultados". O processo sinodal, então, "deve ocorrer dentro de uma comunidade hierarquicamente estruturada", enquanto não o é a equivalência entre bispos e leigos, que passariam a ter o mesmo peso no Sínodo.
Em síntese extrema: o Vaticano afirma que o princípio fundador de todos os sínodos da igreja das origens, a base jurídica de todos os sínodos protestantes, seriam desprovidos de fundamento porque o poder de decisão cabe unicamente ao Pontífice romano. Há muito a refletir ... Também sobre a nossa abordagem das relações ecumênicas com os católicos, na qual nós, protestantes italianos, há tempo reduzimos significativamente qualquer tipo de crítica teológica em relação ao magistério do Vaticano.
No entanto, uma mensagem de esperança está contida no resposta que o cardeal Marx enviou em 12 de setembro a seu colega Ouellet: "Esperamos que os resultados da formação de uma opinião [sobre essas questões] em nosso país também sejam úteis para a orientação da Igreja universal e para outras conferências episcopais, caso a caso. De qualquer forma, não consigo entender por que as questões sobre as quais o magistério tomou decisões devam ser retiradas de qualquer debate".
Acredito que, diante dessas palavras, as igrejas da Reforma não podem permanecer indiferentes. As tentativas corajosas de mudança, implementadas pelas irmãs e pelos irmãos católicos na Alemanha, precisam de nossa oração de intercessão, mas também de declarações claras e explícitas de apoio.
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Uma nova sinodalidade? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU