11 Setembro 2019
"O princípio-integralidade, que fermenta todo o Instrumentum laboris, orienta por si só para a plenitude do anúncio do Evangelho, que é 'integral', porque, além de ser para todos os homens, é para todo o homem e não só, uma vez que a 'boa notícia nova' do Evangelho não é apenas simétrica à verdade da criatura humana, mas a ultrapassa, porque Deus é surpreendente em se revelar, pedindo mais do que é humanamente justo, mas também prometendo uma salvação que vai além dos desejos e dos méritos do homem."
O texto é do teólogo e padre italiano Michele Giulio Masciarelli, professor da Pontifícia Faculdade Marianum, em Roma, e do Istituto Teologico Abruzzese-Molisano, em Chieti, na Itália, publicado por L'Osservatore Romano, 07 e 08-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Instrumentum laboris (17 de junho de 2019) do sínodo sobre a Amazônia a partir da vertente teológica desperta grande atenção sobre três palavras pela específica solicitação, inclusive crítica, que elas representam. São palavras que dão título a três dos vinte e um capítulos do texto; elas identificam o capítulo I (Vida), capítulo II (Terra ou território), o capítulo III (Tempo). Pano de fundo para todo tema tratado pelo Instrumentum laboris, portanto também daqueles indicados com nossas três palavras, é a integralidade, integral, que atrai vistosamente a atenção porque é onipresente, mas, mais do que um tema, é a forma, a ótica, a perspectiva em que tudo é pensado e dito. E, como tal, deve ser considerada e mantida necessariamente presente. Evidentemente, neste artigo, a escolha dessas três palavras (vida, Terra, tempo) é muito redutiva e sofre, acima de tudo, por algumas preocupações criteriológicas: a sua novidade, a urgência interpretativa que apresentam, seu possível difícil impacto com os destinatários do Instrumentum laboris, sua natureza particularmente interessante para a visão teológica. É uma escolha que deixa de fora, por razões de espaço, outras palavras (Igreja, missão, educação) que também interessam bastante para tal visão. Sobre esses três temas, discutiremos a seguir no nosso jornal: uma vez por semana. Faremos isso ad adiuvandum, para nos prepararmos bem para seguir conscientemente o sínodo em outubro próximo.
Entre as palavras selecionadas, a palavra matriz é vida, também modulada como "bem viver", uma expressão bela e nova; usada dez vezes pelo Instrumentum laboris, é a palavra decisiva neste documento pré-sinodal. Evoca aquela dos bispos italianos, "a boa vida do Evangelho", com a qual valerá a pena analisa-la para explorar plenamente a referência explícita à fala do Jesus Mestre. Assim, estaremos protegendo-a do risco de considerá-la uma maneira de falar do tipo New Age, com a qual, evidentemente, além da assonância, pouco tem a compartilhar. À palavra vida é dedicada pelo Instrumentum laboris, uma afirmação inicial de amplo espectro: "Este Sínodo se desenvolve ao redor da vida: a vida do território amazônico e de seus povos, a vida da Igreja, a vida do planeta." (8). Segue a ancoragem com a Amazônia, "fonte de vida" (cf. 8-10), que é individualizada realista e simbolicamente no rio Amazonas que, além disso, "é como uma artéria do continente e do mundo", uma rio gigantesco que "flui como veias da flora e fauna do território, como manancial de seus povos, de suas culturas e de suas expressões espirituais." (ibidem). Sobre vida, como palavra primal do Instrumentum laboris, cf. Michele Giulio Masciarelli, Con sguardo nuovo. Commento all’impianto del nostro “Instrumentum laboris" (Il Regno - Attualità 14 [2019], 394).
Esta palavra sintética, vida, remete ao Vivente e, portanto, deve ser tratada pelos cristãos com uma abordagem crente. Além disso, como muitos textos do Instrumentum laboris nos levam a pensar, devemos tratar cada coisa - e todas em sua conexão - com respeito da perspectiva de nossa fé. Por outro lado, se Deus está em toda parte, abraça tudo, está presente em tudo: é óbvio que somos obrigados a ter um grande respeito por todo elemento natural, não apenas humano, mas também animal, vegetal e mineral. Nosso documento pré-sinodal bloqueia explicitamente o caminho para toda interpretação vitalística sem transcendência. "Jesus oferece uma vida em abundância (cf. Jo 10, 10), uma vida repleta de Deus, uma vida salvífica (zōē), que começa na criação e se manifesta já no mais elementar da vida (bios) [...] À luz de Jesus Cristo, o Vivente (ver Apocalipse1, 18), plenitude da revelação (ver Dei Verbum, 2), procuremos discernir este anúncio e esta denúncia" (Instrumentum laboris, 11).
A Terra, um "ubi" e um "quid". Uma forma vizinha, construída e habitada da Terra é o território (ver Instrumentum laboris, 19-26). Isso não nos faz esquecer que a Terra é o grande pano de fundo já que vivemos no território, que é um espaço estruturado pela vida que ali habita e conhece uma consonância fraterna entre homens, mulheres, animais e realidades naturais, que também precisam ser abordadas com sensibilidade e com as palavras da fraternidade e sororidade (ver 20). As partes do território são constituídas em relação e formam um todo vital, que deveria sempre ser mantido distinto de uma concepção holística que não possa ser assumida em uma perspectiva revelada e cristã. A Terra está imbuída de vida que, como sabemos, é o primeiro tema do sínodo sobre a Amazônia. A Terra, como realidade próxima, é o território que, a partir do Instrumentum laboris, não é apresentado como um simples espaço ou como uma grande "coisa" física: "A Amazônia – ou outro espaço territorial indígena ou comunitário – não é somente um ubi (um espaço geográfico), mas também um quid, ou seja, um lugar de sentido para a fé ou a experiência de Deus na história."(19). O território é um lugar teológico a partir do qual se vive a fé, mas é também uma peculiar fonte de revelação de Deus." (19). Pode-se dizer que o território é uma realidade material-objetivo e simbólico-espiritual.
A Terra da Amazônia será salva pela beleza. A Terra recebe beleza de Deus e, portanto, é capaz de lembrar Deus e levar a ele. O Instrumentum laboris insiste nisso, colocando-se assim em um dos grandes caminhos daqueles que buscam Deus, pelo menos roçando seu mistério: esse tem sido há séculos o caminho filosófico, teológico, ascético e místico. Mas, acima de tudo, a via pulchritudinis é um caminho bíblico. As realidades criadas refletem a beleza de Deus: nos salmos 19 e 119 são celebradas as belezas e o encanto da palavra de Deus, da lei; a cidade de Jerusalém é apresentada como imagem da cidade ideal, acolhedora e segura (Salmos 48 e 122; Isaías 60 e 62); o templo, construído por Salomão, é objeto de grande assombro e admiração, e é o âmbito em que o povo se encontra para celebrar as grandes obras de Deus. Na nova Aliança, a beleza ainda é um caminho de comunicação mútua entre Deus e o homem e, aliás, também é quando se trata de beleza invertida, isto é, quando a beleza entra em um surpreendente círculo de intricados oxímoros: a sabedoria está na tolice, a potência na fraqueza da Cruz, a beleza na feiura.
A primeira tarefa do cristianismo não é chamar para abraçar o que já é belo, mas transformar em beleza, através do amor, o que se abraça; em resumo, se pede ao cristão para imitar Cristo que, com o amor extremo do dom de sua vida, transformou a insipiência e impotência da Cruz em beleza. Só assim tem sentido continuar repetindo que a beleza salvará o mundo. E também é válido que a salvação da Amazônia ative sua beleza invertida. Esta, embora arranhada e ferida, com sua força se expressa, por um lado, como atrativa, pelo outro, como dissuasiva e, por outro ainda, como uma forma lacerada e ferida, despertando uma verdadeira compaixão e uma eficaz redenção (cf. Instrumentum laboris, 22 e 23). Para a obra missionária a ser realizado na Amazônia, é necessário ter em mente que a manifestação da beleza intrínseca do mundo e da história se dá graças à imersão de Jesus no mundo e na história para dar um sentido ao negativo e, no final, para superá-lo (ver Filipenses, 2, 6-11).
Também a Terra, não apenas a História. A ideia do lugar teológico é um objeto-não objeto que se oferece como repleto de sentidos religiosos com os quais a teologia pode desenvolver o pensamento crente. Entender a Terra e o território como um lugar teológico não significa que devemos deixar este mundo para buscar a Deus no além: podemos permanecer, com inquietude e paz, neste mundo com suas belezas e seus horrores, porque Deus já está aqui, juntos para os homens, como o "totalmente próximo" e como o "totalmente Outro" (Max Horkeimer). Ele nos espera em todas as suas criaturas e fala conosco através delas, sem nunca se confundir com elas e sem jamais pensar que a Terra ou a História o contém. Teológica é, portanto, também a indignação mansa que o Instrumentum laboris exige diante da desfiguração vasta e de longo prazo perpetrada diante do território amazônico. Evidentemente, esses comportamentos destrutivos ocorrem porque as "coisas" não são vistas à presença de Deus e a presença de Deus nelas não é percebida. “Como reagir diante disto? Por um lado, será necessário indignar-se, não de modo violento, mais sim de maneira firme e profética." (41). A tarefa dos cristãos e da Igreja, portanto, é educar no sentido do mistério e da presença de Deus não apenas nos fatos da história, mas também entre as muitas e diferentes "coisas" da criação que, em conexão, formam o território dos homens.
Deus é onipresente, mas ele não é igualado à natureza, ele não se identifica com o mundo. Novamente: Deus é onipresente, mas com sua presença ele não esmaga o homem a ponto de tirar-lhe o fôlego. Deus não oprime os homens com sua onipresença, mas com ela os envolve, propondo-se a eles como um "lugar espaçoso" (Salmos, 31, 9), para que os homens possam se mover livremente em todas as direções, permanecendo, porém, protegidos pelas mãos fortes e braços estendidos de Deus.
O tempo vivido e percebido no hoje eclesial da Amazônia é apresentado pelo Instrumentum laboris primeiro como um “tempo de graça” (28-34), como um kairós fornecido pelo Espírito de Deus. Ele está destinado se desenvolver em importantes novidades missionárias: "Os novos caminhos da evangelização devem ser construídos em diálogo" com a locais "sabedorias ancestrais em que se manifestam as sementes do Verbo" (29). Este tempo de graça é também tempo fervoroso, pois está destinado à inculturação e à interculturalidade: portanto, o programa de evangelização da Igreja Amazônica "não corresponde a uma mera estratégia diante dos apelos da realidade", mas é "à expressão de um caminho que responde aos Kairós que impele o povo de Deus a acolher o seu Reino nessas bio-socio-diversidades”(30). Esse itinerário missionário começou com o Concílio Vaticano II e encontrou seu reconhecimento no magistério latino-americano: "A diversidade original oferecida pela região amazônica - biológica, religiosa e cultural - evoca um novo Pentecostes" (30), que abre cada vez mais, a "um tempo de esperança" (33-34). Esse tempo kairótico não fluiu placidamente para a Amazônia, mas também foi um "tempo de desafios sérios e urgentes " (31-32); entre elas, um bastante significativo: a Amazônia "inclui o desafio de romper o próprio espaço e de se abrir a um trabalho em conjunto, viver a cultura do encontro [...] construir uma Igreja irmã" (28).
Assim, a beleza das coisas se une à beleza da comunhão e àquela espiritual da irmandade: a beleza, de fato, não conhece vales e cumes intransponíveis dentro da criação de Deus, da plena salvação obtida pelo "Redentor do homem" e pelo derramamento do Espírito. Assim, é fácil entender, por exemplo, o que o Instrumentum laboris quer dizer quando afirma: "A diversidade original que oferece a região amazônica – biológica, religiosa e cultural – evoca um novo Pentecostes." (30). A construção de uma igreja irmã pode ser grandemente ajudada pela contemplação da Virgem de Nazaré: “Maria Irmã lembra a mesma criaturalidade, o mesmo tipo de graça dos salvos (embora de maneiras diferentes), o comum pertencimento à Igreja. Esta Irmã pede que os discípulos e as discípulas de Jesus meditem sobre o fato de que ninguém na Igreja é superior à pia batismal e ao ágape eucarístico no ato de assumir o Pão da vida eterna e a Bebida da salvação" (Michele Giulio, Masciarelli Redenta "in modo sublime", em "L'Osservatore Romano", de 6 a 7 de maio de 2019, página 5).
A graça do Sínodo para a Amazônia e para toda a Igreja. A realidade amazônica "é uma grande oportunidade para que a Igreja possa descobrir a presença encarnada e ativa de Deus: nas mais diferentes manifestações da criação; na espiritualidade dos povos originários; nas expressões da religiosidade popular; nas diferenciadas organizações populares que resistem aos grandes projetos; e na proposta de uma economia produtiva, sustentável e solidária que respeita a natureza." (Instrumentum laboris, 33). Também a Igreja é uma sorte da Graça para a Amazônia, porque com o sínodo dedicado a ela, o Papa Bergoglio colocou sua realidade de criação de Graça, sua existência feliz e martirizada, seu destino promissor e arriscado sob os olhos crentes de todos os cristãos, mas também sob o olhar preocupado e atento das mulheres e dos homens justos de todo o planeta. O sínodo é um fármaco de esperança para o sofrimento infligido a esta terra martirizada e magnífica. "Em contraste com essa realidade, o sínodo amazônico se torna um sinal de esperança para o povo amazônico e para toda a humanidade" (33).
Para a Amazônia, a luz de todo o Evangelho. Também a evangelização na Amazônia deve anunciar Deus presente e próximo, sem esquecer de educar às suas misteriosas "distâncias", isto é, à sua santa transcendência ou à sua infinita diferença em relação a todos e a tudo. Além disso, a integralidade – palavra-guia do Instrumentum laboris - exige uma evangelização que se abra como uma estrela para todo o mistério cristão, fazendo vibrar todas as luzes das palavras, dos gestos e até dos altíssimos silêncios com os quais o Deus revelador faz conhecer às Igrejas, aos crentes individualmente e – com os modos que somente ele conhece - aos homens fiéis às suas religiões e àqueles que honram a voz de sua consciência e de seu coração reto e bom. O Sínodo sobre a Amazônia é uma graça auspiciosa para a Igreja que, entre outras coisas, oferece a ela a oportunidade de se medir, em sua experiência missionária, com problemas e urgências novos, para ampliar o espectro de seu olhar teológico-pastoral sobre o tema da criação que, pelo menos na segunda parte do século XX, tornou-se opaca, mesmo nos ensinamentos da teologia, concentrados principalmente nos temas e problemas da "história da salvação". A reconjugação Terra e tempo que, nesta passagem do tempo na vida da Igreja, propomos cuidar, particularmente com o Sínodo sobre a Amazônia, é um apelo benéfico para toda a Igreja. “É uma grande oportunidade para que a Igreja possa descobrir a presença encarnada e ativa de Deus: nas mais diferentes manifestações da criação; na espiritualidade dos povos originários; nas expressões da religiosidade popular; nas diferenciadas organizações populares que resistem aos grandes projetos; e na proposta de uma economia produtiva, sustentável e solidária que respeita a natureza." (33).
É bastante claro que, quando se fala de "lugar teológico" com referência à Terra (ou ao território), entende-se um "lugar" que não deve ser concebido de maneira exclusivamente física fechado em si, mas considerado na perspectiva do mistério de Deus e, em termos cristãos, do Deus trinitário como Criador, Providência e Salvador de tudo. A referência explícita ao mistério do Deus cristão não implica o enfraquecimento da dignidade da Terra ou do território, nem do nosso vínculo com essa realidade vital, que é o contexto necessário da vida humana. De fato, é então que se torna possível fundar e nutrir uma nova espiritualidade cósmica: é então que começamos a sentir assombro (como é testemunhado por muitos santos) diante de todas as coisas e somos tomados por um profundo respeito pela vida; é então, finalmente, que a natureza é percebida como uma criação dada por Deus ao homem e como um grande "sacramento" admirável da presença “inabitante” de Deus, ou seja, ao máximo próxima e ao máximo transcendente: este, um maravilhoso oxímoro a ser proposto como um traço comportamental para todos os homens religiosos e para todos os discípulos de Jesus Mestre.
O princípio-integralidade, que fermenta todo o Instrumentum laboris, orienta por si só para a plenitude do anúncio do Evangelho, que é "integral", porque, além de ser para todos os homens, é para todo o homem e não só, uma vez que a "boa notícia nova" do Evangelho não é apenas simétrica à verdade da criatura humana, mas a ultrapassa, porque Deus é surpreendente em se revelar, pedindo mais do que é humanamente justo, mas também prometendo uma salvação que vai além dos desejos e dos méritos do homem. A beleza da integralidade, primeiro princípio do Instrumentum laboris, é que esta, se bem compreendida e bem usada em uma perspectiva crente, sabe aludir à infinitude da mensagem do Evangelho, que se abre como uma estrela em direção ao Deus trinitário, em direção à vida, à Terra, ao tempo, em direção à história humana e à eternidade divina, em direção a todo o Credo, a todo o setenário sacramental, em direção à totalidade dos carismas, dos ministérios, dos dons do Espírito e, finalmente, à família humana em sua plenitude e em direção à preciosidade inconfundível de cada homem que certamente precisa, como enfatiza o documento, do arraigamento na comunidade para ser ele mesmo. É maravilhoso que uma única palavra - integralidade - seja capaz de tanta sabedoria e, entre outras coisas, saiba como nos lembrar da prudência exigida por um grande teólogo do século XX, Karl Rahner, que listava, entre os perigos do catolicismo do nosso tempo, a perda de singularidade.
Nada é por si só, nem a vida, nem a Terra (ou território), nem o tempo: tudo é de Deus. Tudo é sua criatura, por ele desejada e orientada para o horizonte último que é o arco dos braços acolhedores do Pai; é a abertura dos braços do crucifixo que ele estende na cruz ao máximo da abertura do amor; é a bolha invisível do amor do Espírito com a qual ele envolve todas as criaturas com um ato essencial para defendê-las e permitir que elas vivam com significado e felicidade. Se Deus está em todo lugar, ele abraça tudo e está presente em tudo; consequentemente, somos obrigados a ter grande respeito por todo elemento natural, não apenas humano, mas também animal, vegetal e mineral; no entanto, também isso não pode implicar nem a sombra de um vitalismo para além do Deus Vivente; nenhuma confusão com concepções animistas em contradição com a diferente presença do Espírito na história e na criação; por fim, nenhuma concessão a ideias imanentistas, que aliás não são necessárias para falar sobre a presença de Deus na Terra e no tempo dos homens.
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Uma leitura do ‘Instrumentum laboris’. Amazônia entre Terra e Tempo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU