24 Janeiro 2017
No começo desta manhã, multidões de mulheres usando chapéus rosas e carregando cartazes de protesto com dizeres do tipo “Estou com ela” e “O amor supera o ódio” reuniram-se em volta da Colina do Capitólio em Washington, DC, assim como em cidades por todo o país, em preparação à Marcha das Mulheres e outras atividades.
A reportagem é de Teresa Donnellan, publicada por America, 22-01-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Mais de 500 mil mulheres e homens compareceram para ouvir elas falarem sobre uma série de temas relacionados com a justiça social – desde a reforma imigratória até a responsabilidade ambiental. Embora a exclusão de grupos feministas pró-vida da lista de patrocinadores tenha desencorajado algumas católicas de se fazerem presentes na marcha, vários grupos de religiosas vieram defender suas respectivas causas sociais. A Irmã Simone Campbell, da NETWORK – organização não governamental dedicada à promoção da justiça social –, foi uma das que discursaram no comício que precedeu a Marcha das Mulheres.
Para alguns destes grupos católicos, o dia começou com uma missa na comunidade St. Peter, perto do Capitólio, que foi celebrada pelo Rev. Jordan Kelly, OP. O sacerdote salientou o fato de a Marcha cair exatamente na Festa de Santa Inês, quem, tendo devotado sua vida a Cristo contra o desejo de seu pai, caminho nua pela aldeia onde morava para declarar o seu noivado.
“Essa garotinha nos mostra a dignidade da feminilidade”, disse o padre, que também citou o trabalho das irmãs como uma influência poderosa em sua própria vida e na vida de outras pessoas.
O poder de Cristo pode transformar os corações e mentes dos homens e mulheres, disse ele à comunidade reunida prestes a partir em protesto.
Embora ele não tenha se preocupado com alguns dos cartazes mais “grotescos” que viu em seu trajeto até a igreja, certos cartazes e faixas o fizeram pensar: “Vocês conseguiram fazer uma pessoa pensar hoje”, acrescentando: “É um começo”.
A Irmã Deborah Troillett, das Irmãs da Misericórdia, esteve na missa com cerca de 15 companheiras de sua comunidade religiosa. “Estamos aqui à luz do nosso carisma de misericórdia”, disse ela. “Estamos aqui porque queremos ficar ao lado dos mais afetados pela divisão, pelo racismo e pela desigualdade que vemos no dia a dia”.
“Queremos ser fiéis ao chamado do Papa Francisco, de agir sem violência, de nos reunir pacificamente, em união, em oração, ancoradas em na crença no Evangelho e naquilo que Jesus nos convida a ser”, acrescentou Deborah. “Em sua carta ao presidente Trump, o Papa Francisco pediu que reivindiquemos os nossos mais profundos valores e o nosso respeito pela dignidade e liberdade humana. Portanto queremos nos colocar aqui junto das mulheres e de todas as pessoas que, de algum modo, experienciam a desigualdade ou a falta de oportunidade de viver a dignidade dada por Deus”.
A Irmã Patricia Chapell, das Irmãs de Notre Dame de Namur, caminhou ao lado de suas companheiras da ordem religiosa ao mesmo tempo participando do evento como diretora executiva do Pax Christi USA, movimento católico de paz e justiça nos Estados Unidos.
“Eu acredito nos ensinamentos sociais da Igreja Católica. Basicamente queremos dizer ao nosso presidente recém-eleito que nós, com certeza, acreditamos na justiça social”, disse a Irmã Patricia. “E, em particular, como mulheres estamos preocupadas com a polarização econômica e racial que vem sendo um subproduto do que aconteceu”.
“Nos reunimos em solidariedade para dizer que estamos marchando pelos direitos humanos, que estamos marchando pelos direitos civis, que estamos marchando para cuidar da criação e do clima, e que estamos também marchando porque não queremos a polarização racial ou religiosa”, continuou ela. “Estamos aqui para sermos uma frente unida, sólida”.
As Irmãs de São José, ordem dedicada ao trabalho pela justiça social, também participou na Marcha das Mulheres. A Irmã Helen Kearny, provincial da ordem em Brentwood, Nova Jersey, disse: “A nossa missão é a da unidade, e temos certeza de que estar aqui, com pessoas que respeitam a vida, a dignidade, que buscam a paz e a justiça, vai fomentar o bem comum, vai ajudar na luta pela defesa do meio ambiente, e que isso trará paz ao mundo, ajudando a evitar a discriminação e a pobreza”.
A Irmã Karen Burke, CSJ, que organizou a viagem de sua comunidade religiosa a Washington, acrescentou: “É importante para nós estarmos em união com todas as nossas irmãs, e saber que este é um grupo grande e diverso. Ver todas estas pessoas unidas renova as nossas energias para o trabalho que fazemos”.
“Acho que uma das coisas que podemos temer é que não ouvimos muito ‘Nós, o povo’ nessa eleição”, concluiu a Irmã Janet Kinney, CSJ. “Portanto é bem importante tentarmos costurar as lacunas entre a riqueza e a desigualdade que existem em todo o nosso país e ficarmos ao lado dos grupos marginalizados que precisam do nosso apoio e da nossa ajuda”.
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EUA. Irmãs participam ativamente da Marcha das Mulheres em Washington - Instituto Humanitas Unisinos - IHU