Brasil com mais de 10 mil mortes da covid-19 por semana, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

09 Março 2021

"Para interromper esta situação dramática, o Brasil precisa garantir um maior distanciamento social e avançar com o processo de vacinação. O país está atrasado. Assim, lastimavelmente, o mês de março deve bater todos os recordes negativos", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e pesquisador titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 08-03-2021.

 

Eis o artigo.

 

O Brasil está passando pelo pior momento da pandemia com a maior média móvel de 7 dias do número de casos e de mortes batendo todos os recordes. O montante de vidas perdidas para a covid-19 ficou em 10,4 mil óbitos na primeira semana de março, um número superior a 2 vezes todas as mortes da China que acumulou 4.636 mortes durante toda a pandemia.

Todavia, a tristeza não tem fim, já que o número de mortes deve ser ainda maior na semana que começa no Dia Internacional da Mulher. Já existem previsões estimando 3 mil mortes ao dia no Brasil. Com não existe controle da transmissão comunitária do vírus e como a vacinação está atrasada e caminhando em um ritmo lento, tudo indica que a pandemia vai continuar se espalhando pelo país ao longo de 2021 e o Brasil se tornará um celeiro de novas cepas do coronavírus, podendo haver multiplicação das mutações do SARS-CoV-2. Como disse o jornalista Jamil Chade: “O Brasil deixou de ser pária internacional para se transformar em ameaça global”.

O gráfico abaixo, agregando os dados do CONASS, mostra que o Brasil chegou a mais de 11 milhões de casos e a 265,4 mil vidas perdidas no dia 07 de março de 2021. O domingo bateu o recorde de casos (80,5 mil) e mortes (1.086) para este dia da semana. O coeficiente de incidência ficou em 5,2 mil casos por 100 mil habitantes e o coeficiente de mortalidade em 126,3 mortes por 100 mil habitantes. A taxa de letalidade ficou em 2,4%.

As médias móveis de 7 dias chegaram ao recorde de 66,8 mil casos diários e 1.496 mortes diárias. O quadro é desanimador e o Brasil está virando um epicentro da pandemia global. O Brasil que tem 2,7% da população mundial apresentou no domingo cerca de 20% dos casos e das mortes globais, ultrapassando inclusive os números diários dos EUA que eram o líder isolado na triste contabilidade da doença.

(Foto: EcoDebate)

O Brasil já ultrapassou os EUA e a União Europeia em número de casos e mortes por tamanho da população. Os gráficos abaixo, do jornal Financial Times, mostram que os coeficientes diários de incidência (gráfico da esquerda) e de mortalidade (gráfico da direita) do Brasil estavam mais baixos, mas ultrapassaram os valores dos EUA e da União Europeia.

(Foto: EcoDebate)

O gráfico abaixo, da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra, que ao contrário do Brasil, o número de casos semanais da covid-19 no mundo diminuíram muito desde o início de janeiro, embora tenha estabilizado nas 3 últimas semanas. Na semana de 03 a 09 de janeiro aconteceram 728 mil casos diários e caiu para cerca de 380 mil casos nas últimas semanas.

(Foto: EcoDebate)

O gráfico abaixo, também da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que o número de mortes estão diminuindo consistentemente. Até o final de janeiro o número diário de vidas perdidas estava em torno de 14 mil óbitos diários, mas caiu nas semanas seguintes e ficaram abaixo de 9 mil óbitos diários na semana passada.

(Foto: EcoDebate)

O gráfico seguinte, do jornal Financial Times, faz um apanhado do número de mortes desde o mês de março de 2020 por regiões. Nota-se que a primeira onda teve um pico em abril com cerca de 7 mil mortes diárias. Este número caiu nos meses seguintes, mas uma segunda onda começou em novembro com o pico em janeiro. No mês de fevereiro houve redução no número de vidas perdidas. A Europa e os EUA concentraram a maior parte das mortes até abril de 2020, a América Latina virou um epicentro nos meses seguintes, mas a Europa e os EUA voltaram a apresentar os maiores números. Todavia, com o fim do inverno no hemisfério norte as mortes estão com tendência de queda, enquanto na América Latina estão com tendência de alta.

(Foto: EcoDebate)

As mulheres estão sendo profundamente afetadas pela pandemia e o Dia Internacional das Mulheres deve ser um momento de reflexão e de mobilização, mesmo que virtual, para mudar esta situação.

Referências:

ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020. Disponível aqui.

ALVES, JED. A covid-19 bate todos os recordes globais em novembro, Ecodebate, 16/11/2020. Disponível aqui.

ALVES, JED. O impacto mortal da covid-19 sobre a economia e a demografia brasileira, ANPOCS, 11/05/2020. Disponível aqui.

ALVES, JED. Passado, Presente e Futuro da Pandemia da Covid-19, Instituto Fernando Braudel, SP, 11/06/2020. Disponível aqui.

WEBINAR: O Futuro da Pandemia. Disponível aqui.

ALVES, JED. A covid-19 bate todos os recordes globais em novembro, Ecodebate, 16/11/2020. Disponível aqui.

José Gomes Temporão, Carlos Gadelha, José Eustáquio Alves e Alberto Carlos Almeida. Vacinas, Política, Economia e Desenvolvimento Tecnológico, Live, 28/01/21. Disponível aqui.


Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Brasil com mais de 10 mil mortes da covid-19 por semana, artigo de José Eustáquio Diniz Alves - Instituto Humanitas Unisinos - IHU