O fenômeno dos padres fisiculturistas e estrelas das redes sociais

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18 Setembro 2020

Eles treinam na academia todos os dias. Nas redes sociais, eles explicam: “A busca da forma física nos aproxima de Deus”.

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 17-09-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Padres fisiculturistas. Eles existem e, nas redes sociais, têm muitos seguidores. Principalmente nos Estados Unidos. Enquanto na Europa e na Itália há no máximo alguns padres que se dedicam ao boxe, lá não. Lá, alguns padres frequentam as academias por diversas horas por dia para levar seus músculos a um nível de desenvolvimento extremo. E também, dizem vários observadores, para contrapor, em relação a uma certa cultura queer, um vínculo mais estreito entre sacerdócio e virilidade.

Entre vários deles, há dois padres que têm mais seguidores online. Um realiza seu ministério em Miami. O outro é bispo auxiliar em Los Angeles.

Fazem-se muitas perguntas aos padres católicos, escreveu recentemente a The Tablet, mas uma pergunta é feita mais do que outras ao padre Rafael Capó: “E aí, padre, o que vai treinar hoje?”. Aos 52 anos de idade, o Pe. Capó, quase todos os dias, tira o seu clergyman para treinar na academia.

Apesar dos muitos compromissos, ele tenta treinar seis dias por semana, com uma mistura de levantamento de peso e cardio. E, embora prefira treinar sozinho, são muitas pessoas que, quando o veem, se aproximam dele para lhe fazer perguntas sobre a academia, mas também sobre o seu ministério sacerdotal.

A busca da forma física, explica, o aproxima de Deus. Ele diz: “Para muitos jovens, o mundo fitness se torna uma porta para muitas outras coisas que podem descobrir na Igreja”. E ainda: “Às vezes, são pessoas que absolutamente não estão nada ligadas à , mas que poderiam se interessar pelo esporte e pelo mundo do fitness, e esta se torna a porta para novas conversas e, assim, caminhos. E, como o Papa Francisco sempre repete, devemos acompanhar as pessoas onde elas estão e fazer a viagem com elas onde elas estão”.

O Pe. Capó começou a levantar pesos no colégio, na sua cidade natal, Porto Rico. No início, ele fez isso para implementar o atletismo, a atividade esportiva que realizava na época. Depois, levantar pesos se tornou a sua primeira atividade esportiva. Mas, enquanto isso, cresceu nele a ideia de ser padre: “Comecei a me dar conta da conexão interior entre exercício e espiritualidade, algo que já estava enraizado no meu estilo de vida, mas que começou a ficar mais evidente”, disse o Pe. Capó ao Catholic Review, mídia da Arquidiocese de Baltimore.

“Algumas pessoas começaram a me pedir para falar sobre isso. E assim comecei a desenvolver uma teologia do fitness e da espiritualidade. Tudo está conectado: corpo, mente, espírito e fazer atividades é uma forma de estar apto para o ministério, de estar apto para a vida, de estar apto para o reino de Deus.”

O Wall Street Journal escreveu recentemente sobre Dom Robert Barron: “Pode não parecer, mas ele é uma estrela das mídias sociais”, era a manchete do jornal, reiterando os seus 3 milhões de fãs que tem no Facebook e os 170 mil seguidores no Twitter. Seus vídeos no YouTube, por outro lado, foram vistos 40 milhões de vezes. Barron, aos 60 anos de idade, costuma falar sobre religião na NBC e colabora com a FoxNews e a CNN. Ele também pratica levantamento de peso.

Nos Estados Unidos, há quem defina os sacerdotes como ele de seguidores de uma corrente do machismo teológico. O teólogo Massimo Faggioli, professor de história do cristianismo da Villanova University, explica: “O fenômeno dos padres fisiculturistas fala de uma ideia de catolicismo muito inculturado e encarnado na cultura contemporânea, até mesmo por parte de um teólogo conservador como o bispo Barron. Essa mistura de catolicismo tradicional-devocional e o recurso às novas mídias sociais faz parte da tentativa da Igreja de recuperar o contato com um mundo juvenil amplamente pós-cristão. Mas também faz parte de uma certa ansiedade por parte do clero católico nos Estados Unidos em fornecer provas visíveis que tranquilizem (os outros e a si mesmos) sobre a masculinidade do padre, uma tentativa de rejeitar a cultura queer, de gênero e da fluidez das identidades sexuais. Mas é evidente que é um mundo no qual há algum tempo está em crise uma certa retórica de fachada sobre a forte masculinidade dos padres e seminaristas”.

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