Cardeal Dolan, de Nova York, envia livro sobre “o próximo papa” a cardeais de todo o mundo

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15 Julho 2020

O cardeal de Nova York, Timothy Dolan, enviou a cardeais de todo o mundo cópias de um livro que sugere as qualidades desejáveis em um futuro papa, em uma aparente ruptura com a antiga prática de que os mais altos prelados da Igreja Católica se abstenham de fazer campanha pública para possíveis candidatos ao papado.

A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 14-07-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Quatro cardeais de várias partes do mundo confirmaram ao NCR o recebimento do livro, enviado pela Ignatius Press com uma nota de Dolan. O livro é “The Next Pope: The Office of Peter and a Church in Mission” [O próximo papa: o ofício de Pedro e uma Igreja em missão], de George Weigel, lançado pela editora este mês.

(Foto: Divulgação)

Os quatro prelados, que falaram sob a condição de anonimato, expressaram preocupação com o fato de um membro do Colégio do Cardeais enviar um livro desse gênero enquanto, o atual pontífice, o Papa Francisco, pelo que se sabe, não está doente nem está pensando na renúncia.

“Muitos de nós ficamos sem palavras diante do fato de este cardeal estadunidense nos enviar o livro”, disse um dos cardeais.

“Temos um papa, e o nosso amado Papa São João Paulo II nos deu normas claras sobre um futuro conclave”, disse o prelado, referindo-se à constituição apostólica Universi Dominici Gregis, de 1996, que estabelece as regras que regem os conclaves.

A constituição proíbe expressamente que os cardeais discutam possíveis sucessores papais.

“(...) proíbo a qualquer pessoa, mesmo se revestida da dignidade cardinalícia, fazer negociações, enquanto o Pontífice estiver vivo e sem o ter consultado, acerca da eleição do seu Sucessor, ou prometer votos, ou, ainda, tomar decisões a este respeito em conciliábulos privados”, afirma o documento [n. 79].

A nota de Dolan que acompanha o livro de Weigel é datada de 9 de junho, assinada pelo cardeal e impressa em papel timbrado com o brasão do cardeal Dolan. Ela parece ter sido enviada a todos os 222 cardeais do mundo.

Dolan se dirige ao destinatário como “Sua Eminência, meu irmão cardeal” e afirma: “Sou grato à editora Ignatius Press por disponibilizar esta importante reflexão sobre o futuro da Igreja ao Colégio dos Cardeais”.

Em um comentário por e-mail ao NCR no dia 14 de julho, Weigel disse que seu livro “não contém uma única frase sobre um futuro conclave”.

“Nenhum candidato em potencial é nomeado, e nenhuma estratégia para o conclave é discutida”, afirmou o autor. “O livro é uma reflexão sobre o futuro do Ofício de Pedro naquela que o Papa Francisco chamou de Igreja ‘permanentemente em missão’. Ponto.”

Weigel também sugeriu que os interessados em saber se a ação de Dolan foi contra as normas relativas aos conclaves poderiam consultar os membros do chamado “grupo de Sankt Gallen, uma associação informal de cardeais que fizeram estratégias juntos após a morte de João Paulo II em 2005 sobre quem poderia ser o melhor sucessor papal.

Dolan e a Ignatius Press não responderam imediatamente aos pedidos de comentários sobre esta reportagem.

Weigel não propõe especificamente nomes de cardeais a serem considerados como um possível futuro papa em seu livro, mas sugere, sim, características e qualidades que seriam desejáveis no próximo pontífice.

Weigel também faz várias críticas veladas a Francisco, incluindo a decisão do papa de não responder diretamente a uma carta de 2016 escrita por quatro cardeais aposentados questionando seus ensinamentos sobre a vida familiar, conforme enunciados em sua exortação apostólica Amoris laetitia (“A alegria do amor”).

Essa exortação era a resposta de Francisco a dois Sínodos dos Bispos, realizados em 2014 e 2015. Dolan fazia parte de um grupo de 13 cardeais que escreveu uma carta ao papa durante o segundo sínodo, expressando preocupação com o modo como Francisco havia organizado a reunião.

Com a morte ou a renúncia de um papa, todos os cardeais com menos de 80 anos têm a tarefa de se reunir em Roma para eleger seu sucessor. Atualmente, os cardeais eleitores são 122, incluindo Dolan.

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