A tecnologia que confina o humano. Entrevista especial com Marildo Menegat

Foto: Petras Gagilas | Flickr_CC

Por: João Vitor Santos | 29 Mai 2019

Quem já não se pegou boquiaberto com as respostas da assistente virtual Siri, da Apple, ou outra assistente qualquer como a Bia, do banco Bradesco? Mais do que dar a impressão de que já vivemos o futuro em que homens e máquinas convivem a todo instante, esses robôs revelam muito sobre a evolução humana no contexto da revolução 4.0. E essa revolução pode evidenciar algo não tão positivo. Para o professor Marildo Menegat, é preciso superar esse deslumbramento e sedução pela tecnologia para de fato apreender o que ela tem feito com nossa humanidade. “Os boots falam, mas não lhes pergunte se o tempo está bom, ou se andam estressados com tanto trabalho. Eles delimitam a conversação na resolução de uma mediação na qual você mesmo se torna a representação de uma coisa, no caso, o dinheiro-consumidor”, observa. Ou seja, podemos afirmar que ela confina a relação na base do estímulo-resposta, sujeitando o próprio humano, aquele que interage com a máquina. “As pessoas vão desaprendendo a riqueza e a inteligência presente no uso cotidiano da linguagem. Para falar com máquinas ninguém precisa decorar mais do que uma única oração”, acrescenta.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Menegat ainda acrescenta que “o atual domínio da técnica confina não apenas a linguagem, mas a imaginação e as capacidades sociais a um estreito cubículo”. É isso que o professor considera quando fala que a vida, em tempos de revolução tecnológica, se esvai pelo ralo. “A reflexão que talvez se deva fazer urgentemente é a desmistificação da aura da técnica. Ela não é uma esfera neutra, uma mera ferramenta no desenvolvimento das relações sociais, mas a expressão de um tipo de relação social em que as capacidades humanas devem ser esvaziadas de suas potencialidades e submetidas a uma lógica impessoal de dominação”, provoca.

Assim, para ele, a Inteligência Artificial, fruto da revolução 4.0, nada mais é do que uma prefiguração das forças do capital que não apenas reduzem postos de trabalho, mas também sujeitam pessoas a uma relação de consumo de forma autômata. “A desgraça social que a crise estrutural do capital produz, se combina e amplia na destruição da natureza. Em ambos os casos, as técnicas de ponta estão na base do desastre”, aponta. Para reagir e evitar a extinção da vida humana, sugere dois movimentos: “o primeiro seria impedir esta transmutação da espécie em um ser híbrido que passe a ser o ponto ex-humano da pós-natureza. O segundo é criar um modo social de produção da vida não mais mediado pela produção de mercadorias e pelo dinheiro, isto é, não mais dominado pelo tempo abstrato da acumulação de capital”.

Marildo Menegat (Foto: IEA|USP)

Marildo Menegat é graduado, mestre e doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Realizou estágio pós-doutoral na Universidade de São Paulo - USP. É professor no Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ.

Menegat vai proferir a palestra “A vida pelo ralo. A existência humana no tempo da inteligência artificial”, na próxima quarta-feira, dia 29-05, no Campus São Leopoldo da Unisinos, dentro do “4º Ciclo de Estudos Revolução 4.0. Impactos nos modos de produzir e viver”, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU.

 

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como a Inteligência Artificial reconfigura a existência humana? E quais os desafios para compreender essa existência humana atravessada pela tecnologia?

Marildo Menegat – Há algo de sintomático na definição de um conceito como o de ‘existência humana’ no capitalismo. Tal conceito não se torna óbvio e autoevidente apenas porque existimos. Ele pressupõe em grande medida a capacidade de termos consciência das condições em que existimos. No século XVII, ainda na época da imposição dos fundamentos desta forma social, quando se apresentou definitivamente o entendimento de que Deus podia até ter criado o mundo, mas efetivamente não o governava, e que isso implicava, para os seres humanos, fazer escolhas que determinariam o seu destino, o pressuposto lógico de que deveríamos ser livres para fazer estas escolhas perturbou a filosofia ocidental.

Na mesma época, a nascente economia empresarial, como uma esfera apartada da vida social, mas que a comanda com imperativos draconianos, produzia fenômenos os quais um bom observador não poderia relegar à insignificância. Como pensar em termos morais as escolhas de um indivíduo submetido às leis da necessidade social, por exemplo, sem levar em consideração que ele depende totalmente do dinheiro para sobreviver – pouco importa sua origem? A ideia de que ‘leis ocultas’ da vida social impunham determinados comportamentos, como a obrigação de vender-se, que no início do capitalismo nada tinha de natural e, por isso, foi imposta a ferro e sangue, eclipsava a noção de liberdade que se pretendia como característica distintiva da modernidade.

No século XXI, pode parecer estranho um comentário crítico à vendabilidade humana, uma vez que é justamente a falta desta oportunidade de alienar sua autonomia que inferniza diariamente uma parcela imensa de indivíduos em todas as partes do mundo. Mas vender-se guarda esta situação de base em que precisamos nos tornar uma mercadoria, uma coisa, na forma de força de trabalho – pouco importa se físico ou espiritual –, que se submete a um domínio alheio à sua vontade para, ao fim, receber um punhado de moedas e realizar suas necessidades elementares. A existência nestas condições de vendabilidade, que deve ser a maior parte do tempo da vida de qualquer um, é um exercício de submissão acachapante, que apenas sustenta o sentido do processo social.

Transformar dinheiro em mais dinheiro

Uma definição abstrata de capital poderia ser dada pelo seguinte enunciado: um esforço permanente de transformar dinheiro em mais dinheiro. Todos os meios devem dobrar-se a este fim. Não apenas a existência humana deve ser vivida como um meio para esta finalidade, mas a técnica também não passa deste pressuposto. Desse modo, há uma relação intrínseca entre a técnica e as necessidades de se fazer com que o processo de produção de mercadorias, que submete nosso tempo social, crie mais valor. A tendência é naturalizarmos tudo.

O capitalismo é um imenso experimento pavloviano, os indivíduos estão sempre coagidos a se adaptarem a novas situações. Por isso, quando surgem novas tecnologias, o “correto socialmente” é aceitá-las com entusiasmo. A figura do indivíduo progressista, que o cinema hollywoodiano representou – e talvez ainda represente – é uma encarnação deste sujeito entusiasmado pela técnica e, portanto, preparado e desejoso dos novos passos da acumulação de capital. Esta adaptação envolve também fazer as ideias andarem no trilho em que todas as coisas se movem. Se você por acaso ler um desses manuais sobre a quarta revolução industrial, vai observar perplexo que o mesmo autor que lhe diz que o lado negativo desta transformação é uma grande perda de empregos, em todas as áreas, na linha seguinte estará lhe dizendo que o lado positivo é que estas novas técnicas aumentarão seu tempo livre para o lazer...

Para a Inteligência Artificial, por exemplo, qualquer especialista razoável sobre o tema sabe que é um salto, não no escuro, pois esta é uma imagem banal neste caso, mas para dentro de um desses buracos negros do universo. Uma figura insuspeita como Stephen Hawking [1] dizia que ‘o impacto imediato da IA dependia de quem a controlava, e que a longo prazo ela dependerá de se pode ser controlada’. Pergunto, depois de tudo o que já sabemos de casos como Cambridge Analytica [2], você confia em quem hoje controla o desenvolvimento de um aspecto essencial da IA, que é o comportamento humano induzido por meio da interação em rede? Imagine então quando nos depararmos com este prognóstico inevitável que é a autonomização decisória da IA?

IHU On-Line – Mas em que consiste especificamente a IA?

Marildo Menegat – Num sistema integrado de máquinas-robôs com sensores avançadíssimos que poderão fazer melhor do que os seres humanos aquelas tarefas necessárias para a continuidade da acumulação de capital e, ato contínuo, poderão decidir com mais rapidez e precisão do que seres humanos quais os passos a serem dados para isso. Como na racionalidade imanente do capital, que estrutura a vida social, o ser humano é um suporte, um meio, e como a máquina também é um meio para os fins absolutos da transformação de dinheiro em mais dinheiro, lhe pergunto: qual seria a natureza das decisões que o autômato da IA tomaria?

Recentemente em Fukushima (2011), no Japão, uma usina nuclear foi atingida pela onda de um tsunami e entrou em ‘default’. A radioatividade começou a se espalhar imediatamente. Algo semelhante ocorreu na ex-URSS em 1986, com Chernobyl. São dois assustadores indícios do quanto as usinas nucleares são um perigo para a sobrevivência da humanidade. Mesmo assim, existe hoje no mundo em torno de 440 dessas usinas – em construção ou em funcionamento. Elas serão controladas – e em parte já o são – por sistemas de IA. Qual o imperativo que estes robôs seguirão diante de desastres: sustentarão a continuidade dos negócios – que, lembro ao leitor, fazem parte dos axiomas básicos do seu funcionamento, uma vez que eles são desenvolvidos exatamente para reduzir custos e ampliar ganhos – e, para isso, esconderão os riscos que estes vazamentos de radioatividade produzem, ou defenderão a preservação da vida humana – que está fora destes axiomas, pois representa um aumento insuportável dos custos para a economia de uma empresa ou de um país? Num acidente nuclear, as primeiras horas são decisivas para salvar milhares de vidas, assim como para levar ao colapso as ações da empresa proprietária da usina na bolsa de valores. A IA é a usina ligada ao escritório da empresa conectado com as bolsas de valores.

Smartphone, a prótese da inteligência humana

Um indivíduo adaptado ao seu tempo não pode prescindir do uso das tecnologias elementares do sistema de IA, como um smartphone. Esta prótese da falecida inteligência humana é um sensor e uma entrada avassaladora de informações sobre o seu proprietário num ambiente – a princípio – impessoal. Desde o primeiro segundo em que se está conectado a um desses robôs de uso pessoal, a intimidade desta pessoa passa a ser parte do sistema, mesmo que ela não queira. As pessoas são rastreadas o tempo todo, podem ser localizadas em segundos, o sistema conhece suas preferências, mas elas não oferecem qualquer contrariedade a isso tudo. Parece que a intimidade não tem mais sentido social ou existencial algum.

Observe que a máquina e o que você chamou de existência humana se fundiram, em favor da máquina, que representa melhor as necessidades do sistema da economia abstrata empresarial. Volta e meia ouve-se algum sociólogo ou psicólogo – sem prejuízo se for um filósofo – dizer que as pessoas estão se tornando apáticas, passam mais tempo olhando para a tela do seu androide do que para os olhos da pessoa amada – alguns vão até mais longe e declaram que talvez o amor não exista mais –, enfim, veja que esta é a teleologia bem-sucedida de um tipo de sociedade que apenas por um tempo suportou seres humanos, ao preço de transformá-los em supérfluos.

IHU On-Line – Hoje, a Inteligência Artificial está presente no cotidiano de muitas pessoas desde o contato com bancos até redes de varejo, através dos chamados boots humanoides ou robôs de assistência pessoal (vide a Bia, do banco Bradesco, e a Lú, da rede varejista Magazine Luiza, entre outros). Como observa a relação das pessoas no contato com essa tecnologia? Em que medida os usuários tencionam reflexões acerca da adoção da IA nessas relações?

Marildo Menegat – A Bia e a , assim como o Roberto da OI, ainda são personagens de um piquenique desta tecnologia. Soa algo descolado – é parte da tal identificação com o progresso. As pessoas acham uma ‘gracinha’. Num caixa eletrônico de banco essa interação adquire seu fundamento: um indivíduo qualquer realiza uma mediação essencial na modernidade, que é sacar dinheiro, pagar contas etc. Nesta mediação social não há troca de palavras. Este indivíduo pode repetir a mesma operação num mercado, numa loja – no Brasil o uso de caixas sem presença de funcionários anda atrasada, mas na Europa Ocidental, Japão e nos EUA isto é muito comum. De tal modo que é possível passar o dia sem pronunciar uma única palavra. Os boots falam, mas não lhes pergunte se o tempo está bom, ou se andam estressados com tanto trabalho. Eles delimitam a conversação na resolução de uma mediação na qual você mesmo se torna a representação de uma coisa, no caso, o dinheiro-consumidor.

Portanto, é a redução da linguagem a este momento empobrecedor da vida social. Uma troca entre coisas. Na contraparte a este contato, cada vez mais frequente, como você observa, as pessoas vão desaprendendo a riqueza e a inteligência presente no uso cotidiano da linguagem. Para falar com máquinas ninguém precisa decorar mais do que uma única oração. O ser humano, porém, se distinguia de todos os outros animais, justamente, pela capacidade de inventar universos por meio da linguagem, cujo uso alargava o espaço de sua realização e permitia a cada geração ampliar a experiência do que nos define.

O atual domínio da técnica confina não apenas a linguagem, mas a imaginação e as capacidades sociais a um estreito cubículo, uma espécie de domesticação que em muito se assemelha ao método que os grandes frigoríficos utilizam para criar animais para o abate. Na primeira parte da mediação, a máquina nos roga para deixarmos de lado o especificamente humano e nos concentrarmos na nossa representação de consumidor (dinheiro); na segunda, nos convencemos que o horizonte rebaixado do dinheiro é o zênite do pensamento humano.

Superando humanos

Depois do feriado do piquenique, vem a verdade deste processo. Parece que foi Turing [3] quem disse que ‘se as máquinas puderem pensar, elas certamente pensarão de forma mais inteligente que o ser humano’. Ele se referia especificamente a um fator constitutivo da IA, que é a capacidade de lidar com uma massa de dados, fazendo cruzamentos e combinações, que seriam impossíveis para qualquer inteligência humana. A complexidade destrutiva do capitalismo e a base decisória do seu futuro estão nesses dados. As decisões que a IA autonomizada deve tomar diante de cada impasse, como já foi dito, nada tem a ver com o bem-estar da humanidade.

A IA como técnica obedece cegamente aos princípios da economia, que passam a ser blindados contra qualquer fraqueza decisória humana. Neste sentido, ela aprofunda as tendências totalitárias da sociedade. A reflexão que talvez se deva fazer urgentemente é a desmistificação da aura da técnica. Ela não é uma esfera neutra, uma mera ferramenta no desenvolvimento das relações sociais, mas a expressão de um tipo de relação social em que as capacidades humanas devem ser esvaziadas de suas potencialidades e submetidas a uma lógica impessoal de dominação. Portanto, não é a humanidade que se realiza por meio destas técnicas, mas uma determinada finalidade desta sociedade destrutiva que é o capitalismo. Criar uma máquina com características humanas é um ideal desta forma social, sua imagem e semelhança. Robert Kurz [4] propôs submeter a técnica a uma ‘tábula rasa’. Todo sistema ou artefato técnico que não sirva aos fins da emancipação humana – que é o inverso do que determina as relações sociais da sociedade produtora de mercadorias – deveria ser deixado de lado.

IHU On-Line – Defensores e adeptos da Inteligência Artificial como ferramenta argumentam que ela nada é sem a presença humana. Que humano é presente nesse argumento? E qual a questão de fundo por trás desse argumento?

Marildo Menegat – Perdemos o chão que tornava a definição de humano, ao menos para alguns, autoevidente. Num livro recente, Francis Wolff [5] observa que a distinção entre deuses, animais e humanos, que os gregos estabeleceram, se desfez. As teorizações do pós-humano se baseiam justamente na possibilidade das técnicas atuais (nanociências, biotecnologias, informática e ciências cognitivas) modificarem profundamente o corpo, ampliando seu tempo de vida para idades centenárias, além de transformar as funções do smartphone, de uma prótese externa do cérebro, em algo internalizado e biologicamente adaptado ao ser híbrido que pretendem tornar esta matéria bruta que um dia foi a humanidade.

Portanto, quando se fala em presença humana, deve-se levar em consideração que já não existe um ponto seguro de referimento sobre o que se está falando. Pense no conceito de presença humana de um Donald Trump [6], que pretende separar os EUA da América Latina com um muro de milhares de quilômetros e reclama da fraqueza da Europa ao tratar com dubiedade milhões de refugiados que fogem das destruições cotidianas que o capital produz em seus países de origem. No caso de Bolsonaro a coisa é mais grave, porque ele não sabe o que é um conceito. A chamada nova direita representa um aprofundamento patológico do velho esforço ocidental de definição abstrata do humano. A violência contida nesta definição, que a extrema direita realiza cruamente, é a imposição do moderno patriarcado produtor de mercadorias (Scholz) como representante modelar da espécie. Nele se ancora, entre outras coisas, a abstração do processo social e seus horrores.

Mesmo assim, observe a tragédia deste tempo, em que, por alguma intuição secreta, para muitos, o humanismo clássico soa melhor do que aquilo que se pressente que está por vir. Parece que essa formulação do humanismo ainda preservava uma vaga ideia nostálgica da natureza, mesmo que, na cavalgada do progresso, ele tenha exigido que essa se integrasse num outro modo de produção social da vida que acabou, ao fim, por destruí-la quase completamente. A tensão atual prepara um passo além, o de uma pós-natureza (Villar Gomez), que uma vez dado, será sem volta.

As corporações do vale do Silício, como Google, Apple, Facebook, Tesla etc., financiam generosamente pesquisas nesta área. As intenções… são sempre – ao menos no enunciado – as melhores possíveis. O capitalismo precisa adequar as ideias ao seu curso. Esta adequação funciona como o modelo de uma bula de remédio. O que faz bem se exalta (nunca sem mentir), e os efeitos colaterais se varre para debaixo do tapete. Este é um princípio ético da irresponsabilidade, aceito com muita facilidade por indivíduos infantilizados.

IHU On-Line – De que forma o capitalismo se transmuta nesse tempo de Inteligência Artificial?

Marildo Menegat – A IA é uma técnica do capitalismo. Ela não coloca nada que já não seja parte das mazelas desta sociedade. Para se entender esta afirmação é necessário estabelecer a relação entre produção de valor, lucro e desenvolvimento da técnica. A competição entre os capitais particulares costuma ser vencida por aqueles que são capazes de reduzir seus custos de produção para vender mercadorias mais baratas. Esta é uma obsessão de todo empresário e uma exigência subliminar dos paradigmas tecnológicos. Quando um sistema novo de tecnologia é suficientemente acessível para substituir com ganhos o que nele será investido, componentes da produção, como novas máquinas, energias ou matérias-primas são substituídos com relativa rapidez.

Neste quadro, um dos elementos que são economizados sistematicamente é o uso de força de trabalho. Desde o século XVIII, as máquinas substituíram homens e mulheres na linha de produção. Com isso o capital reduz a quantidade de trabalho presente em cada mercadoria. Isso diminui também a quantidade de valor produzido, o que a médio e longo prazo afetará a lucratividade do capital total. Para evitar este drama se faz imperativo aumentar a quantidade de trabalho, aumentando a produção total de mercadorias, ampliando as fronteiras do mercado de consumidores e criando novas opções de investimentos em ramos da economia ainda inexistentes.

Uma fábrica altamente automatizada rapidamente cria um deserto econômico e leva ao colapso do sistema. Veja que contradição, o capitalismo tende a desenvolver ao máximo a técnica que poupa trabalho e reduz custos e, ao mesmo tempo, destrói as condições de possibilidade de continuar produzindo valor, portanto, de acumular capital. Sem trabalho humano no processo de produção em quantidade capaz de valorizar o capital investido, não há a menor possibilidade de se produzir mais-valor. Acaba-se criando um sistema de acumulação com soma zero, ou seja, se inviabiliza a possibilidade de realizar o fundamento lógico que impulsiona e dá sentido ao todo.

Custo marginal zero

O problema do ‘custo marginal zero’ dos novos produtos e serviços, baseados na quarta revolução industrial, já assombra empresários e economistas. Nos últimos anos em que estas técnicas passaram a ser usadas com relativa frequência, a produtividade das economias dos países centrais caiu! Com as tecnologias de aprendizagem automática e os novos sensores, está sendo possível criar sistemas de máquinas inteligentes interligadas que nem mais bom dia dão aos seus supervisores.

Foi Turing também, se não me engano, quem sugeriu que, para evitar que estes sistemas de máquinas autonomizados aterrorizem a vida social – o que pode vir a acontecer frequentemente no futuro próximo –, seria necessário, em última instância, a destruição da sua alimentação de energia. Observe para que lado a roda anda; se ele estivesse vivo hoje, certamente seria preso por propaganda terrorista e defesa de sabotagem! A automação das atividades essenciais dentro de uma unidade produtiva nos próximos cinco, seis anos pode ser total.

Desde os anos 1970, no entanto, quando as técnicas da terceira revolução tecnocientífica chegaram à maturidade do seu emprego em larga escala, o capitalismo iniciou um longo período de crise e colapso. A alteração que a quarta revolução irá produzir é acelerar este processo, amplificando em muito uma variável do seu caráter destrutivo: as situações sem volta.

IHU On-Line – O mundo do trabalho já vem sendo impactado pela tecnologia. Quais os desafios para, no caso específico do Brasil, um país em crise, gerar emprego, investir na tecnologia, mas sem sacrificar ainda mais postos de trabalho?

Marildo Menegat – A quarta revolução industrial não vai produzir uma ruptura das estruturas sociais, mas o seu colapso total. Precisamente, o que ela impulsiona é um aprofundamento de tendências já atuantes no período anterior. A perda significativa de empregos começou a ocorrer nos anos 1980. O conceito de desemprego estrutural, surgido nesta fase do capitalismo, é uma novidade teórica de largas consequências, que surge justamente para descrever algo contraintuitivo. Pela primeira vez se reconhece que o capital não tem mais condições de empregar toda a força de trabalho disponível e que tal situação nada tem de conjuntural.

Nos Grundrisse, Marx dizia, ainda no século XIX, que esta era uma possibilidade em curso, mas o marxismo tradicional sempre evitou levá-la a sério. Totalmente aderente à ideologia moderna do progresso, parecia – para esta modalidade dominante do marxismo – um contrassenso admitir que a certa altura do desenvolvimento desta sociedade, a percepção de uma história vocacionada a encontrar no futuro o verdadeiro e único paraíso, como diria Lasch [7], se transformava no seu inverso.

O que sabemos até agora é que a combinação de IA, robótica, internet das coisas, nanotecnologia, biotecnologia criam a possibilidade de ‘uma fusão das técnicas do mundo físico, digital e biológico’. Muitos artefatos desta fusão já estão habitando nosso cotidiano e muitos outros estarão prontos a partir da segunda metade dos anos 2020. O impacto destas mudanças no emprego é, nas palavras de um especialista do ramo (Schwab), um Armagedon. Algumas instituições como a Oxford Martin School estimam que até 47% dos empregos dos EUA irão desaparecer antes de 2030. A Organização Internacional do Trabalho - OIT e a consultoria McKinsey falam na perda de 400 a 800 milhões de empregos no mundo neste mesmo período.

Capitalismo e trabalho

Como disse anteriormente, o capitalismo não sobrevive sem o uso em grandes proporções de trabalho vivo produtivo. Esta situação atinge o limite absoluto da lógica-interna da criação de valor (Kurz), como vem ocorrendo sistematicamente nos últimos 40 anos. Observe que a crise estrutural na qual o capitalismo se afunda desde os anos 1970 encontra nestas criações técnicas um ponto tanto de amplificação do horror destrutivo como de aceleração e aprofundamento da crise. Se levarmos em consideração que este processo produtivo – que insiste em se prolongar por meio da promessa de ganhos futuros, simulada pelo capital fictício – requer uma destruição da natureza em que a distância entre cidade e campo não apaga mais a visibilidade de suas crateras, devemos reconhecer que não será nada auspiciosa a vida neste fim dos tempos que o mundo entrou.

Pensar em criar empregos neste limite crítico do capitalismo é o mesmo que rezar um pai-nosso no inferno. Entendo pouco dessas coisas, mas acho que os anjos da guarda já zarparam para outras paisagens. Estamos sós e precisamos encontrar outras saídas, sem as promessas falsas que a economia empresarial e sua tecnologia criaram. Talvez seja mais produtivo se pensar como, o que um dia chamamos de previdência social, poderia se tornar uma renda universal cujo valor mínimo não deveria ser menos do que U$ 15 dólares diários; além disso, deveríamos pensar se ao invés de ‘garantir’ os direitos trabalhistas, não seria mais interessante se criar uma nova geração de direitos que começariam por uma drástica redução da jornada de trabalho sem redução do salário. Poderíamos também acrescentar uma série de medidas já articuladas com a proposta da tábula rasa de Kurz, e desativar imediatamente todas as linhas de produção de armas, energia nuclear, técnicas ligadas à IA, nanotecnologia etc., assim como a produção de automóveis e aviões.

Paralisar de modo irredutível qualquer tipo de produção a partir do pacote tecnológico do agronegócio, promovendo uma reforma agrária invertida, ou seja, abrindo espaço para que quem vive na cidade e deseja mudar para o campo, em novas modalidades de produção, não mais fundadas na mercadoria e no dinheiro, pudesse fazê-lo. Precisamos também esvaziar as prisões, elas são a verdade cruel destes tempos. As grandes massas encarceradas foram as primeiras vítimas inconscientes deste desmoronamento social e do desemprego estrutural. As funções do Estado deveriam ser definitivamente assumidas por formas federadas de auto-organização da sociedade. Isso pode parecer uma loucura que levaria a economia ao colapso, mas, observe bem, este colapso é inevitável e já está em curso. Se o aceitarmos passivamente, ele irá produzir uma sorte de sofrimentos humanos insuportáveis e irreversíveis. O que aqui vai sugerido são algumas medidas que ajudem a pensar para fora deste modo social de produção e que sejam capazes de preservar minimamente a vida em sociedade antes do ‘Armagedon’ da quarta revolução.

IHU On-Line – O senhor acredita que seja possível reverter a lógica capitalista de expropriação do planeta através dos usos e lógicas da tecnologia de ponta? Por quê?

Marildo Menegat – Talvez um dos experimentos mais interessantes na atualidade seja a agrofloresta. Se o considerarmos não como a marca de um ‘guru’, ou a proposição de um grupo de bons moços que querem produzir mercadorias saudáveis para a classe média, mas uma construção a partir de saberes de muitas fontes, como as indígenas, a agricultura camponesa, e os saberes das ciências da terra que não se adaptaram à performance produtivista do capital, veremos que a reversão a que você se refere não está no campo das tecnologias de ponta. As técnicas de ponta no capitalismo têm seu canteiro de gestação nas guerras, e somente depois elas chegam para o uso civil. Poderia dar muitos exemplos, mas fiquemos com dois: o avião jamais teria sido o sucesso comercial que foi — e em tão curto tempo — não fossem a escala das encomendas e o uso estratégico desta arma na I e II Guerra Mundial; o GPS ainda era uma tecnologia dando os primeiros passos quando foi usado na guerra dos Bálcãs, nos anos 1990.

Estas técnicas foram criadas para produzir e reagir a uma atmosfera destrutiva. Como boa parte da técnica, são um artefato de combate. Não sei se você já observou no que resultaram anos seguidos e intensos de produção agrotóxica e mineradora no cerrado, na mata atlântica ou na Amazônia. Uma paisagem em diversos aspectos de terra arrasada. Mariana e Brumadinho são ruínas produzidas por este processo de modernização. O Brasil já possui mais de um milhão de hectares desertificados. A destruição tão precoce destes biomas foi realizada por técnicas de ponta. O agronegócio não tem nada de arcaico, como sugere a esquerda ‘progressista’. As técnicas da revolução verde surgiram depois da II Guerra Mundial, e foram em grande medida um dos destinos da indústria química, que havia produzido, no caso alemão, os gases que foram usados nos campos de extermínio e toda uma geração de armas químicas. Ela hoje está conectada com as inovações da quarta revolução e as necessidades do capital fictício neste tempo-espaço de crise em que vivemos.

Pós-natureza

Os ciclos da natureza são demasiado lentos para as necessidades dos ciclos da valorização do capital. Por isso, a pós-natureza é uma forma de vida criada em laboratório, geneticamente modificada e que realiza ciclos acelerados de reprodução – mais de duas safras ao ano, produção de frutas fora da estação etc. Para o espectro danificado a que foram reduzidos os indivíduos urbanos, vivendo na fenda da ruptura que o capitalismo cria no obrigatório metabolismo com a natureza, isso pode parecer um grande feito, mas é um desastre. Neste caso, a natureza é reduzida a um acelerado processo de abstração e destruição, realizado para os fins exclusivos da valorização do capital.

Com estas novas técnicas não se reduziu a fome no mundo, antes o contrário, nunca houve tanta gente passando fome ao mesmo tempo em tantas partes diferentes do planeta. Como sempre, são as necessidades do capital que se realizam com a tecnologia, enquanto a humanidade sofre sorte semelhante à da natureza, sendo reduzida a uma dominação grotesca e, numa velocidade de tirar o sono, se autodestruindo. Neste sentido, a desgraça social que a crise estrutural do capital produz, se combina e amplia na destruição da natureza. Em ambos os casos, as técnicas de ponta estão – não por serem técnicas em si, uma vez que não se trata de uma crítica tecnofóbica – na base do desastre, pois são o meio totalmente adequado à afirmação tautológica do capital, de transformar dinheiro em mais dinheiro.

IHU On-Line – Quais os desafios para compreender o campo da economia política de hoje, atravessado pelas lógicas de novas tecnologias?

Marildo Menegat – O maior desafio é entender que o capital desenvolveu uma base tecnológica de produção que não cria mais valor suficiente para valorizar a totalidade do capital acumulado. A eliminação de trabalho vivo produtivo foi tão grande que um emprego (na indústria) nestas novas bases técnicas custa em média mais de 100 mil dólares e a tecnologia aplicada fica obsoleta muito antes do seu fim útil. Portanto, é um investimento que não se paga, a não ser que ele venha articulado a um processo de valorização por meio de capital fictício no mercado de ações.

As grandes corporações somente têm lucros com a venda de ações, e não mais com a produção em suas fábricas. Nas ações se vende a promessa de um ganho futuro, com isso se paga hoje, por meio de um dinheiro sem substância nenhuma, um lucro que jamais existirá. Quando este dia futuro costuma chegar, abre-se o tempo das crises que se acumulam, sem qualquer possibilidade de superação, como a de 2001 e 2008, para ficarmos nas mais recentes. Esta situação assinala um ponto de senilidade incontornável do capitalismo. A sua história há décadas é a de crise sem horizonte de expectativa de superação.

Em diversas ocasiões, Marx afirmou que o capital é um processo social autocontraditório. É uma forma social que, no mesmo processo, tende a um movimento permanente de autolimitação e de supressão destas barreiras que a impedem de seguir amplamente o seu objetivo. Esta tendência vai se manifestando por meio da queda da taxa de lucro a cada vez que se generaliza um determinado paradigma tecnológico, até o ponto em que estas bases tecnológicas são tão elevadas que reduzem a algo irrelevante a quantidade de trabalho por mercadoria. Isso se torna um limite interno absoluto e intransponível para a continuidade da existência desta sociedade. O capital eliminou, com este desenvolvimento, o tempo de trabalho como base da medida da riqueza social. Como este limite lógico foi atingido com a revolução da microeletrônica nos anos 1980, agora chegamos ao tempo histórico em que este limite abstrato se apresenta fenomenicamente por meio de catástrofes cada vez mais incontornáveis.

IHU On-Line – Como, nos tempos atuais, evitar que a vida humana, ou o humanismo em específico, se esvaia pelo ralo, mas sem reeditar a barbárie de lógicas que levaram à ascensão do fundamentalismo no passado?

Marildo Menegat – A vida humana corre um sério risco de extinção, ao menos como a conhecemos até hoje. Ela não pode ser reduzida ao humanismo, que foi apenas uma determinada interpretação da potencialidade de suas capacidades. O humanismo burguês sempre dependeu de uma forma específica de socialização baseada no moderno patriarcado produtor de mercadorias que, para existir, precisa que as qualidades particulares das coisas sejam abstraídas.

O humano teorizado pelo humanismo ocidental é a projeção das características de um tipo: o homem branco. São estas qualidades que se projetam como características abstratas para toda a espécie. A humanidade é (ou foi) bem mais complexa do que esta definição. Assim como as bananas, o ser humano tem seu preço definido pela mesma fórmula abstrata que define o seu conceito. No capitalismo, todos homens são indivíduos sem qualidades, como já observou Robert Musil [8].

Evitar que a existência humana se esvaia pelo ralo implica em dois movimentos de largas proporções. O primeiro seria impedir esta transmutação da espécie em um ser híbrido que passe a ser o ponto ex-humano da pós-natureza. O segundo é criar um modo social de produção da vida não mais mediado pela produção de mercadorias e pelo dinheiro, isto é, não mais dominado pelo tempo abstrato da acumulação de capital. O colapso em curso do capitalismo e seu crescente totalitarismo deveria nos inspirar para de fato irmos além desta forma social que certa feita Marx considerou como uma pré-história da humanidade.

 

 

Notas:

[1] Stephen William Hawking (1942-2018): foi um físico teórico e cosmólogo britânico reconhecido internacionalmente por sua contribuição à ciência, sendo um dos mais renomados cientistas do século. Doutor em cosmologia, foi professor lucasiano emérito na Universidade de Cambridge, um posto que foi ocupado por Isaac Newton, Paul Dirac e Charles Babbage. Foi, pouco antes de falecer, diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica (DAMTP) e fundador do Centro de Cosmologia Teórica (CTC) da Universidade de Cambridge. Seus trabalhos científicos incluem um teorema sobre a singularidade gravitacional no âmbito da relatividade geral (em colaboração com Roger Penrose) e a previsão teórica de que os buracos negros emitem radiação, frequentemente chamada de Radiação Hawking. Hawking foi o primeiro cientista a estabelecer uma teoria da cosmologia explicada pela união da teoria geral da relatividade e da mecânica quântica. Ele foi um defensor fervoroso da interpretação de muitos mundos na mecânica quântica. Hawking alcançou sucesso comercial com vários trabalhos nos quais ele discute suas próprias teorias e cosmologia em geral. (Nota da IHU On-Line)

[2] Cambridge Analytica: foi uma empresa privada que combinava mineração e análise de dados com comunicação estratégica para o processo eleitoral. Foi criada em 2013, como um desdobramento de sua controladora britânica, a SCL Group para participar da política estadunidense. Em 2014, a CA participou de 44 campanhas políticas. A empresa é, em parte, de propriedade da família de Robert Mercer, um estadunidense que gerencia fundos de cobertura e que apoia muitas causas politicamente conservadoras. A empresa mantinha escritórios em Nova York, Washington, DC e Londres. Em 2015, tornou-se conhecida como a empresa de análise de dados que trabalhou inicialmente para campanha presidencial de Ted Cruz. Em 2016, após a derrota de Cruz, a CA trabalhou para a campanha presidencial de Donald Trump e também para a do Brexit, visando a saída do Reino Unido da União Europeia. (Nota da IHU On-Line)

[3] Alan Mathison Turing (1912-1954): matemático inglês. Idealizou a “máquina de Turing”, antecessora dos computadores, capaz de calcular qualquer função matemática mediante um determinado conjunto de instruções. (Nota da IHU On-Line)

[4] Robert Kurz (1943-2012): sociólogo e ensaísta alemão, cofundador e redator da revista teórica Krisis – Beiträge zur Kritik der Warengesellschaft (Krisis – Contribuições para a Crítica da Sociedade da Mercadoria). A área dos seus trabalhos abrange a teoria da crise e da modernização, a análise crítica do sistema mundial capitalista, a crítica do Iluminismo e a relação entre cultura e economia. É autor de O Colapso da Modernização (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993) e Os Últimos Combates (Petrópolis: Vozes, 1998). A IHU On-Line entrevistou Kurz na 98ª edição, de 26-4-2004, sob o título A globalização deve se adaptar às necessidades das pessoas, e não o contrário. Na edição 161, de 24-10-2005, Kurz concedeu a entrevista Novas relações sociais não podem ser criadas por novas tecnologias. Confira, ainda, as entrevistas O trabalho abstrato se derrete como substância do sistema, publicada na edição 188 de 10-7-2006, e O vexame da economia da bolha financeira é também o vexame da esquerda pós-moderna, publicada na edição 278 da IHU On-Line, de 21-10-2008, disponível em . Leia também uma entrevista sobre seu legado, concedida por Ricardo Antunes e Dieter Heidemann à IHU On-Line, intitulada Um crítico da economia política, publicada na edição número 400, de 27-8-2012 (Nota da IHU On-Line)

[5] Francis Wolff: filósofo e professor da École Normale Supérieure (Paris). De 1980 a 1984, lecionou Filosofa Antiga na Universidade de São Paulo. É autor de diversas obras, dentre as quais destacamos Sócrates (Brasiliense, 1982), Dizer o mundo (Discurso Editorial, 1999) e Aristóteles e a política (Discurso Editorial, 1999). (Nota da IHU On-Line)

[6] Donald Trump (1946): Donald John Trump é um empresário, ex-apresentador de reality show e atual presidente dos Estados Unidos. Na eleição de 2016, Trump foi eleito o 45º presidente norte-americano pelo Partido Republicano, ao derrotar a candidata democrata Hillary Clinton no número de delegados do colégio eleitoral; no entanto, perdeu no voto popular. Entre suas bandeiras estão o protecionismo norte-americano, por onde passam questões econômicas e sociais, como a relação com imigrantes nos Estados Unidos. Trump é presidente do conglomerado The Trump Organization e fundador da Trump Entertainment Resorts. Sua carreira, exposição de marcas, vida pessoal, riqueza e modo de se pronunciar contribuíram para torná-lo famoso. (Nota da IHU On-Line)

[7] Christoph Lasch (1932-1994): historiador, moralista e crítico social americano. É autor de, entre outros, A cultura do narcisismo: a vida americana numa era de esperança em declínio (Rio de Janeiro: Imago, 1983); O mínimo eu: sobrevivência psíquica em tempos difíceis (4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987); Refúgio num mundo sem coração: a família - santuário ou instituição sitiada? (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991); Christopher. A rebelião das elites e a traição da democracia (Rio de Janeiro: Ediouro, 1995) e A mulher e a vida cotidiana: amor, casamento e feminismo (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999). (Nota da IHU On-Line)

[8] Robert Musil: escritor austríaco, autor do célebre O homem sem qualidades (2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989). (Nota da IHU On-Line)

 

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