Setores com maior número de acidentes de trabalho aumentam postos de emprego no Vale do Sinos

  • Quinta, 4 de Agosto de 2016

A participação dos setores da indústria de transformação e da construção civil cresceu nos últimos meses com o aumento de postos de emprego nesses setores. Em junho de 2016, os dois setores apresentaram juntos aumento de 416 postos de emprego formais no Vale do Sinos frente à redução de 355 postos nos outros 6 setores. Nesses dois setores, ocorre a maior parte dos acidentes de trabalho da região.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS, para verificar a movimentação no mercado de trabalho formal no Vale do Sinos em junho de 2016.

A tabela 01 apresenta a movimentação no mercado de trabalho formal do Vale do Sinos em junho de 2016. Houve movimentação positiva, com saldo de 59 postos de emprego.

Depois da redução de postos de emprego nos meses de abril e maio, houve aumento em junho, com elevação em 59 postos, sendo que os municípios de Campo Bom, Canoas e Sapiranga foram os que mais contribuíram para tal aumento.

Em Campo Bom, os subsetores econômicos que mais apresentaram aumento de postos de emprego foram indústria de calçados (+93), construção civil (+35) e indústria química de produtos farmacêuticos, veterinários e perfumaria (+33). Dos 25 subsetores econômicos por definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 11 apresentaram aumento de postos de emprego, e outros 10, redução. Outros 4 apresentaram saldo zero.

No município de Canoas, a construção civil contribuiu com o aumento de postos com saldo positivo de 216 postos. A indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico teve aumento de 40 postos, enquanto a indústria mecânica apresentou recuo de 60 postos.

Nos 6 municípios nos quais o saldo de postos foi negativo, a indústria mecânica também contribuiu com a redução. Mas subsetores como os comércios varejista e atacadista também foram afetados com redução crescente de postos de emprego. O subsetor de serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção, redação e afins obteve redução de 173 postos na região, sendo 74 em Novo Hamburgo.

Em São Leopoldo, município com o maior saldo negativo, redução de 134 postos, 18 subsetores obtiveram redução de postos de emprego e apenas 6 obtiveram aumento. O subsetor com maior redução foi o comércio varejista, com 57 desligamentos a mais que as admissões no mês.

Se comparado com o mesmo mês do ano anterior, junho de 2016 apresentou uma forte melhora no mercado de trabalho formal. De qualquer forma, nos últimos 12 meses, o saldo negativo já é de 13.995 postos de emprego, apesar de o acumulado de 2016 estar positivo, com aumento de 981 postos, sendo a maior parte da Indústria de calçados, que obteve sucessivos aumentos de postos de emprego.

tabela 02 apresenta a movimentação no mercado de trabalho formal do Vale do Sinos em junho de 2016 por setor econômico. Destacam-se os setores da construção civil e indústria de transformação como geradores de postos de emprego na região no mês.

Como já citado, a construção civil obteve aumento de postos na região muito em vista do aumento em Campo Bom, Canoas e Nova Santa Rita. O setor da indústria de transformação, que engloba todos os subsetores industriais, como a indústria de calçados e a indústria mecânica, obteve aumento de 216 postos, sendo que vários subsetores contribuíram para tal, com aumento de 142 postos na indústria de calçados, 97 na indústria têxtil do vestuário e 88 na indústria química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria.

A tabela 03 apresenta a intensidade na movimentação no mercado de trabalho formal do Vale do Sinos nos últimos 12 meses. Destaca-se que o período de maior número de admitidos foram os meses de fevereiro a abril de 2016, enquanto o de maior número de desligamentos foram os meses de julho e agosto de 2015.


A intensidade na movimentação apresenta a rotatividade que há no mercado de emprego formal da região, mas também se há um aquecimento ou desaquecimento do mercado. Desta forma, verifica-se que o número de admitidos tem voltado a cair nos últimos meses, apesar de ter apresentado o nível mais baixo em dezembro de 2015, com apenas 7.660 novos admitidos frente a 13.612 desligamentos, maior número desde setembro de 2015.

O mercado de trabalho formal está associado ao nível de atividade econômica do país e da região, mas também determina o nível de renda da economia, que subsequentemente é um determinante do nível de atividade econômica futuro. Além disso, a formalidade do trabalho permite maior saúde e segurança ao trabalhador, ampliando direitos sociais.

Outro fator observado nos últimos meses refere-se à baixa inserção dos jovens no mercado de trabalho formal e sua vulnerabilidade. Em países europeus, a faixa etária com mais desempregados é a dos jovens. No Brasil, e na região sul, o nível de ocupação, da faixa etária de 18 a 24 anos, é reduzido mais rapidamente do que nas outras faixas etárias, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD do IBGE.

Por Marilene Maia e Matheus Nienow