Crianças com baixo peso ao nascer no Vale do Sinos

  • Segunda, 5 de Agosto de 2013

O primeiro Objetivo do Desenvolvimento do Milênio (ODM), Erradicar a extrema pobreza e a fome, possui metas a serem atingidas até 2015. Uma das metas que compõem este Objetivo está relacionada à redução pela metade a proporção da população que sofre de fome, tendo como um indicador a Taxa de crianças com baixo peso ao nascer a cada cem nascidos vivos.

Na região do Vale do Rio dos Sinos todos os municípios estão distantes de alcançar esta meta, tendo como referência os dados públicos que disponibilizados pelo DATASUS, do Ministério da Saúde. Os municípios de Ivoti, Nova Hartz e São Leopoldo registraram um aumento de na taxa de crianças com baixo peso ao nascer tendo como referência os anos de 2005 e 2010.

Eloir Antonio Vial faz a análise deste indicador, a convite do Observasinos, e destaca  que este dado é “no setor saúde, dentre os inúmeros indicadores utilizados para medir a qualidade de vida da população, um dos mais importantes é o peso ao nascer, especialmente porque diz respeito à saúde reprodutiva das mulheres”.

Eloir é graduado em Enfermagem Bacharelado e Licenciatura Plena pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2006) e Filosofia pelo Centro Teológico do Maranhão (1987), possui Mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2009) e Especialização em Direito Sanitário pela Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul/Universidade do Vale do Rio dos Sinos/Università Degli Studi Roma Tre-Itália (2011).

Eis a análise.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o baixo peso ao nascer se caracteriza como aquele inferior a 2.500 gramas. O mesmo é um preditor do crescimento, da morbidade e da sobrevivência do recém-nascido, bem como, contribui para a mortalidade infantil.

No setor saúde, dentre os inúmeros indicadores utilizados para medir a qualidade de vida da população, um dos mais importantes é o peso ao nascer, especialmente porque diz respeito à saúde reprodutiva das mulheres.

Este indicador é um reflexo da qualidade da atenção prestada á gestante, englobando o estado nutricional durante o período gestacional, bem como, os fatores de exposição aos riscos. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o peso do recém-nascido está diretamente ligado ao estado nutricional materno. E segundo a OMS, a saúde, o crescimento e o desenvolvimento posteriores do recém-nascido dependem de seu peso ao nascer.

Ao tratar de peso ao nascer, variáveis prévias ao nascimento são observadas, como peso pré-gestacional e ganho de peso na gestação. Na primeira se obtém um prognóstico, podendo-se avaliar o risco inicial e, na segunda, acompanha-se o crescimento fetal.

Neste conjunto percebe-se o quanto as condições maternas são fundamentais. E os principais determinantes do peso ao nascer que se apresentam relacionados às condições maternas, são: idade, escolaridade, tabagismo, estado marital, ganho de peso na gestação e história reprodutiva.

Além das condições maternas, existe um diferencial, que é a atenção pré-natal. Um pré-natal bem realizado desde o início da gestação vai proporcionar condições de aporte às necessidades pontuais de cada gestante.

No caso do município de Canoas não é diferente do que mostram os estudos. Condições socioeconômicas e culturais, associadas a um pré-natal deficitário, seja por procura tardia ou por falhas na atenção por parte de profissionais dos setores privado e público, ainda acarreta em altas taxas de baixo peso ao nascer.

Assim sendo, o quadro atual oferece uma probabilidade acentuada de não serem atingidas as metas dos ODM da OMS propostas para 2015. Entretanto, um serviço sólido na atenção à saúde pré-natal, com profissionais capacitados e comprometidos com a saúde materna e infantil, pode ser o diferencial na busca de alçar as metas propostas.

Além disso, chama-se a atenção para a gestão dos recursos públicos. O gestor público contratualiza com o setor privado para que este preste serviços públicos de saúde, ou seja, o privado recebe recursos públicos par prestar serviços à comunidade dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta relação entre o público e o privado, no que tange aos recursos financeiros e à qualidade dos serviços, muito se tem ainda a avançar em questões de transparência e adequada aplicação dos recursos.