Produção agrícola varia pouco no Vale do Sinos

  • Sexta, 13 de Março de 2015

A partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e da Fundação de Economia e Estatística - FEE, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, reúne as informações sobre a produção de alimentos na região, que apresenta grande variedade de bens agrícolas e de produtos de origem animal. Esses dados são importantes e impactam a região, que tem características marcadamente urbanas. Conforme o Censo Demográfico de 2010, pode-se afirmar que 97,9% da população vivem em território urbano, e apenas 2,1% em território rural, significando 1,7% da população rural do estado do Rio Grande do Sul.

Produção de bens alimentícios

As bases de dados pesquisadas apresentam os principais bens agrícolas produzidos de cultura permanente e de cultura temporária. Conforme a metodologia adotada pelo IBGE, as culturas permanentes são aquelas de longo ciclo vegetativo, que permitem colheitas sucessivas, sem necessidade de novo plantio. Por outro lado, as culturas temporárias – segundo o IBGE – são aquelas cuja cultura é de curta ou média duração, geralmente com ciclo inferior a um ano, que após a colheita necessita novo plantio para produzir.

A tabela 01 apresenta os principais bens agrícolas produzidos no Vale do Rio dos Sinos e de cultura permanente. Destaca-se a produção de laranja, que, apesar de ter decrescido de 2012 a 2013, continua a mais expressiva na região. É possível observar através das bases de dados acessadas que municípios como Canoas e Sapucaia do Sul apresentam produções de bens alimentícios bem abaixo dos demais municípios do Vale do Sinos.

O maior produtor de laranjas da região é Portão, com 3.705 toneladas em 2013. Com 3.700 toneladas, Novo Hamburgo é o segundo maior produtor da região. Os dois municípios representam 74% da produção deste bem no Vale do Sinos. São Leopoldo é o terceiro maior produtor, com uma colheita de 510 toneladas. O Vale representa apenas 2,5% da produção do estado.

O mamão tem produção registrada em 4 municípios do Vale do Sinos. O maior produtor é Dois Irmãos, com 6 toneladas. Os municípios de Araricá, Nova Hartz e Sapiranga produzem 5 toneladas de mamão cada. O Vale do Sinos produz apenas 1,2% da produção do estado.

A produção de banana, apesar de ser maior que a de mamão, também não é muito expressiva no Vale do Sinos. O maior produtor em 2013 foi Nova Hartz, com 66 toneladas do produto, o que representa 30% da produção da região. O Vale do Sinos produziu 219 toneladas de banana em 2013. Apenas 0,2% da produção de banana do estado ocorre na região.

A produção de limão se destaca nos municípios de São Leopoldo e Portão. No primeiro a produção foi de 140 toneladas em 2013. Já em Portão a produção alcançou as 500 toneladas, valor que representa aproximadamente 54% da produção do Vale. Além disso, o município obteve de 2012 a 2013 um aumento de quase 14% em sua produção de limões.

A tabela 02 apresenta a produção de bens agrícolas de cultura temporária, aqueles cujo consumo é diário pela maioria das famílias. Dos 4 produtos listados, apenas o feijão tem uma produção pequena, com 515 toneladas produzidas em 2013. Entretanto, o feijão apresentou um aumento de produção de 51% de 2012 a 2013 na região. O município com a maior produção de feijão na região é Novo Hamburgo, com 145 toneladas. No município, o aumento da produção mais que dobrou, o que elevou a produção no Vale em 2013.

Sapiranga também dobrou sua produção de feijão de 2012 a 2013, passando de 62 para 130 toneladas. Os dois municípios de maior produção de feijão da região representam 53% da produção em 2013. Em 2012, eles representavam apenas 39% da produção.

A produção de milho apresentou aumento de quase 25% no período analisado. Em 2013, a produção alcançou as 6.411 toneladas. O maior produtor da região é Novo Hamburgo, com uma produção de 3.120 toneladas em 2013. Além disso, vale destacar que o aumento da produção no município foi de 97% de um ano para o outro.

As produções de arroz e de mandioca apresentaram leve queda entre2012 e 2013, mas continuam sendo os bens alimentícios com maior produção em toneladas no Vale do Sinos. Em 2013, foram produzidas 25.897 toneladas de mandioca no Vale do Sinos. O maior produtor da região para este produto em 2013 foi Novo Hamburgo, com 9.750 toneladas – 38% da produção da região. O segundo maior produtor foi Dois Irmãos, com 4.125 toneladas – 16% da produção da região.

Em 2013 foram produzidas na região 34.848 toneladas de arroz. O município com a maior produção foi Nova Santa Rita, com 27.300 toneladas – aproximadamente 78% da produção do Vale do Sinos. Outro destaque é que o único bem dos listados nas tabelas 01 e 02 produzido por Canoas é o arroz. Em 2013 foram produzidas 2.800 toneladas de arroz no município, fato que o deixa com a segunda maior produção de arroz no Vale, ao lado de Esteio.

A tabela 03 contém a produção de bens alimentícios de origem animal no Vale do Sinos. Nesta tabela, a produção de mel ganhou destaque, sendo que de 2012 a 2013 houve um aumento de 13% na produção. Em 2013, o Vale do Sinos produziu 93.173 quilos de mel, significando 1,2% do estado do RS. O maior produtor – com quase metade da produção do Vale – foi Novo Hamburgo, com 45.000 quilos de mel produzidos em 2013, um aumento de 6.000 quilos em relação ao ano anterior. O segundo maior produtor foi Ivoti, com 12.000 quilos produzidos em 2013.

Além disso, foram produzidas 902.000 dúzias de ovos de galinha e 655.000 dúzias de ovos de codorna em 2013, 7,3% do Rio Grande do Sul. Na produção de ovos de galinha, Novo Hamburgo também foi o maior produtor, com 383.000 dúzias produzidas. O segundo maior produtor foi Dois Irmãos, com 117.000 dúzias produzidas.

Na produção de ovos de codorna, Novo Hamburgo foi apenas o terceiro maior produtor, com 51.000 dúzias produzidas em 2013. O segundo maior produtor foi Sapiranga, com 185.000 dúzias produzidas. Os dois municípios produziram menos que em 2012. Já o maior produtor da região foi Dois Irmãos, com 394.000 dúzias produzidas para o ano de 2013.

A produção de leite obteve um pequeno aumento no Vale do Sinos, representando 0,4% do estado, justificado pela ampliação da produção do município de Portão. Esse município produziu 6.615.000 litros de leite em 2013 e obteve um aumento de produção de quase 400.000 litros de um ano para o outro. Novo Hamburgo com 2.936.000 litros e São Leopoldo com 2.160.000 litros foram o segundo e terceiro maior produtor da região, respectivamente.

A relação produção-inflação

Através da demanda e da oferta, os preços dos produtos variam, ajustando-se de acordo com o mercado. Assim, quando se aumenta a produção de determinado bem, a tendência inicial é que tal bem sofra um reajuste de valor negativo (perda de valor), a não ser que a demanda por este também aumente. Assim, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE publica mensalmente o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA em diversas regiões metropolitanas do Brasil. Através deste índice é possível observar a ‘inflação’ de determinados produtos por região e não apenas nacionalmente. Como o Vale do Sinos está inserido na Região Metropolitana de Porto Alegre, a análise a seguir está baseada nesta região, que engloba 34 municípios. O IPCA é medido mensalmente pelo IBGE, oferece a variação dos preços no comércio para o comprador final, sendo considerado o principal índice de inflação do país.

De 2012 a 2014 o IPCA registrou um aumento no Índice Geral. O índice de preço do arroz apresentou alta de 34% em 2012, mas em 2013 o índice recuou e ficou em –9% na Região Metropolitana de Porto Alegre. No mesmo período a produção de arroz no Vale do Sinos ficou estável. A mandioca e o mamão apresentaram um ciclo de aumento e queda de preços parecido ao do arroz. Assim como o arroz, os produtos apresentaram uma produção estável de 2012 a 2013.

O ovo de galinha, que também manteve sua produção estável, vem crescendo de preço de 2012 a 2014, no último com menor acentuação, apenas 2,56%. O leite, por sua vez, apresentou alta nos preços em 2012 e 2013, enquanto em 2014 recuou 13,25%.

Através de dados da exportação é possível analisar a produção de bens alimentícios no Rio Grande do Sul que são destinados à exportação e ao consumo interno. Segundo os dados do IBGE, os 4 produtos com maior exportação dentre os que foram abordados na análise são: banana, arroz, mel e milho.

O mel é o produto que mais se destina ao mercado externo. Em 2012, quase 28% da produção foi exportada, enquanto em 2013 o percentual de exportação foi de 51%. O milho também apresentou uma alta na taxa de exportação no estado. Em 2013, 2,7% da produção interna destinava-se ao mercado externo. Em 2013, este número aumentou e chegou aos 14,8%. Além disso, 11,4% das bananas e 10,9% do arroz produzidos no estado em 2013 foram destinados à exportação.