Número de estabelecimentos de trabalho cresce em 2015, mas vínculos são reduzidos no Vale do Sinos

  • Quarta, 24 de Abril de 2024

O número de estabelecimentos formais de trabalho cresceu 1,60% no Vale do Sinos de 2012 a 2015, com destaque para a construção civil, que obteve aumento de 30,11%. No entanto, vínculos formais foram reduzidos em 4,26%, sendo uma das ocupações com maior redução a de operadores de telemarketing, -59,12%.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS do Ministério do Trabalho para verificar a movimentação no mercado de trabalho no Vale do Sinos quanto ao perfil dos trabalhadores e estabelecimentos formais em 2015.

Em 2012, conforme dados da RAIS, o Vale do Sinos obtinha 380.131 trabalhadores e 32.976 estabelecimentos formais. Em 2015, o número de trabalhadores foi reduzido para 363.933 e o de estabelecimentos subiu para 33.505. Para além do número absoluto de trabalhadores e estabelecimentos, o perfil destes também se alterou ao longo do período de 2010/2012 a 2015.

A tabela 01 apresenta o número de vínculos e estabelecimentos formais de trabalho no Vale do Sinos em 2012 e em 2015. Apenas 4 municípios obtiveram aumento de vínculos, enquanto 11 apresentam aumento de estabelecimentos no período.

 
Em Nova Santa Rita ocorreu o maior aumento percentual de vínculos: 17,67%, seguido por Araricá, onde o aumento foi de 4,17%. Ambos os municípios também apresentaram aumentos percentuais no número de estabelecimentos, mas o maior aumento ocorreu em Portão, onde houve acréscimo de 10,65%.

Em Campo Bom, Novo Hamburgo e Sapiranga, municípios vizinhos, houve queda percentual de vínculos e de estabelecimentos, sendo a mais notável em Novo Hamburgo, município no qual a redução de estabelecimentos chegou a -2,05% e a de vínculos, a -5,43%.

A tabela 02 apresenta o número de vínculos dos estabelecimentos formais de trabalho no Vale do Sinos em 2010 e em 2015. Nota-se uma diminuição dos vínculos por estabelecimentos, com redução no número de estabelecimentos com mais de 50 empregados formais.

Tal redução acarreta outra realidade, que é a diminuição das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – CIPA, já que a obrigatoriedade da CIPA dá-se através do número de vínculos formais em cada estabelecimento que, de forma geral, corresponde a no mínimo 20 vínculos. Assim, o aumento de estabelecimentos com menos de 20 vínculos também aumenta o número de estabelecimentos sem CIPA, da mesma forma que a redução do número de estabelecimentos com mais vínculos implica em redução de estabelecimentos com estas comissões.

A maior queda do número de estabelecimentos foi justamente entre os maiores estabelecimentos, com destaque para redução de 16,13% nos estabelecimentos com 1.000 ou mais empregados.

O maior aumento, por sua vez, foi em estabelecimentos com 10 a 19 empregados: 12,77%, seguido pelos estabelecimentos sem empregados, cujo percentual cresceu 12,28%.

A tabela 03 apresenta a variação do número de estabelecimentos formais nos subsetores econômicos de 2010 a 2015 no Vale do Sinos. O subsetor que obteve o maior crescimento percentual foi o da construção civil, com 30,11%.

 
O subsetor de transporte e comunicações também obteve crescimento, 21,97%, além de outros 13 subsetores; 8 subsetores obtiveram redução percentual de postos de emprego, com destaque para a Extrativa Mineral com -17,95% e para a Indústria de calçados com -13,25%.

A tabela 04 apresenta a variação de 10 ocupações formais, conforme a Classificação Brasileira de Ocupações - CBO Família, que aumentaram e reduziram postos de emprego, percentualmente, de 2012 a 2015 no Vale do Sinos. Destaca-se a ocupação de operadores de telemarketing, que reduziu em 59,12% em apenas três anos, passando de 3.897 vínculos para 1.593 em 2015.

A ocupação de profissionais de direitos autorais e de avaliação de produtos dos meios de comunicação, que tinha 15 vínculos em 2012, não obteve nenhum vínculo em 2015. Por outro lado, a ocupação de técnicos marítimos, fluviários e regionais de máquinas passou de 1 para 10 vínculos.

A tabela 05 apresenta o sexo dos vínculos de trabalho formal nos territórios do Vale do Sinos em 2012 e em 2015. A redução percentual de vínculos foi maior entre os homens do que entre as mulheres na região.

Canoas destaca-se quanto à redução de vínculos ocupados por homens, -12,28%, frente ao aumento de vínculos femininos, 4,61%. No entanto, outros municípios também obtiveram aumento de postos ocupados por mulheres e redução por homens: Estância Velha e Sapucaia do Sul.

A tabela 06 apresenta a variação dos vínculos formais de trabalho nos territórios do Vale do Sinos de 2012 a 2015 por faixa etária. Os maiores aumentos ocorreram nas faixas etárias de 10 a 14 e de 65 anos ou mais.

A faixa etária de 10 a 14 anos apresentou aumento de 53,51% na região nos últimos 13 anos, seguida por aumento de 39% na faixa de 65 anos ou mais. Nesta última, todos os municípios da região apresentaram aumento percentual do número de vínculos formais de trabalho.

Em Araricá, o número de trabalhadores com 65 anos ou mais dobrou nos últimos 3 anos, e na região como um todo passou de 2.482 em 2012 para 3.450 em 2016.

A maior redução percentual ocorreu entre os trabalhadores de 18 a 29 anos, 13,80%. Em Esteio, a redução nesta faixa etária foi de 26,73%. No município, os vínculos nas faixas etárias de 15 a 17, 30 a 39 e 40 a 49 anos também foram reduzidos.

Por Matheus Nienow e Marilene Maia

206 mil pessoas desempregadas na RMPA em novembro

  • Quarta, 24 de Abril de 2024

Estima-se que 206 mil pessoas estejam desempregadas na Região Metropolitana de Porto Alegre - RMPA em novembro de 2016, o que indica 10,8% da população economicamente ativa. De outubro a novembro, houve redução de 1,4% no nível de ocupação, ocorrendo redução de 7,6% na indústria de transformação, ou seja, menos 22 mil ocupados.

O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, compartilha a nota da Fundação de Economia e Estatística – FEE sobre a movimentação no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre em novembro de 2016.

Eis a nota.

A taxa de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) se manteve estável em novembro de 2016, enquanto o nível ocupacional voltou a se retrair. O rendimento médio real referente ao mês de outubro de 2016 apresentou variações positivas para os ocupados e para os assalariados. Os dados integram a Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada nesta segunda-feira (19), pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

Ao todo, estima-se que 206 mil pessoas estejam desempregadas, o que corresponde a 10,8% da População Economicamente Ativa. O resultado sinaliza uma redução de três mil indivíduos em relação ao mês anterior e decorre da redução da ocupação (menos 25 mil pessoas, -1,4%) ter sido inferior ao número de pessoas que saíram do mercado de trabalho (menos 28 mil, -1,4%). Para a economista da FEE Iracema Castelo Branco, Coordenadora do Núcleo de Análise Socioeconômica e Estatística, “O nível ocupacional continua se retraindo em consequência da recessão econômica, desestimulando a procura por trabalho. A saída de pessoas do mercado de trabalho tem arrefecido o crescimento da taxa de desemprego”.

Com relação aos setores de atividade econômica, novembro registrou diminuição do nível ocupacional na indústria de transformação (menos 22 mil ocupados, ou -7,6%), no comércio; no setor de reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 8 mil ocupados, ou -2,3%), e na construção (menos 5 mil ocupados, ou -3,8%). Por outro lado, houve aumento nos serviços, com mais 14 mil ocupados (1,5%).

Houve redução de 32 mil (-2,7%) postos de trabalho assalariado, principalmente no setor privado (menos 24 mil), e, em menor proporção, no setor público (menos 7 mil, ou -3,5%). Novembro registra também retração dos empregos com carteira (menos 20 mil, ou -2,2%) e, em menor medida, do sem carteira (menos 4 mil, ou -4,2%). Houve aumento no emprego doméstico (mais 4 mil, ou 4,1%) e no agregado demais posições, que inclui empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração, profissionais liberais, etc. (mais 2 mil, ou 1,1%), além de variação positiva entre os trabalhadores autônomos (mais 1 mil, ou 0,4%).

Entre setembro e outubro de 2016, o rendimento médio real apresentou variação positiva tanto para o total de ocupados (0,9%) quanto para os assalariados (0,4%). O salário médio é de R$ 1.860 reais.

Comparativo com novembro de 2015 e perspectivas

Entre novembro de 2015 e novembro de 2016, a taxa de desemprego total na RMPA aumentou de 10,2% para 10,8% da População Economicamente Ativa. Na comparação anual, o contingente de desempregados aumentou em 11 mil pessoas. Esse resultado deve-se à redução do nível de ocupação (menos 15 mil postos de trabalho, ou -0,9%) ter sido superior à saída de pessoas do mercado de trabalho da Região (menos 4 mil, ou -0,2%).

Na comparação de 12 meses observa-se decréscimo de 0,9% no nível ocupacional. Setorialmente, esse resultado decorre de reduções nos serviços (menos 29 mil ocupados, ou -2,9%) e na indústria de transformação (menos 3 mil ocupados, ou -1,1%) e do aumento nas contratações no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 20 mil ocupados, ou 6,3%) e na construção (mais 3 mil ocupados, ou 2,4%).

Entre outubro de 2015 e outubro de 2016, houve redução dos rendimentos médios reais de ocupados (-10,3%), assalariados (-5,1%) e autônomos (-8,7%).

“Diante da perspectiva de um cenário de fraco crescimento econômico para 2017, a tendência mais provável é de que a taxa de desemprego se mantenha elevada, o que contribui para um agravamento do processo de deterioração do mercado de trabalho”, analisa Iracema Castelo Branco. “Essa conjuntura reforça a necessidade de um acompanhamento sistemático dos indicadores do mercado de trabalho, realizada, há 25 anos, pela FEE e parceiros, através da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA)”, ressalta a economista.

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