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Os programas sociais de transferência de renda foram ideados como forma de aliviar rapidamente a situação das famílias que se encontram em extrema pobreza. Através dos Relatórios de Informações sociais - RI é possível acompanhar o número de pessoas atingidas pelos programas.

Os RI são atualizados mensalmente e estão disponíveis no sítio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS e da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação - SAGI.

O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, acessou essa base de dados no dia 13 de fevereiro e apresenta os dados referentes ao municípios do Vale do Rio dos Sinos.

Os dados apresentados estão relacionados ao Cadastro Único - CadÚnico e famílias com Perfil Bolsa Famíla - PBF. São consideradas famílias perfil CadÚnico aquelas com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa ou aquelas que possuem até três salários mínimos como renda mensal total. Já o PBF busca atingir as famílias com renda per capita de até R$ 154,00, sendo o critério de renda como único para o acesso ao Programa.

Os dados apontam para um aumento de famílias presentes no CadÚnico no ano de 2014 no Vale do Sinos. Em janeiro de 2014 (tabela 01), 126.051 famílias estavam inscritas no cadastro, enquanto, em dezembro do mesmo ano, o número passou para 136.701 famílias no CadÚnico, representando um aumento de 8%.

De acordo com os dados de dezembro de 2014, os municípios que tiveram maiores aumentos percentuais de famílias cadastradas com relação a janeiro de 2014 são Portão (15%), Canoas (13%) e Esteio (12%).

No PBF (tabela 02), em dezembro de 2013 existiam 33.495 famílias beneficiárias. Em dezembro de 2014, o número passou para 45.162, ou seja, um aumento de 26%.

Mesmo com o aumento das famílias recebendo o repasse do Bolsa Família no Vale do Sinos, alguns municípios conseguiram diminuir o número de beneficiários no período, como Araricá (1%), Campo Bom (4%), Dois Irmãos (32%) e Sapiranga (14%).

Cadastro Único no mês de dezembro de 2014

O Cadastro Único, criado no ano de 2001, tem o intuito de dar vistas à população de baixa renda, buscando a identificação destes indivíduos em seus territórios, bem como sua caracterização. Este instrumento compõe uma base de dados importante para o acompanhamento das famílias e da (des)proteção social em que elas se encontram; por meio dele, pode-se monitorar a desigualdade de renda e a inclusão nos programas sociais do Governo Federal.

A tabela 03 apresenta as famílias no CadÚnico no mês de dezembro de 2014 por faixa de renda, fator condicionador para a transferência dos benefícios do PBF. Observa-se que houve mudança nas duas primeiras faixas salariais que correspondem à renda para a inclusão no PBF – de até 70,00 reais passou para 77,00 reais, e de 70,01 até 140,00 passou para 77,01 até 154,00 reais.

Estas faixas de renda (de 0,00 até 77,00 e 77,01 até 154,00 reais) correspondem, respectivamente, à população em situação de extrema pobreza e de pobreza.

Na região, 69.288 famílias recebem de 0,00 a 154,00 reais, ou seja, estão em situação de vulnerabilidade e risco social. Dentre os 14 municípios da região, 7 possuem maior número de famílias cadastradas que se encontram dentro desta faixa, são estes: Araricá, Canoas, Estância Velha, Esteio, Portão, São Leopoldo e Sapucaia do Sul.

Tipos de benefícios

O PBF possui diversos tipos de benefícios que dependem da renda e da composição familiar, que modifica o valor do repasse para as famílias inseridas no Programa.

O benefício básico é repassado para as famílias em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda per capita de 0,00 até 77,00 reais. No Vale do Sinos,  33.241 famílias receberam este benefício no mês de dezembro de 2014.

O benefício variável é destinado às famílias que possuem renda per capita de, no máximo, R$154,00 e que têm em sua composição familiar crianças e jovens com idade entre 0 e 15 anos. Para que o repasse deste benefício tenha continuidade, as crianças e jovens de 6 a 15 anos devem estar devidamente matriculados em instituição de ensino regular e com frequência mínima mensal de 85%. Em casos onde os alunos beneficiários não cumprem a frequência mínima exigida sem justificativa, o benefício pode ser temporariamente bloqueado,  até que a situação se normalize.

No mês de dezembro, 67.429 famílias na região receberam este benefício, sendo Canoas o município com o maior número de famílias que receberam este repasse, 20.252.

Em famílias que possuem adolescentes de 16 a 17 anos, o benefício repassado é o variável jovem - BJ, também para famílias que têm renda de até 154,00 reais per capita. Em dezembro de 2014, 9.697 famílias receberam o benefício no Vale.

O benefício variável nutriz é destinado às famílias que possuem renda per capita de até 154,00 reais e mulheres nutrizes, em que 742 famílias na região receberam o repasse correspondente a este benefício em dezembro de 2014.

As famílias que possuem gestantes e renda de 154,00 per capita também recebem o benefício variável gestante; 764 famílias nos municípios do Vale do Sinos receberam este repasse.

Para as famílias em extrema pobreza, ou seja, que recebem até 77,00 reais per capita, também é repassado o benefício de superação da extrema pobreza, cujo valor do repasse é analisado caso a caso, pois este destina-se a complementar a renda familiar até que a mesma chegue aos 77,00 reais per capita. Na região, 9.330 famílias recebem este benefício.

Condicionalidades

Para garantir o recebimento dos benefícios, as famílias inseridas no sistema do PBF devem cumprir as condicionalidades nas áreas da educação e saúde e assistência social como forma de garantir os direitos sociais básicos.

As informações sobre as condicionalidades de educação de setembro de 2014 apontam que neste período 45.428 beneficiários estavam inseridos no perfil educação de 6 a 15 anos (ensino fundamental), no Vale do Rio dos Sinos. Destes, 42.047 foram acompanhados, ou seja, cobertura de 92,6% das condicionalidades das famílias com crianças e jovens nesta idade (estar matriculados na escola e com frequência mínima de 85% durante o ano letivo).

Entre os municípios da região, nenhum atingiu 100% de acompanhamento das condicionalidades.  Araricá foi o que acompanhou menos beneficiários, atingindo 86,1%, e Dois Irmãos foi o com maior acompanhamento: 98,6%.

Para as famílias com adolescentes na faixa etária de 16 a 17 anos, é condicionalidade da educação ter frequência mínima mensal de 75%. No Vale do Sinos essa condicionalidade atingiu apenas 65,2% do total dos beneficiários com este perfil, que é de  8.957.

Esta situação se repete nos municípios, sendo que Campo Bom e Sapiranga não atingiram 50% do acompanhamento das condicionalidades, ficando com 47% e 49%, respectivamente. O município com maior acompanhamento foi Sapucaia do Sul, que dos 785 beneficiários com este perfil, conseguiu atingir 89,3%.

O registro de frequência é de responsabilidade da escola e deve ser feito através do Sistema Presença. Porém, quando há descumprimento das condicionalidades, chegando a gerar alguma repercussão sobre o benefício, o acompanhamento destas famílias deve ser feito pela Assistência Social e registrado no Sistema de Condicionalidades (SICON).

Na área da saúde, as condicionalidades são manter a caderneta de vacinação atualizada, o acompanhamento nutricional das crianças até 07 anos de idade e o acompanhamento das gestantes e nutrizes inseridas no CadÚnico.

De acordo com os dados de junho de 2014, apenas 45,1% dos beneficiários com perfil saúde foram acompanhados no Vale do Sinos.

Nos municípios esta realidade também está presente, sendo que 6 municípios também não atingiram 50% de acompanhamento das condicionalidade na saúde: Canoas (49%), Esteio (38,2%), Nova Santa Rita (32,6%), Novo Hamburgo (39,3%), São Leopoldo (27,8%) e Sapucaia do Sul (27,7%). O município que obteve o maior percentual no acompanhamento da condicionalidade da saúde foi Ivoti, com 91,9%.

Salientamos que o acompanhamento relacionado à Saúde ainda não gera repercussão sobre o benefício, sendo um possível agravante para o baixo registro de acompanhamento.

Em relação à Assistência Social, os beneficiários do PBF devem manter o cadastro atualizado a cada dois anos, sob o risco de que, ao ultrapassar este prazo, ocorra o bloqueio do benefício.

O mercado formal de trabalho brasileiro apresenta o fechamento de 81.774 postos de trabalho com carteira assinada no mês de janeiro de 2015. No mesmo período, o estado do Rio Grande do Sul apresenta saldo positivo, com a criação de 8.338 novos postos de trabalho.

A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de janeiro de 2015 registrou o fechamento de 1.099 postos de trabalho com carteira assinada. O comércio foi o setor que mais teve postos de trabalho fechados, com saldo negativo de 2.499. No entanto, no mesmo período o setor da Indústria de Transformação ampliou o número de postos de trabalho na RMPA, tendo um crescimento de 1.883 trabalhadores com carteira assinada.

Os catorze municípios que compõem o Corede Vale do Rio dos Sinos também compõem a RMPA. A partir dessa regionalização e período constata-se que houve geração de emprego na região. Apresenta-se, na tabela 01, a movimentação no mercado formal de trabalho na região do Vale dos Sinos por setor de atividade econômica em janeiro de 2015.

O mercado formal de trabalho na região do Vale do Sinos registra saldo positivo em janeiro deste ano, com 622 novos vínculos; no entanto, 67% menor que o saldo em janeiro de 2014. Seis dos oito setores de atividade econômica, de acordo com a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, fecharam mais postos de trabalho do que admitiram no período, resultando na redução de 1.141 postos de trabalho.

Os setores Indústria de transformação e Administração Pública registraram criação de vagas de trabalho no Vale do Sinos. A média salarial de admissão na Indústria de transformação era de 1.199,94 reais, e na Administração Pública, de 2.884,93 reais.

Vale ressaltar que a partir da base de dados é possível observar que as mulheres têm média salarial menor que a masculina na admissão e abaixo da média nos setores Indústria de transformação e Administração Pública; a média salarial de admissão foi de 1.069 reais e de 2.388 reais, respectivamente.

A fim de potencializar a análise por município da região do Vale do Sinos, a tabela 02 apresenta a movimentação no mercado formal de trabalho em janeiro de 2014 e 2015.

Entre os catorze municípios que compõem o Corede Vale do Rio dos Sinos, cinco registraram saldo negativo em janeiro de 2015: Araricá, Canoas, Ivoti, São Leopoldo e Sapucaia do Sul. Observa-se que no mesmo mês de referência em 2014, os municípios de Esteio e Nova Santa Rita foram os únicos na região que registraram saldo negativo.

Os dados apresentados são oriundos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED, disponibilizados mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. As informações apresentadas para o Brasil, Rio Grande do Sul e Região Metropolitana de Porto Alegre foram sistematizadas pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas e publicadas na “Carta do Mercado de Trabalho”. As informações para a região e municípios do Vale do Rio dos Sinos foram trabalhadas pela equipe do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

A partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e da Fundação de Economia e Estatística - FEE, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, reúne as informações sobre a produção de alimentos na região, que apresenta grande variedade de bens agrícolas e de produtos de origem animal. Esses dados são importantes e impactam a região, que tem características marcadamente urbanas. Conforme o Censo Demográfico de 2010, pode-se afirmar que 97,9% da população vivem em território urbano, e apenas 2,1% em território rural, significando 1,7% da população rural do estado do Rio Grande do Sul.

Produção de bens alimentícios

As bases de dados pesquisadas apresentam os principais bens agrícolas produzidos de cultura permanente e de cultura temporária. Conforme a metodologia adotada pelo IBGE, as culturas permanentes são aquelas de longo ciclo vegetativo, que permitem colheitas sucessivas, sem necessidade de novo plantio. Por outro lado, as culturas temporárias – segundo o IBGE – são aquelas cuja cultura é de curta ou média duração, geralmente com ciclo inferior a um ano, que após a colheita necessita novo plantio para produzir.

A tabela 01 apresenta os principais bens agrícolas produzidos no Vale do Rio dos Sinos e de cultura permanente. Destaca-se a produção de laranja, que, apesar de ter decrescido de 2012 a 2013, continua a mais expressiva na região. É possível observar através das bases de dados acessadas que municípios como Canoas e Sapucaia do Sul apresentam produções de bens alimentícios bem abaixo dos demais municípios do Vale do Sinos.

O maior produtor de laranjas da região é Portão, com 3.705 toneladas em 2013. Com 3.700 toneladas, Novo Hamburgo é o segundo maior produtor da região. Os dois municípios representam 74% da produção deste bem no Vale do Sinos. São Leopoldo é o terceiro maior produtor, com uma colheita de 510 toneladas. O Vale representa apenas 2,5% da produção do estado.

O mamão tem produção registrada em 4 municípios do Vale do Sinos. O maior produtor é Dois Irmãos, com 6 toneladas. Os municípios de Araricá, Nova Hartz e Sapiranga produzem 5 toneladas de mamão cada. O Vale do Sinos produz apenas 1,2% da produção do estado.

A produção de banana, apesar de ser maior que a de mamão, também não é muito expressiva no Vale do Sinos. O maior produtor em 2013 foi Nova Hartz, com 66 toneladas do produto, o que representa 30% da produção da região. O Vale do Sinos produziu 219 toneladas de banana em 2013. Apenas 0,2% da produção de banana do estado ocorre na região.

A produção de limão se destaca nos municípios de São Leopoldo e Portão. No primeiro a produção foi de 140 toneladas em 2013. Já em Portão a produção alcançou as 500 toneladas, valor que representa aproximadamente 54% da produção do Vale. Além disso, o município obteve de 2012 a 2013 um aumento de quase 14% em sua produção de limões.

A tabela 02 apresenta a produção de bens agrícolas de cultura temporária, aqueles cujo consumo é diário pela maioria das famílias. Dos 4 produtos listados, apenas o feijão tem uma produção pequena, com 515 toneladas produzidas em 2013. Entretanto, o feijão apresentou um aumento de produção de 51% de 2012 a 2013 na região. O município com a maior produção de feijão na região é Novo Hamburgo, com 145 toneladas. No município, o aumento da produção mais que dobrou, o que elevou a produção no Vale em 2013.

Sapiranga também dobrou sua produção de feijão de 2012 a 2013, passando de 62 para 130 toneladas. Os dois municípios de maior produção de feijão da região representam 53% da produção em 2013. Em 2012, eles representavam apenas 39% da produção.

A produção de milho apresentou aumento de quase 25% no período analisado. Em 2013, a produção alcançou as 6.411 toneladas. O maior produtor da região é Novo Hamburgo, com uma produção de 3.120 toneladas em 2013. Além disso, vale destacar que o aumento da produção no município foi de 97% de um ano para o outro.

As produções de arroz e de mandioca apresentaram leve queda entre2012 e 2013, mas continuam sendo os bens alimentícios com maior produção em toneladas no Vale do Sinos. Em 2013, foram produzidas 25.897 toneladas de mandioca no Vale do Sinos. O maior produtor da região para este produto em 2013 foi Novo Hamburgo, com 9.750 toneladas – 38% da produção da região. O segundo maior produtor foi Dois Irmãos, com 4.125 toneladas – 16% da produção da região.

Em 2013 foram produzidas na região 34.848 toneladas de arroz. O município com a maior produção foi Nova Santa Rita, com 27.300 toneladas – aproximadamente 78% da produção do Vale do Sinos. Outro destaque é que o único bem dos listados nas tabelas 01 e 02 produzido por Canoas é o arroz. Em 2013 foram produzidas 2.800 toneladas de arroz no município, fato que o deixa com a segunda maior produção de arroz no Vale, ao lado de Esteio.

A tabela 03 contém a produção de bens alimentícios de origem animal no Vale do Sinos. Nesta tabela, a produção de mel ganhou destaque, sendo que de 2012 a 2013 houve um aumento de 13% na produção. Em 2013, o Vale do Sinos produziu 93.173 quilos de mel, significando 1,2% do estado do RS. O maior produtor – com quase metade da produção do Vale – foi Novo Hamburgo, com 45.000 quilos de mel produzidos em 2013, um aumento de 6.000 quilos em relação ao ano anterior. O segundo maior produtor foi Ivoti, com 12.000 quilos produzidos em 2013.

Além disso, foram produzidas 902.000 dúzias de ovos de galinha e 655.000 dúzias de ovos de codorna em 2013, 7,3% do Rio Grande do Sul. Na produção de ovos de galinha, Novo Hamburgo também foi o maior produtor, com 383.000 dúzias produzidas. O segundo maior produtor foi Dois Irmãos, com 117.000 dúzias produzidas.

Na produção de ovos de codorna, Novo Hamburgo foi apenas o terceiro maior produtor, com 51.000 dúzias produzidas em 2013. O segundo maior produtor foi Sapiranga, com 185.000 dúzias produzidas. Os dois municípios produziram menos que em 2012. Já o maior produtor da região foi Dois Irmãos, com 394.000 dúzias produzidas para o ano de 2013.

A produção de leite obteve um pequeno aumento no Vale do Sinos, representando 0,4% do estado, justificado pela ampliação da produção do município de Portão. Esse município produziu 6.615.000 litros de leite em 2013 e obteve um aumento de produção de quase 400.000 litros de um ano para o outro. Novo Hamburgo com 2.936.000 litros e São Leopoldo com 2.160.000 litros foram o segundo e terceiro maior produtor da região, respectivamente.

A relação produção-inflação

Através da demanda e da oferta, os preços dos produtos variam, ajustando-se de acordo com o mercado. Assim, quando se aumenta a produção de determinado bem, a tendência inicial é que tal bem sofra um reajuste de valor negativo (perda de valor), a não ser que a demanda por este também aumente. Assim, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE publica mensalmente o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA em diversas regiões metropolitanas do Brasil. Através deste índice é possível observar a ‘inflação’ de determinados produtos por região e não apenas nacionalmente. Como o Vale do Sinos está inserido na Região Metropolitana de Porto Alegre, a análise a seguir está baseada nesta região, que engloba 34 municípios. O IPCA é medido mensalmente pelo IBGE, oferece a variação dos preços no comércio para o comprador final, sendo considerado o principal índice de inflação do país.

De 2012 a 2014 o IPCA registrou um aumento no Índice Geral. O índice de preço do arroz apresentou alta de 34% em 2012, mas em 2013 o índice recuou e ficou em –9% na Região Metropolitana de Porto Alegre. No mesmo período a produção de arroz no Vale do Sinos ficou estável. A mandioca e o mamão apresentaram um ciclo de aumento e queda de preços parecido ao do arroz. Assim como o arroz, os produtos apresentaram uma produção estável de 2012 a 2013.

O ovo de galinha, que também manteve sua produção estável, vem crescendo de preço de 2012 a 2014, no último com menor acentuação, apenas 2,56%. O leite, por sua vez, apresentou alta nos preços em 2012 e 2013, enquanto em 2014 recuou 13,25%.

Através de dados da exportação é possível analisar a produção de bens alimentícios no Rio Grande do Sul que são destinados à exportação e ao consumo interno. Segundo os dados do IBGE, os 4 produtos com maior exportação dentre os que foram abordados na análise são: banana, arroz, mel e milho.

O mel é o produto que mais se destina ao mercado externo. Em 2012, quase 28% da produção foi exportada, enquanto em 2013 o percentual de exportação foi de 51%. O milho também apresentou uma alta na taxa de exportação no estado. Em 2013, 2,7% da produção interna destinava-se ao mercado externo. Em 2013, este número aumentou e chegou aos 14,8%. Além disso, 11,4% das bananas e 10,9% do arroz produzidos no estado em 2013 foram destinados à exportação.

O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, apresenta, em análises semanais diferentes, indicadores disponíveis em base de dados públicas sobre as realidades do Vale do Rio do Sinos. Um dos objetivos é publicizar informações acerca do trabalho dos órgãos municipais nos municípios da região. Por meio disso, esta análise aborda a participação das despesas com pessoal (gastos com salários de funcionários e afins) a partir de dados do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul - TCE/RS. Analisa-se a participação das despesas em dois níveis – nas prefeituras e nas câmaras municipais.

A tabela 01 apresenta os dados referentes às despesas com pessoal nas prefeituras dos municípios. Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF o maior gasto com pessoal (limite legal) nas prefeituras pode chegar a 54% da receita. Mas o limite prudencial é de 51,30% e a partir dos 48,60% as prefeituras recebem uma emissão de alerta.

A legenda de cores da tabela é dada da seguinte forma: na cor azul é apresentado a cada ano o município com a menor despesa com pessoal; na cor vermelha são apresentados os municípios com resultados superiores ao permitido por lei. Os municípios que aparecem com a cor preta não se enquadram em nenhuma das classificações anteriores.

Em 2014, 6 municípios ainda não constam no relatório do TCE. Em relação aos outros 8, apenas Sapucaia do Sul ficou acima do limite estipulado, com uma participação de 62,28% de despesas com pessoal, 8 pontos percentuais acima do permitido perante a lei. O município já havia apresentado gastos superiores aos previstos em lei em outros 4 dos 5 anos analisados. O pior resultado foi em 2013, quando o município chegou a ter 68,60% das suas despesas comprometidas com o pagamento de pessoal. Apenas em 2010 o município apresentou resultado inferior à meta-limite, mas ainda assim ficou acima do limite prudencial por alguns décimos percentuais.

Ainda em 2014, o melhor resultado deu-se em Novo Hamburgo, onde apenas 31,57% das despesas são com pessoal. Desde 2009, a participação tem apresentado queda, apenas em 2013 houve uma leve alta. Em 2009, a participação era de 48,93%, atualmente está 17 pontos percentuais abaixo; 2014 foi o primeiro ano em que o município apresentou o melhor resultado da região.

Canoas obteve o segundo melhor resultado para 2014, com 35,51%. O município, assim como Novo Hamburgo, vem apresentando queda – principalmente de 2009 para 2010, em que houve queda de quase 9 pontos percentuais. De 2010 a 2013, o município obteve o melhor resultado da região, onde variou de 36% até aproximadamente 40% durante o período.

Dos municípios que ainda não constam no relatório, Campo Bom tem apresentado o melhor resultado nos anos anteriores, mas vem aumentando sua participação com despesa pessoal desde 2009, onde apresentou o melhor resultado da região, com 36,81%. Em 2013, o município chegou à margem de 45,70%.

Em 2009, quatro municípios da região ficaram acima do limite legal. Além de Sapucaia do Sul, Esteio, Nova Hartz e Nova Santa Rita também obtiveram resultados acima do permitido. Além disso, outros quatro municípios ficaram entre a emissão de alerta e o limite legal, que são Araricá, Portão, Estância Velha e Novo Hamburgo. Os outros 6 municípios ficaram abaixo da emissão de alerta, sendo que apenas um obteve gastos inferiores a 40%: Campo Bom.

A tabela 02 exibe os gastos nas câmaras municipais. Para estas, a LRF estipula o limite máximo em 6%. O limite prudencial é 5,70%, enquanto a emissão de alerta é 5,40%. No Vale do Sinos, todos os municípios ficaram abaixo do valor da emissão de alerta em todos os anos.

Nesse quesito, Ivoti apresentou os melhores resultados em todos os anos do período analisado. Além disso, a participação no município deste tipo de despesa vem apresentando baixa desde 2009. Em 2014, a participação nos gastos foi de apenas 0,49%, a menor do Vale do Sinos em todo o período analisado.

Portão apresentou o pior resultado para 2014, com 4,02% da receita comprometida com pagamento de pessoal. O município, que havia apresentado baixa na participação destes gastos de 2009 para 2010, vem apresentando uma alta crescente de 2010 até 2014.

A tabela 03 apresenta a soma dos gastos com pessoal nas prefeituras e nas câmaras municipais. O limite legal, portanto, poderia ser considerado a soma do limite das prefeituras e das câmaras municipais – ou seja, 60%. Ao considerar-se este método, Nova Santa Rita e Sapucaia do Sul obtiveram resultados acima do limite.

Nova Santa Rita ficou acima do limite apenas em 2012, com 60,31% de participação destes gastos. Por outro lado, Sapucaia do Sul apresentou valor acima do limite em 2012 e 2013. Em 2012, 61,69% dos gastos foram com pessoal. Em 2013, o valor foi mais alarmante, com 71,52% dos gastos, mais de 11 pontos percentuais acima do permitido.

O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, publica a “Carta do Mercado de Trabalho” elaborada pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, tendo como referência os dados do mês de fevereiro de 2015.

Eis a Carta.

A carta do mercado de trabalho produzida pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, apresenta os dados do mês de fevereiro de 2015 divulgados no dia 18 de março de 2015, do mercado de trabalho formal no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre e no município de Canoas, e tem como fonte os registros administrativos do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED) disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os setores econômicos são aqueles definidos pelo IBGE. O conceito de admitidos engloba o início de vínculo empregatício por motivo de primeiro emprego, reemprego início de contrato por prazo determinado, reintegração ou transferência. A noção de desligados indica o fim do vínculo empregatício por motivo de dispensa com justa causa, dispensa sem justa causa, dispensa espontânea, fim de contrato por prazo determinado, término de contrato, aposentadoria, morte, ou transferência. A diferença entre os admitidos e desligados é o saldo, que sendo positivo indica a criação de novos postos de trabalho e quando negativo indica a extinção de postos de trabalho. Estas definições e conceitos são definidos pelo MTE e são aplicadas as tabelas 01, 02, 03 e 04.

Verifica-se na tabela 01 que o mercado de trabalho formal brasileiro registrou, entre admissões e demissões, saldo negativo no mês de fevereiro de 2015, com 2.415 postos de trabalho com carteira assinada o que representa uma queda de 0,01% sobre o estoque de empregos do mês anterior. No mês o setor do Comércio (30.354) foi o setor que mais fechou postos de trabalho. O setor que ampliou postos de trabalho foi o setor de Serviços com 52.261 novas vagas. No ano foram fechadas 80.732 postos de trabalho com carteira assinada.

Observa-se na tabela 02 que o mercado de trabalho formal gaúcho no mês de fevereiro de 2015 registrou saldo positivo, resultado entre as admissões e demissões, de 3.220 postos de trabalho o que representa um avanço de 0,12% sobre o estoque de empregos do mês anterior. No mês o setor do Comércio (2.421) foi o que mais fechou postos de trabalho. O setor da Indústria da Transformação foi o que mais abriu vagas com 4.635 postos de trabalho. No estado do Rio Grande do Sul no ano foram criados 11.617 novas vagas com carteira assinada.

Percebe-se na tabela 03 que o mercado de trabalho formal na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) no mês de fevereiro de 2015 apresentou um acréscimo de 1.241 postos de trabalho com carteira assinada, um avanço de 0,10% sobre o estoque de empregos do mês anterior. No mês o setor de Serviços foi o que mais ampliou postos de trabalho com 1.310 vagas com carteira assinada. No ano foram abertas 160 novas vagas de trabalho com carteira assinada.

Nota-se na tabela 04 que o mercado de trabalho formal no município de Canoas registrou saldo líquido positivo, entre admissões e demissões, no mês de fevereiro de 2015, com a ampliação de 70 postos de trabalho com carteira assinada. O setor da Construção Civil foi o que mais fechou vagas com 111 postos de trabalho. O setor de Serviços foi o que mais contratou com 178 novos postos de trabalho. No ano o município perdeu 106 postos de trabalho com carteira assinada.

Em fevereiro deste ano houve redução no número de postos de trabalho no Brasil, com saldo negativo de 2.415 vínculos. No mesmo período, o estado do Rio Grande do Sul e a Região Metropolitana de Porto Alegre apresentaram saldo positivo, com a geração de 3.220 novos postos de trabalho no estado e um acréscimo de 1.241 novos vínculos empregatícios na região.

Os dados apresentados são oriundos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED, disponibilizados mensalmente pelo Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. As informações apresentadas para o Brasil, Rio Grande do Sul e Região Metropolitana de Porto Alegre foram sistematizadas pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas e publicadas na “Carta do Mercado de Trabalho”.

A movimentação do mercado formal de trabalho no mês de fevereiro de 2015 para os 14 municípios da região Corede Vale do Rio dos Sinos e nos setores e subsetores de trabalho classificados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE foi sistematizada e analisada pela equipe do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

A tabela 01 apresenta o número de trabalhadores admitidos e desligados nos municípios e região do Vale do Sinos em fevereiro de 2015 e o acumulado do ano, o saldo do mês no ano anterior e nos últimos doze meses.

No mês de fevereiro, foram admitidos 17.278 trabalhadores e foram desligados 16.102. Com esta relação, o saldo para o mês foi positivo, com ganho de 1.176 postos. Novo Hamburgo apresentou a maior movimentação, sendo o município com o maior número de admitidos (3.847) e o maior número de desligados (3.932). Além deste, Canoas, São Leopoldo e Sapiranga também apresentaram movimentação – tanto nos admitidos quanto aos desligados – superior a 1.000 postos.

Dos 4 municípios já citados, apenas Novo Hamburgo apresentou resultado negativo para o mês, com redução de 85 postos. No mesmo mês do ano anterior o munícipio apresentava aumento de 688 postos. Apesar da queda, o município mantém o saldo positivo de 25 postos para o ano de 2015. Porém, nos últimos 12 meses houve queda de 2.142 postos no município.

Canoas apresentou a maior queda nos últimos 12 meses, com redução de 5.252 postos de trabalho. Entretanto, o mês de fevereiro foi positivo, gerando 70 postos, onde foram admitidos 3.710 e demitidos 3.640 trabalhadores. Apesar do aumento de fevereiro de 2015, no ano anterior, o mês de fevereiro apresentou aumento de 1.178 postos. Em 2015, o município continua com saldo negativo, apesar da alta de fevereiro, com redução de 107 postos.

Em 2015, São Leopoldo mantém a maior perda de postos de emprego, com redução de 254 postos. Nos últimos 12 meses, a queda se acentua, com queda de 626 postos. Em fevereiro de 2015 houve aumento de 76 postos, enquanto em fevereiro do ano anterior houve aumento de 397 postos.

Em fevereiro, além de Novo Hamburgo, apenas Araricá e Portão apresentaram queda nos postos de emprego. O primeiro obteve queda de 11 postos, enquanto o segundo, de 12. Araricá também apresentou a menor movimentação em 2015, onde foram 86 admitidos e 97 desligados.

O maior aumento de postos de trabalho em fevereiro de 2015 ocorreu em Nova Hartz. O município somou 304 novos postos. Em fevereiro do ano anterior o aumento havia sido de 315, enquanto em 2015 o município já soma aumento de 470 postos.

O segundo maior aumento ocorreu em Sapiranga com 205 postos, enquanto Campo Bom obteve aumento de 204 postos. O primeiro já soma um saldo positivo de 422 postos em 2015, enquanto o segundo, de 447.

A tabela 02 apresenta o saldo na região a partir da classificação IBGE Setor, tendo esta oito categorizações.

O setor de Serviços obteve aumento de 493 postos, onde apenas 3 municípios apresentaram queda no mesmo período nesse setor. Sapucaia do Sul diminuiu 37 postos nesse setor. Por sua vez, Canoas obteve criação de 178 postos, seguido de Esteio, com 86 novos postos.

O setor da Indústria de transformação apresentou destaque em Campo Bom, Nova Hartz e Sapiranga. Nova Hartz obteve o maior aumento, com a criação de 287 postos, enquanto Campo Bom registrou 215 novos postos.

O setor do comércio apresentou a única queda expressiva na região em fevereiro, com perda de 264 postos. O município que teve a maior queda foi Novo Hamburgo, com saldo negativo de 158.

Os demais setores apresentaram variações menores que os anteriores. A Construção Civil obteve queda de 5 postos, enquanto os serviços industriais de utilidade pública apresentaram um saldo positivo de 11 postos.

A partir destes dados observa-se que a região apresentou um aumento expressivo no setor da Indústria de transformação, com criação de 930 novos postos seguido do setor de Serviços, com saldo positivo de 493 vínculos.

Vale ressaltar que o setor da Indústria de transformação inclui as Indústrias calçadistas que historicamente se fazem presentes na região e a categoria Serviços inclui, também, os vínculos empregatícios ligados a saúde e educação.

A tabela 03 apresenta os dados do mesmo período e regionalização a partir da categorização de 25 subsetores. A informação foi organizada da seguinte forma: os dados estão apresentados em duas colunas, aliadas com a posição de cada subsetor – posição 1 refere-se ao setor com o maior saldo positivo e posição 25 refere-se ao setor com o maior saldo negativo.

Conforme a tabela 03 é possível identificar que a Indústria de calçados continua com uma participação grande na movimentação do mercado de trabalho. Este subsetor apresentou aumento de 716 postos só em fevereiro, representando 42% das vagas criadas nos 15 subsetores que obtiveram saldos positivos.

O subsetor do ensino apresentou o terceiro maior aumento, com criação de 157 postos. Em quarto, posicionou-se a Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico, com a criação de 113 postos.

O comércio varejista apresentou a maior queda no mês com redução de 258 postos, seguido do subsetor dos transportes e comunicações com queda de 120 postos. Estes dois setores apresentaram 69% da redução dentre os 10 setores que obtiveram saldo negativo.

O Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, publica análises sobre as realidades do Vale do Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA. Os dados são acessados em diferentes bases públicas de informação e são sistematizados com o objetivo de subsidiar o debate e a intervenção nas realidades pelos cidadãos e suas organizações. Nesta análise, estão apresentados os indicadores criminais do ano de 2014 publicizados pela Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul – SSP/RS.

Entre os indicadores criminais analisados estão: furtos – ato de tomar algo que pertence a outro sem que este perceba e, portanto, sem violência; roubos – ato de tomar algo que pertence a outro através de violência e consentimento por parte da vítima da ação; extorsão – ato de obter vantagem perante outro por chantagem ou afins; e estelionato – ato de obter vantagem perante outro induzindo-o ou mantendo-o no erro. É válido lembrar também que o crime de latrocínio define-se por roubo seguido de morte.

O quadro 01 apresenta os indicadores criminais para três regionalizações, que são: o Estado do Rio Grande do Sul – RS, a Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA e o Corede Vale do Rio dos Sinos – VS. Neste sentido, os dados da RMPA também estão inseridos no total do RS, e os dados do VS estão inseridos na RMPA e no RS.

Os municípios que fazem parte do Vale do Sinos são: Araricá, Campo Bom, Canoas, Dois Irmãos, Estância Velha, Esteio, Ivoti, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Portão, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul.

Conforme os dados do quadro 01, ocorrem, em média, 203 furtos e 119 roubos diariamente na RMPA. Além disso, a cada 6 dias ocorre 1 latrocínio na região.

No RS – incluem-se a RMPA e o VS – ocorrem 452 furtos diários, sendo que 51 são de veículos. Ainda ocorrem 166 roubos diários, dos quais 37 são de veículos. A cada 3 dias ocorre um latrocínio.

Já no VS, foram notificados 55 furtos, 29 roubos e 5 estelionatos diariamente no ano de 2014. Foram notificados também 18.787 furtos e 13.684 roubos de veículos.

Os esquemas 01 e 02 apresentam os números de furtos e roubos, respectivamente, para o ano de 2014 durante os 12 meses do ano. Assim como no quadro 01 são dadas as três regionalizações.

O esquema 01 apresenta o número de furtos. É possível observar que se compararmos os meses de janeiro e dezembro de 2014 há uma queda no número de furtos nos três níveis territoriais analisados. Entretanto, durante o ano houve oscilações constantes. Em nível estadual ocorreram 14.304 furtos em janeiro. Dois meses depois já haviam sido registrados 14.916 furtos, um aumento de 4% de janeiro a março.

A partir de março o número de furtos começou a apresentar quedas mais frequentes. De março a junho houve uma diminuição de 1.416 furtos (-10%). Porém a maior queda no estado ocorreu de outubro a dezembro, onde houve uma redução de 2.657 delitos (-19%).

A RMPA apresentou uma queda de janeiro a dezembro de 1.003 delitos (-17%). De março até outubro houve um aumento parcial e regular para a RMPA. Março foi o mês com o maior número de delitos, com 6.634, enquanto outubro apresentou 6.632 casos.

O VS apresentou um recuo de 22% no período analisado, sendo que em nenhum mês ultrapassou os 2.000 casos. O mês com o maior número de furtos foi abril, com 1.859 casos. Abril e maio apresentaram os segundo e terceiro maiores números de casos no ano para o Vale.
O esquema 02 apresenta o número de roubos. Neste, há maiores acentuações no decorrer do ano do que no esquema 01. O Rio Grande do Sul apresentou em janeiro 4.363 delitos, enquanto em dezembro foram registrados 4.456, o que significou uma pequena elevação de 2%. De fevereiro a março houve um aumento no número de casos, passando de 4.330 para 5.310 (22%). Por outro lado, de outubro a dezembro houve uma redução de 1.274 delitos (-22%).

A RMPA apresentou proporções muito semelhantes às do RS. De fevereiro a março houve um aumento (24%), e de outubro a dezembro, um recuo (-23%).

O VS apresentou uma variação muito menor que os demais territórios. O território, assim como os demais, apresentou queda de outubro a dezembro (-29%), mas apresentou alta de janeiro a dezembro (5%). O único mês em que o VS apresentou mais de 1.000 roubos foi em outubro, onde ocorreram 1.036 delitos.

A tabela resumo exibe a classificação do porte populacional dos municípios segundo o Sistema Único de Assistência Social – SUAS. A intenção desta tabela é que seja um instrumento facilitador para a análise.

As tabelas 01 a 04 e 05 a 08 exibem os indicadores criminais por municípios separados segundo seu porte populacional, sendo que o primeiro grupo de tabelas mostra o número de furtos, roubos, latrocínios, extorsões, extorsões mediante sequestro e estelionato. A partir da tabela 05 são apresentados os dados de furtos e roubos de veículos.

A tabela 01 mostra os indicadores criminais dos municípios de pequeno porte I. O município com o maior número de furtos foi Rolante, com 201 casos, enquanto Nova Hartz apresentou 177 casos. Araricá apresentou o menor número de furtos, com 45. Glorinha também obteve resultado inferior a 100, com 97 furtos.

Em relação aos roubos, Nova Hartz apresentou 51 casos, enquanto Rolante – com o segundo maior número de casos – obteve 24 notificações. Os demais municípios obtiveram de 13 a 16 roubos notificados.

Dentre os municípios, o único que apresentou extorsão mediante sequestro foi Arroio dos Ratos, com um caso. Nestes municípios ocorreram 5 casos de extorsão (2 em Arroio dos Ratos, 2 em Nova Hartz e 1 em Araricá).

O número de estelionatos foi de 69 para estes municípios, sendo que Nova Hartz apresentou 41% destes. Glorinha apresentou apenas 2 casos, enquanto Capela de Santana, apenas 5.

A tabela 02 expõe os indicadores para os municípios de pequeno porte II. Neste grupo de municípios ocorreram 4.450 furtos e 878 roubos. Ocorreram também 25 casos de extorsão, 3 de extorsão mediante sequestro, 367 estelionatos e apenas 1 latrocínio, em Igrejinha.

O município com o maior número de roubos foi Triunfo (535 notificações). Entretanto, o município apresentou apenas 36 roubos (o quinto com o menor número de roubos dentre os 12 municípios deste porte populacional).

Portão teve 478 notificações de furtos (o segundo pior resultado) e 148 de roubos (o terceiro pior resultado). O município apresentou também o maior número de extorsões – com 6 – e o segundo pior em estelionatos – com 42.

Santo Antônio da Patrulha apresentou 460 casos de furtos (o segundo pior resultado), mas apenas 76 roubos. Não ocorreram notificações de latrocínio, extorsão e extorsão mediante sequestro no município. Foram notificados 37 casos de estelionato.

Ivoti apresentou o menor número de furtos (141) e roubos (20). Além disso, não registrou casos de latrocínio e extorsão mediante sequestro no ano. Foram notificados 2 casos de extorsão e 26 de estelionato no município.

O menor número de estelionatos ocorreu em Nova Santa Rita, onde foram notificados 11 casos. O município apresentou indicadores criminais com baixa incidência ao comparar com os demais municípios. Foram notificados 345 furtos, 44 roubos e apenas 1 caso de extorsão no município.

A tabela 03 apresenta os indicadores nos municípios de médio porte. Neste grupo de 7 municípios, Esteio apresentou o maior número de furtos (1.579) e roubos (836). Além disso, o município contabilizou 120 casos de estelionato. Foram registrados também 3 casos de extorsão e 1 de latrocínio.

Montenegro apresentou o terceiro maior número de furtos (1.216), mas teve apenas 147 notificações de roubos, sendo o município deste grupo com o menor número de casos. Foram notificados também 73 estelionatos, 4 extorsões e 1 latrocínio.

Dentre estes municípios, Parobé obteve o menor número de furtos, com 510 e 155 roubos (o segundo menor). Foram notificados no município 83 casos de estelionato e apenas 2 de extorsões e 1 de latrocínio.

De todos os municípios deste grupo, apenas Campo Bom obteve casos de extorsão mediante sequestro, com 2 casos notificados. O município também apresentou 770 furtos e 460 roubos, além de 52 estelionatos informados.

A tabela 04 contempla os municípios de grande porte e a metrópole (Porto Alegre). A capital do estado apresentou indicadores criminais muito acima dos demais municípios. Quase 50% dos furtos e 56% dos roubos da RMPA ocorreram na capital.

Em Porto Alegre também ocorreram 53% dos estelionatos, 51% das extorsões, 71% das extorsões mediante sequestro e 50% dos latrocínios da RMPA. A participação da capital nos indicadores criminais é grande, já que sua população representa apenas 35% da RMPA, segundo o Censo 2010.

Canoas registrou 6.006 furtos e 3.199 roubos no ano, sendo o segundo município com mais incidências na RMPA. No município também foram notificadas 20 extorsões, 3 latrocínios, 2 extorsões mediante sequestro e 449 estelionatos.

Dentre estes municípios, Cachoeirinha apresentou o menor número de furtos (1.900) e roubos (1.140). O município também apresentou o segundo menor número de estelionatos (225), e apenas 2 extorsões, 1 extorsão mediante sequestro e 1 latrocínio.

Sapucaia do Sul obteve o menor número de estelionatos (177) e o segundo menor de furtos (1.998) e roubos (1.394). No município ainda foram contabilizadas 2 extorsões, 2 extorsões mediante sequestro e 1 latrocínio.

Veículos e seus indicadores criminais

A tabela 05 apresenta os veículos e seus indicadores criminais para os municípios de pequeno porte I. São apresentados os furtos e roubos de veículos e suas respectivas participações no total de furtos e roubos da região.

Rolante teve 13 furtos e 2 roubos de veículo. Com este resultado, o município foi o que apresentou o maior número de furtos, mas o menor de roubos dentre os 6 municípios. Além disso, o município foi o que apresentou a maior aproximação da participação dos furtos de veículos com os roubos dos mesmos. Enquanto os furtos de veículos representaram 6,47%, os roubos ficaram pouco acima, com 8,33%.

Os demais municípios apresentam resultados diversos aos de Rolante. Nenhum apresentou participação menor que 12% no roubo de veículos. Glorinha foi o que mais se aproximou, com 12,5%. No município também foram roubados 2 veículos, enquanto outros 5 foram furtados. A taxa de furtos de veículos representou apenas 5,15% no total de furtos.

Araricá apresentou a maior participação de roubo de veículos, com 46,15%, mesmo que o município tenha apresentado apenas 6 roubos de veículos. Apenas Nova Hartz teve mais ocorrências de roubos no período, num total de 8, o que deixou o município com 15,69% do total de roubos nesse produto.

Capela de Santana apresentou o menor número de furtos de veículos, com 5, assim como Araricá e Glorinha. Naquele município, apenas 4,35% dos furtos foram de veículos.

A tabela 06 apresenta os mesmos indicadores da tabela 05, mas para o grupo de 12 municípios de pequeno porte II. Aqui encontra-se o único município que não registrou roubo de veículos em 2014, Charqueadas.

Charqueadas apresentou 9 furtos de veículo, o que representa 2,49% do seu total de furtos. O município apresentou a segunda menor participação da região nos furtos de veículos e a menor – e também única nula – nos roubos.

Por outro lado, Ivoti registrou 100% dos seus roubos como roubos de veículo. Foram notificados 20 casos no município. Furtos foram apenas 18, sendo um dos dois únicos municípios que apresentaram mais roubos do que furtos de veículo; 12,77% dos furtos foram de veículo.

Estância Velha foi o outro município que apresentou mais roubos que furtos. No município foram registrados 86 roubos, mas apenas 46 furtos de veículo; 43,65% dos roubos e 11,86% dos furtos foram de veículos.

A tabela 07 expressa os veículos e seus indicadores criminais para os municípios de médio porte da RMPA. Destaca-se aqui a discrepância da participação de furtos e roubos de veículos entre os municípios desta tabela.

Em Campo Bom foram notificados 345 furtos e 194 roubos de veículos, sendo assim, 44,57% e 42,17% dos furtos e roubos, respectivamente, foram de veículos. Assim, o município contabilizou a maior participação de furtos e roubos de veículos neste grupo de municípios.

Montenegro foi o destaque positivo. Foram registrados apenas 79 furtos e 17 roubos, sendo o município com a menor incidência de ambos os crimes deste grupo. Foi também o município em que os furtos de veículos apresentaram a menor participação, com 6,50% do total de furtos.

Guaíba apresentou a menor participação dos roubos de veículos, com apenas 5,89% do total de roubos. O município registrou 33 roubos e 109 furtos de veículos. Além disso, foi registrada uma das maiores taxas de relação entre furtos e roubos. A cada 1 roubo de veículo, ocorrem 3,3 furtos de veículos no município.

A tabela 08 compreende os dados para os municípios de grande porte e a metrópole. Nesta tabela, observa-se uma aproximação maior entre os municípios. A participação dos furtos de veículos varia de 11% a 29%, enquanto a de roubos varia de 13% a 38%.

Em ambos os crimes, Novo Hamburgo registrou a maior participação de furtos e roubos de veículos, com 28,99% e 37,21%, respectivamente. Foram registrados 1.112 furtos e 793 roubos no município.

Canoas registrou 753 furtos de veículo e, apesar de possuir a segunda maior população, obteve apenas o terceiro lugar em furtos. Já em roubos, o município apresentou o segundo maior resultado, com 922 casos.

Gravataí também apresentou alta incidência de ocorrência e uma relação muito próxima entre os roubos e furtos de veículos. Foram notificados 612 furtos e 583 roubos de veículos no município; 31,74% dos roubos totais são de veículos.

Comparação: RMPA no RS

A RMPA possui aproximadamente 37% da população do estado, mas a participação dos indicadores criminais – quase sempre – é maior.

Os furtos da RMPA representam 45% do estado; 8% acima do que seria considerado a média.

Fonte: SSP/RS.

Por sua vez, os roubos apresentam situação pior na RMPA, 71% dos roubos do estado ocorrem na RMPA, representando quase duas vezes mais que do que a média sugeriria.

Fonte: SSP/RS.

Síntese

Percebe-se uma diferença entre o número de furtos e roubos nos diversos territórios. Alguns municípios, que apresentam altas taxas de furtos, estão entre os que menos apresentam roubos. Mas, em geral, os municípios apresentam mais furtos do que roubos – inclusive ao se tratar de veículos.

No decorrer de 2014, percebe-se também uma diminuição de furtos e roubos em todos os níveis regionais, principalmente no caso dos furtos. Porto Alegre representou a maior parte das incidências dos indicadores criminais – e muitas vezes a maioria. Os municípios de porte grande ou metrópole apresentam o furto em relação ao roubo de veículos com maior incidência.

Como os porto-alegrenses utilizam seu tempo livre? Preferem atividades dentro ou fora de casa? Com que frequência assistem à televisão ou navegam na Internet? Que tipo de peças preferem, com quem costumam ir ao cinema, por que não vão a exposições?

Essas são algumas perguntas feitas a moradores da Capital gaúcha, durante a pesquisa Usos do tempo livre e práticas culturais dos porto-alegrenses, ao longo de 1.220 entrevistas domiciliares com pessoas maiores de 14 anos – amostra estratificada segundo sexo, faixa etária e região de residência. O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, compartilha o resumo da publicação e apresenta alguns resultados, da pesquisa que foi realizada entre novembro e dezembro de 2014.

A pesquisa

O objetivo foi obter um diagnóstico sobre a demanda e o acesso a produtos e serviços propriamente “culturais” – como ir ao teatro ou ler livros – sem perder de vista o contexto mais amplo do lazer. Os resultados servirão de subsídio à tomada de decisões em políticas públicas, visando à ampliação e diversificação da participação cultural. A repetição periódica permitirá acompanhar a evolução dos hábitos do público e monitorar os resultados dessas políticas. Além disso, os resultados poderão sugerir a realização de pesquisas complementares, de caráter qualitativo ou mais específicas.

A pesquisa foi coordenada por uma equipe formada pelas sociólogas Mariana Aydos e Fátima Ávila (SMC) e pelo antropólogo Caleb Faria Alves (IFCH-UFRGS), além do coordenador do Observatório da Cultura, Álvaro Santi.

Vinculado à Secretaria de Cultura de Porto Alegre, o Observatório da Cultura é um centro de referência para a promoção da cultura e das artes como fatores de desenvolvimento, através da informação. Entre seus objetivos estão a produção e difusão de dados e indicadores sobre a cultura local, o monitoramento de resultados das políticas públicas de cultura e o apoio à formação de empreendedores e gestores culturais.

Os resultados

O estudo Usos do tempo livre e práticas culturais dos porto-alegrenses se propôs a compreender o cenário de demanda e o acesso a produtos e serviços propriamente “culturais”, de acordo com a publicação.

A publicação é dividida em 6 seções com adição das considerações finais e dos anexos. Na primeira seção são apresentadas as características sociodemográficas do município de Porto Alegre. As outras 5 seções tratam de hábitos de lazergostos culturaisleiturapaisagens e espaços públicos e internet e celular.

De acordo com a seção 1: características sociodemográficas, 18,1% dos entrevistados possuíam de 25 a 34 anos e outros 17,7%, de 35 a 44 anos. As mulheres compuseram 51,3% dos entrevistados e 21,5% dos entrevistados diziam estar vinculados a alguma instituição de ensino. Além disso, 63% executavam trabalho remunerado, sendo 29,3% empregados do setor privado e 21,3% profissionais liberais, autônomos ou com trabalho por conta própria.

A seção 2, que apresenta os hábitos de lazer, inicia com a pergunta “O que costuma fazer nos fins de semana em sua cidade, nas horas livres, quando não está estudando ou trabalhando”. Cada entrevistado podia responder de forma aberta, sem opções predeterminadas, e citar até cinco atividades. Desta forma, 38% dos entrevistados responderam a opção ir ao parque/praça/passear na Redenção/ir ao parque Marinha/ir ao parque Humaitá/ao Parcão/ao Jardim Botânico e 23% responderam ir ao shopping; 17,3% citaram a opção ir ao cinema e também 17,3% disseram visitar amigos/parentes/pessoas/filhos/fazer visitas.

Já na seção 4, referente à leitura, a primeira pergunta questiona “quando leu um livro, inteiro ou em parte, pela última vez”. Segundo a pesquisa, 45,8% dos entrevistados leram um livro há mais de 12 meses frente a 11,8% que responderam ao menos uma vez nos últimos 3 meses. Outros 18,1% afirmaram terem lido ao menos uma vez nos últimos 12 meses. Além disso, 8,5% dos entrevistados afirmaram nunca terem lido um livro. Outros 2,6% não sabiam ou não responderam.

A seção 5, que apresenta as paisagens e espaços públicos, apresenta a pergunta referente às paisagens da cidade e preferências dos respondentes. De acordo com a pesquisa, 88,1% gostam muito da paisagem do Guaíba, enquanto 95,2% afirmaram gostar de parques, árvores e jardins.

A seção 6, que apresenta os dados sobre internet e celular, apresentou o questionamento sobre as finalidades de uso e tempo de conexão à Internet. De acordo com a pesquisa, 60,2% utilizam a internet para acesso às redes sociais e 31,6% para pesquisa.

O estudo, na íntegra, pode ser acessado aqui.

A partir desta pesquisa inicial, a equipe já afirma que deve ser feito um trabalho contínuo a fim de repetir de forma periódica a pesquisa e possibilitar observar a evolução dos hábitos culturais da população porto-alegrense ao longo do tempo.

Em breve, estima-se que esteja disponível uma base de dados para o acesso a todos os dados da pesquisa de forma pública. Desta forma, os dados podem contribuir não somente no fomento às políticas públicas, mas também no reconhecimento dos espaços de lazer e apropriação das atividades de lazer dos porto-alegrenses.

Para saber mais sobre a pesquisa, entre em contato com:
observatóEste endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. (51) 3289-8031
http://culturadesenvolvimentopoa.blogspot.com

Retratos: Vila Labirinto e São Jorge

Sexta, 22 de Abril de 2016

O acesso a serviços básicos que geram bem-estar à população ainda é limitado. De acordo com a pesquisa das acadêmicas Emanuelle e Isadora, as moradias das Vila Labirinto e São Jorge são desprovidas de instalações adequadas e os acessos e vias são bem limitados, não oferecendo, por exemplo, acessibilidade básica para ambulâncias, bombeiros e cadeirantes.

Ampliar a análise e o debate sobre as realidades do Vale do Rio dos Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre a partir das contribuições de acadêmicos e trabalhadores por meio de sistematizações de pesquisas e/ou experiências de intervenção é o objetivo do edital de Apresentação de trabalhos para publicação pelo ObservaSinos/Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Em 2015, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promoveu o edital a fim de dar espaço para pesquisas e/ou experiências na região dos Sinos e Região Metropolitana de Porto Alegre, que contou com a participação de trabalhos que analisaram diferentes realidades a partir de diferentes perspectivas.

O trabalho “Retratos: Vila Labirinto e São Jorge: Análise das realidades do Vale do Sinos” foi realizado pelas acadêmicas em Arquitetura e Urbanismo da Unisinos Emanuelle Carraro e Isadora Bresciani.

Eis o texto:

Para as cadeiras de Atelier de Projeto VI e Atelier VI: Seminário de Interação, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no período de 2015/2, na qual o tema de projeto era Habitação de Interesse Social, foi desenvolvido um trabalho fotográfico e de levantamento de informações e dados da população residente nas Vilas São Jorge e Labirinto, pertencentes ao bairro Duque de Caxias, na cidade de São Leopoldo. A proposta do projeto era readequar o local para os moradores, de maneira que pudessem ter maior qualidade de vida; dessa forma, decidiu-se acompanhar a rotina e vivência dos que ali habitam, a fim de compreender suas necessidades e problemas enfrentados.

De uma visão geral, observou-se que as Vilas e seus habitantes estão em situação irregular, pois a área em questão era, inicialmente, parte pública e parte de propriedade particular. Os primeiros moradores chegaram em meados de 1980, onde o que havia no local era apenas uma área de vegetação densa. Hoje vivem cerca de 300 famílias em um aglomerado de moradias, desprovidas de instalações adequadas. Os acessos e vias são bem limitados, não oferecendo, por exemplo, acessibilidade básica para ambulâncias, bombeiros e cadeirantes. As redes de telefonia, água e esgoto foram instaladas em 1993, portanto foram pouco mais de 10 anos sem saneamento básico.

Atualmente, parte dos lotes da Vila São Jorge vêm sendo regularizados, a fim de conseguir a escritura dos mesmos, porém alguns moradores apresentam resistência por temer aumentos de custos com impostos consequentes dessas regularizações. As condições de habitação já se elevaram muito em relação a alguns anos atrás devido à grande atuação da associação de moradores. Essas melhorias para a maioria já são suficientes, o que impede de a área toda adequar-se à legislação.

Os primeiros pontos que chamam a atenção ao chegar ao local são a grande densidade habitacional e a falta de infraestrutura adequada, principalmente na Vila Labirinto, que faz interface com a estação de trem Unisinos. Seguido disso, vem o sentimento de insegurança que, depois de entrar no local, passa despercebido devido à receptividade e simpatia dos moradores, sempre dispostos a contar sua história. Através do trabalho fotográfico e das visitas conseguimos compreender um pouco do que é esse orgulho que as pessoas de lá carregam pelo lugar onde vivem. Muitas saíram de suas terras natais em busca de um emprego e de uma vida melhor e conquistaram seus espaços aos poucos. Costumam dizer que o nome Vila São Jorge foi dado ao local devido ao próprio santo, que era um guerreiro.

Independentemente de todos os problemas que a área possui, seus moradores não deixam morrer o espírito de comunidade, a convivência e o respeito pelo local em que moram, bem como pelos vizinhos. O destaque do trabalho fotográfico se dá para as crianças, que não param de
sorrir e correr, mesmo que não tenham com o que brincar. Na mão delas, até um dia de recolhimento de restos de material para descarte vira brincadeira. As famílias costumam se reunir para conversar e tomar chimarrão e, mesmo enfrentando problemas, como falta de segurança, áreas propícias a alagamentos em época de chuva, escassez de áreas verdes e de lazer, não deixam de demonstrar sua satisfação por terem conquistado seu lugar.

Através desse trabalho, é possível entender o significado de pertencer a algum lugar. Por meio de fotografias e relatos de moradores, obteve-se o conceito para o projeto no local: “Retratos: da rotina, das relações, da convivência”

Fotografia: Carolina Grimm, Emanuelle Carraro e Isadora Bresciani

Evelyn, 11 anos. Uma das brincadeiras comuns entre as crianças é recolher descartes dos outros moradores (pedaços de madeira, papel, tecidos, ...) e levá-los para perto da área do Horto Florestal, pois o serviço de recolhimento de lixo não passa por dentro da Vila. O que não é recolhido, acaba sendo queimado ali mesmo, as vezes até pelas próprias crianças.

Wesley, 10 anos. Ao fundo, o carrinho que as crianças carregavam com os descartes.

 

Dona Cleusa, moradora desde 1980, proprietária de um bar dentro da Vila. Vinda de São Luiz Gonzaga, em busca de trabalho, conta que quando chegou à área das Vilas, o que havia era apenas vegetação densa. Declara orgulho por ter conquistado seu lugar, e diz que não abriria mão dele por nada.

Andresa e Eduarda, mãe e filha. Apesar da timidez, os moradores nos receberam muito educadamente e não se incomodaram por estarem sendo fotografados por pessoas desconhecidas.

Vagner, ou “Vaguinho”, como é conhecido pelos amigos. As crianças adoraram nos mostrar a Vila e contar como as coisas funcionam. Também pediram que fossem fotografados individualmente.

Rua Jose Francisco e Rua do Calçadão. A primeira foi nomeada em homenagem a um dos primeiros moradores da Vila, e a segunda, por ser uma das únicas ruas a ter calçamento durante um longo tempo, além de ser a única que possui emplacamento de logradouro público. Atualmente, todas as ruas da Vila São Jorge possuem calçamento. As da Vila Labirinto continuam sendo de chão batido, por serem administradas por uma Associação de moradores diferente.


Por Emanuelle Carraro e Isadora Bresciani

A partir da urbanização nas grandes cidades, alguns locais mantêm-se esquecidos. A Ilha da Praia, sendo um destes lugares, necessita de requalificação urbana em São Leopoldo. Assim, obteve-se um projeto de requalificação do entorno e toda a extensão da ilha, com ênfase na valorização do Rio dos Sinos e na educação ambiental a partir do estudo de Izabele Colusso e Julia Rolim.

Ampliar a análise e o debate sobre as realidades do Vale do Rio dos Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre a partir das contribuições de acadêmicos e trabalhadores por meio de sistematizações de pesquisas e/ou experiências de intervenção é o objetivo do edital de Apresentação de trabalhos para publicação pelo ObservaSinos/Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Em 2015, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, promoveu o edital a fim de dar espaço para pesquisas e/ou experiências na região dos Sinos e da Região Metropolitana de Porto Alegre, que contou com a participação de trabalhos que analisaram diferentes realidades a partir de diferentes perspectivas.

O trabalho “Diagnóstico e possibilidades da Ilha da Praia do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS” foi realizado pela graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Unisinos, Julia Rolim, sendo orientada pela professora Izabele Colusso do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Unisinos e Coordenadora da Especialização em CIDADES – Gestão Estratégica do Território Urbano e pela .

Eis o texto:

1. Introdução

A cidade de São Leopoldo está localizada próximo à capital do estado, Porto Alegre, RS. A cidade também faz parte do Corede do Vale do Rio dos Sinos-RS. Possui 214.087 habitantes e uma área total de 102,739 km2.

 

Imagem aérea da cidade de São Leopoldo

Imagem: wikipedia.org

São Leopoldo foi habitada por índios carijós e por imigrantes açorianos. Era um vilarejo conhecido como Feitoria do Linho-cânhamo quando chegaram os primeiros 39 imigrantes alemães à região, em 25 de julho de 1824, enviados pelo imperador brasileiro Dom Pedro I para povoar a localidade. Tradicionalmente, a cidade é reconhecida como sendo o berço da colonização alemã no Brasil, título este reconhecido, inclusive, por lei federal. (Wikipédia).

1.1 Fragmentos do passado: O Rio dos Sinos e sua relação com São Leopoldo

Imagem: wikipedia.org

Como podemos observar nas imagens, São Leopoldo tinha uma relação de cumplicidade com seu Rio, e as pessoas usufruíam dele de forma saudável e colaborativa. A cidade teve seu desenvolvimento às margens do Rio dos Sinos, o qual até hoje proporciona crescimento para seu município, apesar de este ignorar sua existência.

Imagem: wikipedia.org

O Rio dos Sinos representa importante elemento geográfico para a cidade. Sua Bacia Hidrográfica, apesar de representar uma região relativamente pequena em relação ao Estado do Rio Grande do Sul, concentra intensa atividade econômica, sobretudo industrial e agrícola, sendo responsável pelo abastecimento de água para uma população que gira em torno de 1.500.000 pessoas. O Rio dos Sinos (principal rio da Bacia Hidrográfica) exerce papel de fundamental importância como referencial geográfico, cultural e de recurso natural essencial à região. Ações para a utilização consciente desse patrimônio tornam-se urgentes, na medida em que a sociedade depende dele para a sua sobrevivência. Nesse contexto, trabalhar fatores envolvendo a atratividade turística se mostra de grande valia frente aos princípios constitucionais de desenvolvimento sustentável, solidariedade, educação ambiental, prevenção, entre outros. Portanto, no caso do Rio, é imperativo maior atenção no quesito de elaborar um projeto integrado e sustentável que possa favorecer a população no direito de uso desse bem, visando à sua valorização e preservação. (Fonte: A sustentabilidade em crise no Rio dos Sinos, RS: o sistema jurídico brasileiro e as possibilidades de turismo sustentável, 2011/2012).

Imagem: wikipedia.org

A área em questão – a Ilha da Praia – encontra-se às margens do Rio dos Sinos, mais precisamente na cidade de São Leopoldo. A Ilha da Praia possui uma área de 38.611,03 m², circundada de uma vegetação abundante e de edificações históricas que deram início à cidade de São Leopoldo. O local possui um grande desnível nos principais acessos, chegando a atingir 5,5 metros.

1.2 Área de Intervenção: RUA DA ILHA DA PRAIA

 

Imagem: Julia Rolim

 

Imagem: Julia Rolim

2. Diagnóstico da Situação Atual

A Ilha da Praia encontra-se em uma situação de completo abandono. A única rua existente no local não possui pavimentação e a iluminação é escassa, fazendo dali um lugar perigoso, pouco frequentado e, consequentemente, pouco conhecido. Mas, em contraponto a este abandono, encontramos belos visuais, onde a natureza, em meio à poluição, pede socorro. O lugar é rico em Fauna e Flora, podendo ser um refúgio verde no meio da loucura da cidade de São Leopoldo; além disso, seria o local em que as pessoas poderiam ter um contato mais próximo com o Rio dos Sinos, entendendo a importância da sua existência e o cuidado que é preciso ter com ele. Em seu entorno, possui edificações de importância histórica e cultural para São Leopoldo, como o Museu do Rio dos Sinos, a Ponte 25 de Julho, o marco dos Imigrantes, dentre outras edificações e símbolos que contam a história da cidade e como ela foi fundada.

Imagens ao longo da Rua.

Fotos: Julia Rolim

Como mencionado anteriormente, apesar do abandono, a área possui uma natureza exuberante e que ainda sobrevive a todos esses problemas, mas que pede socorro, que nos faz repensar a maneira como estamos desprezando a localidade que está definhando aos poucos, sem contar com a ajuda da sociedade e do poder público, que ignoram qualquer possibilidade de recuperação do local. Foi pensando nisso, como também para que as pessoas pudessem repensar a situação do Rio dos Sinos, que o projeto foi proposto.

Visuais que se encontram na área.

Foto: Julia Rolim

 

Restaurante e partida do Martin pescador (Barco que faz passeios pela região).

Foto: Julia Rolim

 

Foto: Julia Rolim

Foto panorâmica da Ponte 25 de julho, mostrando o vínculo da ilha com a cidade.

Foto: Julia Rolim

Arvore símbolo do projeto, foi inspiração para o conceito. Está localizada às margens da ligação da ponte coma Avenida Caxias do Sul.

Foto: Julia Rolim

Ponta da ilha, onde o Sol de põe, proporcionando um dos mais belos pores do sol, localização NORTE.

Foto: Julia Rolim

Local onde acontece o Nascer do Sol, localização SUL.

Foto: Julia Rolim

Face coma Ponte 25 de julho e o centro histórico.

Foto: Julia Rolim

 

Início da Rua, onde se encontra o Museu do Rio dos Sinos.

Foto: Julia Rolim

2.1 Levantamentos

A partir da escolha da área e do diagnóstico da localidade, fizemos uma série de levantamentos para podermos tomar as decisões pertinentes ao projeto, como seus principais acessos, a massa de vegetação, a cota de inundação, a vegetação existente no local e a taxa de poluição, que é elevada na localidade. Abaixo podemos verificar os resultados encontrados.

2.1.1 Rio dos Sinos e sua atual situação

Imagens: wikipedia.org / Gráficos: Julia Rolim

A situação atual do Rio dos Sinos é de grande preocupação, pois hoje ele se encontra na incômoda 4ª posição de Rio mais poluído do Brasil, segundo dados do IBGE. Se no passado o Rio era motivo de grandes diversões e podíamos usufruir dele de maneira efetiva, na atualidade não possui condições para banho, sendo que 95% de sua poluição é de esgoto doméstico e 5% é de esgoto industrial, segundo dados do COMITÊ SINOS. Vemos que a própria população tem responsabilidade nestes dados, assim como o poder público; ou seja, todos somos responsáveis.

2.1.2 Análise dos levantamentos
A área possui fácil acesso, pois existe todo o tipo de modal. A Rodoviária encontra-se em seu entorno, fazendo essa comunicação da região metropolitana; além disso, ônibus municipais passam ao lado. O trem possui uma estação a cerca de 2 km, podendo-se fazer o deslocamento a pé até o local; a BR 116 corta a área, dando acesso tanto pelo centro na Ponte 25 de julho, quanto pela Avenida Caxias do Sul. Podemos avaliar no mapa abaixo as possibilidades de chegada até a área.

Imagem: Julia Rolim

Na mobilidade urbana, podemos identificar as possibilidades de transporte que a localidade permite, os tipos de ônibus, quais passam pela área, de que maneira podemos chegar a pé ou de carro.

O mapa abaixo permite visualizarmos que o local tem grande potencialidade pela sua localização, que é muito privilegiada, situando-se em uma área nobre e central da cidade.

Imagem: Julia Rolim

A área possui grandes massas de vegetação, e, por se tratar de uma área de preservação ambiental, temos todo o interesse de que seja preservada a vegetação existente, estimulando o plantio de novas mudas.

Imagem: Julia Rolim

No mapa abaixo, temos a informação de que tipo de atividades o seu entorno possui, desta forma podemos diagnosticar o público que possuímos na região. Por se tratar do centro da cidade, temos amplas possibilidades em termos de usos.

Imagem: Julia Rolim

É de extrema importância sabermos o que a Legislação nos permite na área e o que o poder público imaginou para a localidade, mas isso é percebido de maneira não muito clara, pois o poder público não vai a fundo na área em questão, definindo o que pode ou não somente em um corte da área, sendo ela de interesse cultural, como podemos visualizar no mapa em questão.

Imagem: Julia Rolim

Foi feita a análise das edificações existentes em seu entorno e dentro da Ilha, avaliando uma a uma sua Importância Histórica e Arquitetônica. Além disso, possuímos bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado - IPHAE que de forma alguma podem ser descartados.

Imagem: Julia Rolim / Fotos: wikipedia.org

                                                                 Fotos: wikipedia.org

O mapa síntese nada mais é do que a situação atual geral. De forma ilustrativa, abaixo podemos verificar que a área tem como prioridade o carro, não possui nenhum tipo de acessibilidade, tem pouco comércio e algumas residências; além disso, há edificações de patrimônio histórico e cultural, mas seu potencial é pouco explorado.

Imagem: Julia Rolim

3. Delineamento de Possibilidades

Apesar de a área não possuir uma boa infraestrutura no momento, pude perceber, em minhas idas a campo, que os usuários que frequentam o local clamam para que a ilha seja devolvida a eles de maneira efetiva, com a reformulação do local, não perdendo sua identidade. Além disso, São Leopoldo representa a maior parcela em terra de seu território que tem a possibilidade de usufruir do Rio, e não como se encontra hoje, em que a cidade virou às costas pro seu Rio’’, com a criação dos diques nos anos 80 e 90 para combater as cheias que inundavam a cidade. Desta forma a população vê de maneira positiva a valorização deste local central e nobre, onde estaria vislumbrando a conscientização da importância que o Rio dos Sinos tem para a população do Vale do Sinos, com um vasto programa de Reeducação Ambiental e recuperação do patrimônio histórico existente na Ilha, ainda trazendo outras atividades de forma a movimentar de maneira saudável e responsável o território em questão.

Assim sendo, o tema prevê a requalificação da Ilha da Praia, consistindo na criação de conexões com a cidade e a preservação do bem histórico, bem como o cuidado com a fauna e flora existentes no local, devolvendo a São Leopoldo uma área nobre, que com o passar dos anos ficou esquecida. O projeto contempla espaços que estejam em harmonia com o rio. Toma como base o papel de preservação e valorização do Rio dos Sinos, trazendo atividades de educação ambiental, feiras temáticas, espaços de convivência, esporte, lazer, gourmet e os visuais que essa combinação proporciona e buscando futuramente usufruir do Rio para banho. O Comitesinos vislumbra, em uma posição otimista, que daqui a 16 anos possamos utilizá-lo para banho; desta forma o projeto prevê um espaço destinado a isso, que seria feito somente com esta afirmação, que depende de ações da comunidade e do poder público.

3.1. Mapa Proposta / Conceito / Mobilidade Proposta

Imagem: Julia Rolim

O mapa proposta prevê a inversão do que acontece na área hoje. O perfil existente seria dedicado ao usuário, com boa iluminação, bancos e atividades de interação em toda sua extensão, comunicação direta com o Rio e vegetação em abundância. Por se tratar de uma área de preservação ambiental, o carro é retirado da ilha, dando lugar às pessoas a pé e de bicicleta. O percurso prevê ciclovias e pistas de caminhadas; além disso, a acessibilidade universal é levada para localidade, fazendo do lugar acessível a todos.

O conceito utiliza uma imagem da área para demonstrar a interação do projeto com seu ideal. "Como uma semente que cultivamos e aguamos, ao longo do tempo se transforma em uma linda e frondosa árvore", isto é, a partir do momento que iniciamos um processo de recuperação de uma área, plantamos uma semente que leva um tempo para se tornar essa linda árvore. Tempo, dedicação e responsabilidade com o que queremos é fundamental para que os projetos realmente saiam do papel, e o projeto visa ao plantio desta semente em prol da recuperação do seu bem natural.

Imagem: Julia Rolim

O programa prevê atividades que interajam com os usuários tanto durante o dia quanto à noite, vislumbrando técnicas sustentáveis e que preservem o bem natural e histórico.

A mobilidade proposta prevê um percurso exclusivo para ciclovia, criando conexões com a cidade dando ligação à ciclovia existente em Novo Hamburgo e criando uma segunda em São Leopoldo, indo em direção ao trem. O carro não possui prioridade, ficando delimitado às bordas da área.

Imagem: Julia Rolim

Nos esquemas acima, podemos verificar, de maneira clara, os percursos propostos de pedestres e com acessibilidade, assim como as conexões de acesso à ilha e onde ficam os estacionamentos de veículos. O plantio de árvores em lugares onde ainda não havia também é levado em consideração.

3.2 Programa / Diretrizes

Imagem: Julia Rolim

O Programa está diretamente vinculado com as Diretrizes de projeto. Pensando em movimentar a área de maneira efetiva, a ilha recebeu uma série de atividades no intuito de valorização e desenvolvimento da área. Além disso, busca ligações diretas com seu entorno, criando envolvimento e dinamismo.

Abaixo a identificação destas atividades e suas funções para cada localidade da área:

Imagem: Julia Rolim

4. O projeto

A partir dos levantamentos mostrados anteriormente e do lançamento de proposta, chegamos ao projeto que se adequaria à situação do local e devolveria a área de maneira efetiva ao seu usuário. Desse modo se faria da Ilha um lugar de extrema importância para região do Vale do Sinos, pois ela representaria a recuperação do meio ambiente em um âmbito referente ao Rio dos Sinos e seria um marco para cidade de São Leopoldo, tornando-se referência em área verde sustentável e preservação da história e identidade da cidade.

4.1 Proposta para o Entorno

Imagem: wikipedia.org

Acima são mostradas as soluções adotadas para seu entorno, como o estacionamento verde, que busca versatilidade em sua formulação, pois possui uma ampla arborização, tendo respiros que permitem ter a função não somente de estacionamento, mas também pode ser um espaço de feiras, Food trucks e espaços de convivência, lugar de encontro de pessoas. Além disso, encontra-se no local a locação de bicicletas e carros acessíveis. Uma nova conexão foi criada, que seria um grande portal verde, uma ponte que abriga pedestres, bicicletas e carros acessíveis (carros de golfe adaptados para cadeirantes, pessoas idosas e pessoas com dificuldade de mobilidade). Com ampla vegetação, a ponte é feita de metal e será um grande marco visual na paisagem. Pensando na sustentabilidade, foi assumida uma bacia de contenção como uma lagoa de macrófitas, estimulando a técnica e trazendo grupos de estudo para área.

4.2 Implantação

Imagem: wikipedia.org

 

A Implantação contempla o programa e as diretrizes em forma de projeto. Se verificarmos a legenda, podemos identificar todas as atividades de entorno e na área de intervenção, a Ilha, as massas de vegetação, conexões, tipos de pisos, o projeto como um todo.

Abaixo, as imagens que representam o projeto:

Legenda na implantação: P - Acesso principal, portal verde - vista de dentro da ilha

Legenda na Implantação: P - Acesso principal, portal verde - vista da ponte

Legenda na implantação: L - Percurso de ciclovia e pistas de corrida, área de biblioteca ao ar livre, feita de mobiliários sustentáveis como Pallets

 

Legenda na implantação: b - Rua House Night, onde funcionam bares de containers, trazendo movimento durante a noite e sendo edificações flutuantes em função da cota de inundação

Legenda na implantação: b - Rua House Night, onde funcionam bares de containers, trazendo movimento durante a noite e sendo edificações flutuantes em função da cota de inundação.

Legenda na Implantação: b - Zona Gourmet, utilizando o dique de contenção com Containers, vista da ilha

Legenda na Implantação: b - Zona Gourmet, utilizando o dique de contenção com Containers, vista do Dique

Legenda na Implantação: O - FEIRINHA, com os mais variados produtos

Legenda na Implantação: I - Anfiteatro Rio dos Sinos

5. Considerações finais

Com o interesse de concretizar e viabilizar uma proposta de recuperação da área, a aluna Júlia Rolim, responsável pela proposta acima, que buscar mostrar o potencial do local, se uniu aos também arquitetos Carine Berger e Cléber da Rosa. São Leopoldo nasceu a partir do Rio dos Sinos. Com o Movimento Reviva não foi diferente. A partir de trabalhos finais de graduação, os arquitetos Júlia Rolim, Carine Berger e Cléber da Rosa – que pesquisaram a fundo a história da evolução urbana de São Leopoldo – perceberam que os assuntos como a qualidade da paisagem urbana e a valorização do patrimônio cultural estavam longe de se esgotarem. Não se tratava de uma hipótese que depois de defendida poderia ser arquivada com o sentimento de dever cumprido. O assunto merecia mais atenção.

Existe algo em São Leopoldo que prende o habitante, que o faz amar esta cidade. Algo que vai além de questões emocionais do imaginário particular. A cidade tem uma alma, mas ela desfalece. Não existe vida na cidade como outrora, apenas iniciativas isoladas que poderiam estar acontecendo em qualquer outro lugar sem prejuízo algum. A cada dia os prédios antigos dão lugar a empreendimentos nada acolhedores, e o sentimento de que a cidade está caminhando para a incerteza toma conta. É quase impossível um jovem olhar fotos antigas da cidade e não ser tomado por um sentimento de saudade de um lugar onde nunca esteve. Ora, se o passado parece melhor que o presente, o que aconteceu no meio do caminho? Por que a cidade é como é, e não é de outra forma?

São Leopoldo poderia ser muito mais interessante. Ela não se aproveita a si mesma. É comum verificarmos pessoas se deslocando para cidades vizinhas – às vezes a Porto Alegre – para tomar um simples chimarrão enquanto desfrutam de uma paisagem interessante. Por que temos de nos deslocar 80 quilômetros para termos isso?

Como aponta Carlos N. F. Santos (1988) “todos os habitantes formulam uma imagem coletiva do lugar onde vivem”. Sendo assim, o que é daqui que só poderia acontecer aqui? Quando essa resposta começa a demorar a sair ou nem acontece é sinal de que a cidade não vai bem.

O Rio dos Sinos, aquele que gerou São Leopoldo e até hoje nos alimenta, é sem dúvida uma das respostas para o problema da identidade cultural e da qualidade ambiental. Talvez a pergunta central que conceitua o Movimento Reviva seja: E se hoje fosse liberada verba para executar um projeto de requalificação da orla do Sinos junto à Ponte 25 de Julho (por exemplo), nós saberíamos o que fazer? Existe uma demanda, um projeto, um sonho que represente a comunidade leopoldense em sua integralidade cultural? A resposta é não, possuímos intenções de projeto com grande potencial, mas devemos ir mais a fundo neste assunto. Não só em relação à área central, mas também a outras partes da cidade.

Inspirado pelos princípios do Estatuto da Cidade, o Reviva é uma iniciativa de empreendedorismo social que busca ser um articulador entre o poder público, as instituições de ensino e a comunidade, promovendo eventos que abordem a dialética da requalificação da paisagem, da preservação da memória da cidade e do desenvolvimento sustentável. De maneira a viabilizar a proposta, teríamos como fontes de custeio o PAC, Recursos a fundo perdido, Emendas parlamentares (projetos levados por deputados), eventualmente até o FNC (Fundo Nacional de Cultura), além da possibilidade de apoio privado.

Como primeira atividade prática, os integrantes planejam uma Oficina de Desenho Urbano, a fim de debater ideias e projetos em torno da orla do Rio dos Sinos, envolvendo a Unisinos, o Poder Municipal e a comunidade em geral.

Reviva São Leopoldo: empreendedorismo social a serviço da requalificação da paisagem urbana e valorização do patrimônio cultural.

 

Por Izabele Colusso e Julia Rolim