Confusão entre pobreza e miséria: a crítica do cardeal africano

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01 Agosto 2017

Nem mesmo a pobreza escapa da “ditadura do ruído”, subtítulo do último livro do cardeal africano Robert Sarah: La forza del silenzio [A força do silêncio], com prefácio do Papa Emérito Bento XVI (Ed. Cantagalli, 287 páginas).

A reportagem é de Fabrizio D’Esposito, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 31-07-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Tendo chegado a Roma da Guiné, Sarah hoje preside no Vaticano o decisivo dicastério para a liturgia. Foi Francisco que o quis, mas a visão tradicionalista do cardeal agrada muito aos ambientes clericais de direita, que, a partir do seu livro, já tomaram argumentos para combater aquilo que eles consideram como uma espécie de relativismo, senão de niilismo litúrgico do Papa Bergoglio.

No livro, o purpurado se detém também sobre a pobreza, ligada, obviamente, ao tema do livro, o silêncio. “Jesus, Maria e José não eram pobres, talvez? Por acaso, gritaram a sua rebelião contra a pobreza? Muitos monges e freiras, Madre Teresa e as suas irmãs missionárias são pobres, e não são silenciosos?”.

Questões que servem de prelúdio para o pensamento de Sua Eminência Sarah: “Estou surpreso com o modo pelo qual a pobreza é considerada no mundo atual e também por muitos membros da Igreja Católica. Na Bíblia, a pobreza é sempre uma condição que aproxima Deus ao homem. Os pobres de Yahvé povoam a Bíblia. O monaquismo é um impulso a Deus apenas: o monge leva a sua vida na pobreza (...). Ao contrário, o mundo moderno se prefixou como estranho objetivo erradicar a pobreza. Acima de tudo, existe uma forma de confusão inquietante entre a miséria e a pobreza”.

Eis o ponto central da reflexão: a diferença profunda entre pobreza e miséria. Se a pobreza deve ser entendida como “despojamento” absoluto para combater melhor o materialismo mundano, ao contrário, a miséria, de fato, não é “semelhança de Deus”.

Ao contrário, contra a miséria a revolta não é apenas “correta”, mas também “necessária”. Uma distinção que, especifica o cardeal Sarah, remonta à Gaudium et spes, constituição apostólica nascida do Concílio Vaticano II.

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