Agentes da pastoral de Matagalpa são detidos pela polícia da Nicarágua

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05 Julho 2016

A Polícia nicaraguense prendeu, fotografou e fichou três agricultores agentes da pastoral da Diocese de Matagalpa, neste fim de semana, no município de Rancho Grande, por serem investigados pela alegação de supostamente haverem pichado contra o governo de Daniel Ortega, na localidade.

A informação é de Israel González Espinoza, publicada por Religión Digital. 04-07-2016. A tradução é de Henrique Denis Lucas.

Os agentes da pastoral investigados atendem pelos nomes de Simón González Salazar (33 anos), seu irmão, Dimas Israel González Cantarero (19 anos) e seu pai, Simón González Polanco (66 anos).

"Eles chegaram (os policiais e membros do Grupo de Intervenção Rápida) agressivamente, como se fossemos criminosos", relatou o Delegado da palavra de Deus, Simón González Salazar ao jornalista Luis Martínez do jornal La Prensa de Nicaragua.

Dias antes à detenção dos agentes pastorais da Igreja, alguns homens do governo de Ortega foram a uma feira para convidar as pessoas a apoiarem a candidatura à reeleição do presidente, colocando cartazes políticos por todo o lugar, incluindo a capela católica da localidade, o que gerou descontentamento dos paroquianos, que retiraram a propaganda política do templo religioso. A retirada dos cartazes pró-governo provocou a ira dos militantes oficialistas.

No mesmo dia da feira dos simpatizantes do partido do governo, surgiram nas paredes do povoado diversas pinturas contra o presidente Ortega e seu governo. Alguém da comunidade acusou os agentes da pastoral, antes mencionados, de realizarem as escritas antigovernamentais.

"Para quem vocês irão votar?", perguntou um dos homens fardados, e González Salazar respondeu: "Somos democráticos", mas o policial replicou: "Por que se preocupam com a Igreja, se aqui o comandante Daniel Ortega seguirá sendo presidente, queiram ou não queiram, vocês não são nada para ele", contou o colaborador religioso.

A detenção se efetuou no dia 1º de julho, e a polícia ameaçou os agentes pastorais de transladá-los de Matagalpa até a capital, Managua, onde seriam reclusos nas celas da Direção de Auxílio Judicial. Nesta mesma noite, os oficiais obrigaram os investigados a escrever as mesmas palavras antigoverno para ver se as letras coincidiam, mas isto não ocorreu.

No dia seguinte, após serem submetidos a interrogatório, fotografados e fichados pela polícia, os detidos foram libertos novamente.

"Desculpem-nos. Nos equivocamos com vocês", expressou um dos policiais investigadores ao Delegado da Palavra, Simón González Salazar.

O pároco da localidade de Rancho Grande, padre Pablo Espinoza, denunciou a atuação da Polícia e mencionou que têm chegado até ele diversas queixas de perseguição contra agricultores das localidades que pertencem a sua paróquia.

"Não estamos em tempos de guerra, (mas) estão fazendo igualzinho a Guarda (Nacional, durante a ditadura somocista) e não temos a quem recorrer, porque a justiça também está surda para estes assuntos", narrou o sacerdote.

O pároco acrescentou que há de se respeitar a ideologia política de cada cidadão. "São vários (paroquianos) que se queixam a mim de que (os policiais) abordam agressivamente para que votem na Frente Sandinista e isto não deve acontecer, há de se existir respeito".

"(A atuação policial) me recordou os tempos de guerra e a imagem que a polícia está proporcionando é lamentável, pois ao invés de estar à disposição da população para dar proteção, está se tornando temível como instituição, e acredito que isso aconteça em toda Nicarágua, a transformação em uma instituição de repressão", lamentou o sacerdote Pablo Espinoza.

O município de Rancho Grande é famoso em todo o país e na América Central por ter se mantido mobilizado para evitar que o governo da Nicarágua, presidido pelo sandinista Daniel Ortega, outorgasse uma concessão extrativista mineira a uma empresa canadense, na localidade.

As marchas foram acompanhadas pastoralmente pela Igreja diocesana, encabeçada pelo Bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez Lagos, sob o impulso da encíclica Laudato Si do Papa Francisco. No final, o governo de Ortega revogou a concessão.

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