10 Fevereiro 2016
"Não temos dados completos sobre as eventuais consequências psicológicas para uma criança criada por progenitores gays. Atualmente, uma ampla série de pesquisas científicas provam o contrário. No entanto, é cedo para tirar conclusões e prever danos contra os filhos de famílias não tradicionais." Gabriel Levi é o diretor do Departamento de Psiquiatria Infantil da Universidade La Sapienza, criado por Giovanni Bollea.
A reportagem é de Margherita De Bac, publicada no jornal Corriere della Sera, 04-02-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Professor Levi, diversas sociedades e academias norte-americanas se manifestaram contra a demonização do sistema familiar fundamentado em progenitores homossexuais. O que você acha?
É verdade, até agora os estudos vão nessa direção, mas, na minha opinião, ainda são jovens e baseados em experiências limitadas. Vão ser necessários 30 anos para ter respostas mais claras sobre esse assunto, porque certas problemáticas podem se manifestar no longo prazo.
Como neuropsiquiatra, você teve experiências diretas?
Eu já tive casos muito difíceis de adoções por parte de pais heterossexuais, mas nascidas com as melhores intenções e premissas. Lembro-me de dois cônjuges inférteis que, depois de acolherem a criança estrangeira, lhe deram um irmãozinho. Eles pensavam que não podiam ter filhos, e, em vez disso, a mulher ficou grávida. Isso criou uma crise profunda no primeiro filho. A criança se sentiu expulsa, jogada fora.
O que significa esse seu exemplo?
Que o sucesso de uma adoção não depende do sexo e deve ser considerado caso a caso. Depende do caminho percorrido pelos progenitores homossexuais para chegar a essa escolha, se se trata de uma decisão serena ou se é fruto de uma reivindicação. Incide muito a história pessoal e o tipo de união dos dois indivíduos.
Isso significa que, então, o filho adotado por gays tem possibilidades iguais de crescer bem ou mais em relação a quem vive dentro de casais heterossexuais?
A presença de progenitores não tradicionais, sejam eles homossexuais ou solteiros ou pais-avós, constitui uma variável a mais.
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Pais gays: "Consequências para as crianças? Não há evidências" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU