“A Igreja tem as portas abertas, se as fecha se torna museu”, profere Francisco

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Por: Jonas | 11 Setembro 2015

Jesus “aprendeu a história humana” na família de Nazaré e, quando começou sua vida pública, “formou ao seu redor uma comunidade, uma assembleia”, uma “família hospitaleira”, não uma “seita exclusiva, fechada”, na qual encontraram lugar “Pedro e João, mas também o faminto e o sedento, o estrangeiro e o perseguido, a pecadora e o publicano, os fariseus e as multidões”. O papa Francisco dedicou a Audiência Geral à relação entre a família e a comunidade cristã, prosseguindo seu ciclo de catequese em vista do Sínodo ordinário sobre a família, do mês de outubro, e apontou aos fiéis a “lição” de Jesus para enfatizar que a Igreja deve ter as “portas abertas” e advertir que “as igrejas, as paróquias e as instituições com as portas fechadas não devem ser chamadas de igrejas, devem ser chamadas de museus!”.

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 09-09-2015. A tradução é do Cepat.

A Igreja, disse o Papa, “caminha no meios dos povos, na história dos homens e das mulheres, dos pais e das mães, dos filhos e das filhas: esta é a história que conta para o Senhor. Os grandes eventos das potências mundanas se escrevem nos livros de história, e aí ficam. Mas, a história dos afetos humanos se escreve diretamente no coração de Deus. E é a história que permanece eternamente. Este é o lugar da vida e da fé. A família é o lugar de nossa iniciação (insubstituível, indelével) nesta história. Nesta história de vida plena que acabará na contemplação de Deus por toda a eternidade no Céu, mas que começa na família! Por isso é tão importante a família”.

Jesus, prosseguiu o Papa, “nasceu em uma família e ali ‘aprendeu o mundo’: uma bodega, quatro casas, uma vilinha de nada. No entanto, vivendo durante trinta anos esta experiência, Jesus assimilou a condição humana, acolhendo-a em sua comunhão com o Pai e em sua própria missão apostólica. Depois, quando deixou Nazaré e começou sua vida pública, Jesus formou ao seu redor uma comunidade, uma ‘assembleia’, ou seja, uma ‘con-vocação’ de pessoas. Este é o significado da palavra ‘igreja’. Nos Evangelhos, a assembleia de Jesus tem a forma de uma família e de uma família hospitaleira, não de uma seita exclusiva, fechada: nela encontramos Pedro e João, mas também o faminto e o sedento, o estrangeiro e o perseguido, a pecadora e o publicano, os fariseus e as multidões. E Jesus não deixa de acolher nem de falar com todos, inclusive com os que já não esperam encontrar Deus em sua vida. É uma lição forte para a Igreja! Os mesmos discípulos são eleitos para cuidar desta assembleia, desta família dos hóspedes de Deus. Para que se viva no hoje esta realidade da assembleia de Jesus, é indispensável a aliança entre a família e a comunidade cristã. Podemos dizer que a família e a paróquia são dois lugares nos quais se realiza essa comunhão de amor que encontrar sua fonte última no próprio Deus”.

“Uma Igreja de verdade, segundo o Evangelho – disse o Papa entre os aplausos dos fiéis –, só pode ter a forma de uma casa acolhedora, com as portas sempre abertas. As Igrejas, as paróquias, as instituições com as portas fechadas não devem ser chamadas de igrejas, devem ser chamadas de museus! E hoje esta é uma aliança crucial. Contra os ‘centros de poder’ ideológicos, financeiros e políticos – perguntou o Papa, citando um texto que se encontra no volume de seus discursos sobre a vida e a família, pronunciados quando era arcebispo de Buenos Aires, agora publicado pelo Pontifício Conselho para a Família – tornemos a colocar as nossas esperanças nestes centros de poder? Não! Em centros de amor! Nossa esperança está nestes centros de amor, centros evangelizadores, ricos de calor humano, baseados na solidariedade e na participação, e também no perdão entre nós. Hoje, reforçar o vínculo entre a família e a comunidade cristã é indispensável e urgente”.

As famílias, apontou o Papa, “às vezes se lançam para trás, dizendo que não estão à altura: ‘Padre, somos uma pobre família e um pouco bagunçada’. ‘Não somos capazes’, ‘Já temos muitos problemas em casa’. ‘Não temos as forças’. Isto é certo. Porém, ninguém é digno, ninguém está à altura, ninguém tem as forças! Sem a graça de Deus, não podemos fazer nada. Tudo nos é dado, dado gratuitamente!”. E o Senhor “nunca chega a uma nova família sem fazer algum milagre”, como fez Jesus nas Bodas de Caná: “Todos devemos estar conscientes de que a fé cristã se desenvolve no campo aberto da vida compartilhada com todos, a família e a paróquia devem fazer o milagre de uma vida mais comunitária para a sociedade inteira”.

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