Minério: guerra se anuncia

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Por: Cesar Sanson | 14 Julho 2015

Um sinal de alerta para o Pará se acendeu diante da estratégia da Vale de aumentar ainda mais o já abusivo volume de produção de minério de ferro em Carajás. O comentário é de Lúcio Flávio Pinto, jornalista, em artigo publicado no seu blog, 13-07-2015.

Eis o artigo.

A estratégia da Vale é de aumentar ainda mais o volume de produção de minério de ferro em Carajás. É a estratégia da mineradora para derrubar concorrentes menos afortunados pela sorte de dispor de uma jazida tão rica e explorá-la com custos menores, e, a médio e longo prazo, conseguir a recuperação dos preços do produto, sobretudo junto ao seu principal cliente, a China.

Movimento também seguido pelos seus principais concorrentes, justamente os maiores produtores de ferro de custo inferior, que se armam para enfrentar uma competição selvagem, que interessa diretamente ao Pará, maior exportador para a China e segundo maior produtor do minério no Brasil.

Andy Xie, antigo economista-chefe do Morgan Stanley, hoje consultor independente, garante que a queda nos preços do minério ainda não terminou, podendo chegar na faixa de 30 dólares a tonelada neste ano, porque a demanda por aço na China prossegue em baixa, enquanto a oferta continua crescendo.

Com a intensa especulação desencadeada pela queda do mercado de ações na China, provocando a suspeita do início de uma bolha, o preço do minério de ferro sofreu 10 dias seguidos em queda, atingindo no dia 8 a maior baixa diária desde 2009. Com as medidas adotadas pelo governo chinês para segurar as bolsas, o minério de ferro teve alta de 9,9%, a maior diária em seis anos, e fechou em US$ 48,99.

“Olhe para a Austrália, onde novos projetos estão por vir. Olhe para tudo isso que está aí, para BHP, Rio Tinto, Vale. Eles não vão cortar a produção, porque não faz sentido. Por que você cortaria a produção e deixaria os produtores de alto custo voltarem ao mercado?”, disse Xie à agência de notícias.

Em fevereiro, o economista disse que o minério de ferro cairia abaixo de US$ 40 a tonelada, devido à expansão da oferta de baixo custo e ao encolhimento da demanda. Xie, que também trabalhou no Banco Mundial e negociou por mais de 20 anos na China, disse na semana passada que permanece com a mesma perspectiva de queda nos preços.

A previsão do economista para o crescimento da oferta se confirma com as projeções da Austrália. Os embarques do país, que é o principal exportador de minério, vão aumentar 10% no ano que vem, mais do que o dobro do ritmo previsto para 2015, segundo dados do governo australiano, informou a Bloomberg.

“No longo prazo, nós precisamos apenas dos grandes produtores de baixo custo. Todos esses produtores marginais que apareceram por causa dos preços altos precisam desaparecer”, afirmou o economista. Se suas previsões continuarem a se realizar, será uma perspectiva favorável para a Vale. Mas nem tanto para o Pará, que não terá rendimento proporcional ao da empresa.

Alíquota do imposto

Há dois anos o projeto do novo Código de Mineração está paralisado na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em Brasília. Seu relator, o deputado Leonardo Quintão (do PMDB de Minas Gerais), acha que pode colocá-lo para votação com a inclusão no texto de quatro variações de alíquotas.

Quando o minério ficar abaixo de 60 dólares a tonelada (como está agora), as empresas pagariam 1% do faturamento bruto com a exploração. A alíquota subiria para 2% quando a tonelada do ferro ficasse entre US$ 60 e US$ 80, e 3% de US$ 80 a US$ 100. Ela atingiria 4% apenas quando o preço ultrapassar a barreira de US$ 100 a tonelada.

O deputado espera poder pautar a votação do projeto até o próximo mês. Entretanto, seu texto ainda não foi apresentado à comissão especial que analisa o tema.

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