Por: André | 06 Julho 2015
A visita de Francisco à Bolívia está provocando muitas expectativas em todo o país e por diversos motivos. Existe uma mobilização geral, desde o governo de Evo até setores da Igreja católica, passando pelos meios de comunicação, hotelaria e comércio.
A reportagem é do jesuíta Víctor Codina e publicada por Religión Digital, 04-07-2015. A tradução é de André Langer.
A viagem do Papa ocupa os espaços da imprensa, da televisão e do rádio, com entrevistas sobre o Papa e inclusive sobre a Teologia da Libertação. Há uma vasta exibição de meios de segurança, organização de viagens, comercialização da visita com imagens, gorros, chaveiros... preparativos para a eucaristia central de Santa Cruz com a construção de um pavilhão com colunas de madeira talhadas ao estilo das reduções jesuítas, milhares de músicos chiquitanos ensaiando os cantos, os “macheteros” do Oriente preparando sua dança processual, enquanto os hotéis e pensões estão com a lotação completa.
Nas paróquias celebram-se horas santas pedindo pelo êxito da viagem de Francisco e jovens se organizam para o encontro com o Papa. O povo espera ansioso para ver um Papa muito humano, evangélico, renovador, crítico e livre, tudo isso com uma mistura de devoção e curiosidade, às vezes com ares mágicos, como se a simples presença de Francisco fosse resolver problemas familiares, religiosos, sociais e políticos.
Mas esta viagem não será fácil para Francisco. Tanto o governo como a oposição desejam aproveitar a viagem do Papa para legitimar suas posturas. Muitos esperarão que Francisco diga uma palavra a favor do mar para a Bolívia em seu diferendo com o Chile.
Há setores sociais que preparam suas manifestações contra o governo aproveitando a viagem papal. Não faltam vozes críticas que questionam os gastos, o protocolo, a manipulação política, a ambiguidade da presença do Papa Chefe do Estado do Vaticano, o contraste com a mensagem de Francisco sobre a simplicidade e a pobreza e a parafernália da viagem, tudo isso em um Estado laico e que até agora não mostrou muito boas relações com a hierarquia eclesiástica.
De Roma se repete que esta viagem não tem cunho político, mas pastoral, que o Papa vem como mensageiro da paz. O próprio Francisco disse que deseja um encontro com o povo para levar, sobretudo aos idosos, doentes e prisioneiros, a cercania e a ternura de Deus, que vem para fortalecer a fé e a esperança dos cristãos.
Esperamos que se cumpram estes desejos de Francisco e que sua vinda não seja um show midiático, mas que produza sementes de fé e esperança, de reconciliação, de unidade e de paz. Devemos estar abertos às novidades que o Francisco sempre desperta.
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Expectativas em relação à viagem de Francisco à Bolívia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU