Grécia se torna primeiro país desenvolvido a deixar de pagar o FMI

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01 Julho 2015

A decisão do Governo de Atenas de não pagar suas dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) pode acabar provocando danos colaterais imprevistos. O órgão confirmou que a Grécia não pagou o 1,6 bilhão de euros (5,5 bilhões de reais) de dívida que tinha pendente. Não somente é o primeiro calote de um país desenvolvido com o FMI, como também o de maior valor. Uma situação que reavivou as críticas ao papel do órgão na gestão da crise. Em todo caso, as normas internas impedem que o FMI participe de um novo resgate de um país em moratória. Tudo isso no momento em que Christine Lagarde busca sua reeleição à frente do Fundo.

A reportagem é de Alicia González, publicada por El País, 01-07-2015.

As relações entre a Grécia e o Fundo Monetário Internacional foram se deteriorando nos últimos meses até níveis poucas vezes vistos. Dias antes desse encontro, Varoufakis acusou o FMI de ter “responsabilidade criminal” pela situação em que o país se encontra.

Isso explica, em parte, a decisão de Atenas de excluir o FMI de sua solicitação de um novo plano de resgate. Na realidade, as normas do próprio órgão internacional impedem que ele proporcione ajuda financeira adicional a um país em moratória com o Fundo, como é a Grécia desde a noite de segunda-feira. Atenas somente se adiantou à resposta negativa que havia recebido do FMI, mas enviou uma mensagem poderosa aos seus eleitores.

O comunicado do FMI

"Confirmo que o pagamento de cerca de 1.600 milhões de euros devidos pela Grécia ao FMI não foi recebido hoje. informamos ao Diretório Executivo de que a Grécia está agora em moratória e só pode receber fundos uma vez que o montante dos atrasos seja pago.

Também posso confirmar que o FMI recebeu um pedido hoje das autoridades gregas para uma extensão das obrigações de pagamento devidas hoje, o que será submetido ao diretório executivo no seu devido tempo"

A instituição presidida por Lagarde teve um papel decisivo na gestão da crise da dívida europeia. A Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) adotaram como seus os métodos do órgão na gestão da crise, como os programas de reformas e o desembolso gradual das ajudas comprometidas em função do cumprimento de metas. As visitas periódicas dos homens de preto aos países submetidos a planos de resgate é também um bom exemplo desse particular modus operandi.

Além disso, a participação do Fundo reduziu a conta dos resgates para a Europa, mas causou críticas notáveis por isso dentro da instituição. “A maior parte dos países membros, que são os que estão contribuindo com os fundos para o resgate à Grécia, são economias com um nível de depósitos muito mais baixo do que o grego, mesmo depois de anos de recessão”, explica via e-mail Diego Iscaro, economista sênior da empresa de consultoria IHS, em Londres. O resgate a um país considerado “rico” ocorreu não só em uma, mas em duas ocasiões, apesar dos claros descumprimentos dos programas de reforma.

Esses países consideram que o caso da Grécia evidencia que o Fundo está dominado pelos políticos europeus, opinião que vem junto com as críticas sobre os escassos avanços na reforma da governança do órgão, a divisão de cotas e a lei não escrita de que o FMI deve sempre ser dirigido por um europeu. “O fato de Lagarde, nessas circunstâncias, estar buscando sua reeleição como diretora-gerente do FMI em 2016 seguramente também afetou a posição do órgão”, diz Iscaro.

As normas do Fundo impedem que ele dê nova ajuda a um país em moratória

O calote da Grécia é o primeiro de um país desenvolvido com o FMI e também o de maior valor. Já em 2013, o próprio órgão reconheceu erros na forma de gerir a crise grega. Ao avaliar como foi realizado o primeiro resgate, de 2010, o Fundo admitiu que subestimou o impacto da austeridade e das medidas de ajuste sobre a economia e criticou o fato do pagamento da dívida privada ter atrasado tanto e só ter sido incluído no segundo resgate, de 2012.

S&P coloca os bancos gregos à beira da falência

A agência de análises e pesquisa Standard and Poor's rebaixou na segunda-feira a qualificação dos principais bancos da Grécia a níveis de “quebra seletiva” (SD) e alertou que sem ajuda externa – um extremo que não contempla – a insolvência dos bancos gregos é uma certeza absoluta.

O rebaixamento da qualificação ocorre após a decisão do Governo grego de impor controles de capital desde segunda-feira às entidades financeiras do país para conter a fuga de depósitos e com o fracasso das negociações para estender os planos de resgate do país.

Segundo os critérios da agência, a impossibilidade dos depositantes de reaver seus fundos, de dispor de suas contas e transferir dinheiro constitui uma quebra seletiva das entidades. “É inevitável que os bancos gregos se declarem em falência em um prazo máximo de seis meses na falta de ajuda das autoridades europeias. Não há previsão de que essa ajuda ocorra”, argumenta.

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