08 Junho 2015
É um fantasma que nos recorda a pior história ocidental, a nave São José Paquete África, descoberta no fundo do mar ao largo de Cidade do Cabo. Porque, quando afundou aos 3 de dezembro de 1794, tinha a bordo entre 400 a 500 escravos em navegação de Moçambique a Maranhão, no Brasil. Pelo menos a metade morreu, uma chacina que nos traz à mente quanto vemos acontecer agora em quase cada dia no Mediterrâneo.
A reportagem é de Paolo Mastrolilli, publicada no jornal La Stampa, 02-06-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
A descoberta foi feita pelo National Museum of African-American History and Culture do Smithsonian de Washington, e pelo Iziko Museums of South Africa, é foi antecipada pelo New York Times. Não é a primeira nave escravista afundada e recuperada, mas é a primeira que tinha a bordo pessoas.
Provinha de Portugal, estivera em Moçambique para carregar “a mercadoria”, e recém havia passado o Cabo da Boa Esperança, quando ventos muito fortes a haviam jogado contra os escolhos. A equipagem e uma parte dos escravos se tinham salvado usando as chalupas, mas quando a quilha havia cedido pelo menos 212 deles ainda estavam a bordo. Os mergulhadores engajados pelos dois museus tiveram a certeza que tinham encontrado este relicto, quando viram na areia os lastros metálicos usados em geral para estabilizar as naves escravistas. Sua descoberta poderia resultar muito útil aos historiadores, sobretudo se fossem individuados restos ósseos.
O Smithsonian se empenhou no achado porque está para abrir o novo National Museum of African-American History and Culture, e considerava fundamental poder mostrar um destes relictos, para contar de maneira mais eficaz a terrível história do tráfico dos escravos.
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A nave negreira que afundou com a carga de escravos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU