27 Abril 2015
“É escandaloso que um país como o Líbano, com 3 milhões de habitantes, acolha 1 milhão de migrantes, enquanto a União Europeia, toda a União, acolha apenas 650 mil”, afirmou o bispo Giancarlo Perego, diretor da Fundação Migrantes da CEI, sobre o plano de dez ações aprovado pela União Europeia sobre a emergência da imigração.
A entrevista é de Paolo Rodari, publicada pelo jornal La Repubblica, 23-04-2015. A tradução é de Ivan Pedro Lazzarotto.
Eis a entrevista.
A resposta da União Europeia aos mortos no mar não agrada à Igreja?
Absolutamente, não. É um escândalo que a política europeia da imigração não valide imediatamente operações e ações que reforcem as buscas e o salvamento em alto-mar e continue a favorecer operações de controle de fronteiras. O combate aos traficantes de seres humanos já está ligado às máfias europeias e ao terrorismo internacional, passa através da ativação de uma ação que une o salvamento das pessoas ao combate das rotas.
No plano se prevê também que sejam destruídas as embarcações nas costas africanas...
Absurdo, seria melhor criar uma operação de controle do Mediterrâneo até as costas da Líbia, com o envolvimento das organizações internacionais para salvaguardar, acima de tudo, a vida das pessoas no mar, avaliando também a oportunidade de acolher, mesmo com benefícios de proteção, testemunhas e testemunhos contra os traficantes. Junto a isso, é preciso um plano de paz e de restabelecimento da segurança das pessoas nas margens da África, líbia e egípcia do Mediterrâneo, ativando também projetos de cooperação internacional para o retorno de pessoas; a recuperação de algumas profissões, o restabelecimento dos centros de saúde, a reabertura das atividades escolares. Sem paz e sem retomar as atividades econômicas e sociais, somente destruindo, não conseguiremos nada além de alimentar ainda mais o desespero e as partidas.
A Itália vem de longa data tentando fazer sua parte, ao contrário de muitos países europeus. Por quê?
Este é o ponto. Seria preciso voltar à Mare Nostrum, mas envolvendo todos os países europeus. É escandaloso que um país como o Líbano, com 3 milhões de habitantes, acolha 1 milhão de migrantes, enquanto a União Europeia, toda a União, acolha apenas 650 mil. Como Igreja italiana, nós continuaremos a ajudar as populações que sofrem, sustentando os muitos missionários que decidiram permanecer onde a situação é mais crítica e difícil. Mas se a União Europeia administrasse com políticas diferentes e menos egoístas, tudo mudaria e mudaria para melhor.
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Bispos italianos contra a União Europeia: “Vergonhoso atacar os navios, se trabalham pela paz na África” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU