17 Dezembro 2014
Uns 3.000 leigos franceses estudam atualmente teologia (além dos livres ouvintes) nos centros de formação da França. Decano das faculdades de teologia de Lion, o padre Bertrand Pinçon observa um crescente interesse por esta disciplina, sempre mais seguida on line.
A entrevista é de Céline Hoyeau, publicada por LaCroix, 15-12-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
Eis a entrevista.
Qual é a relação dos leigos com a teologia?
Constato um interesse mais vivo. Os estudantes estão em forte crescimento: temos mais de cem neste ano, ou seja, um aumento de 25%! Muitos são daqueles que retomaram os caminhos de fé, há pessoas de todas as idades, tanto homens como mulheres. Os nossos cursos de formação on line (Theoenligne.fr), por exemplo, suscitam grande interesse e respondem a verdadeiras expectativas: entre os nossos estudantes figuram uma francesa expatriada no Qatar, um em missão no Polo Norte, outro em Taiti, um dirigente de Eurodisney...
Estes estudantes batem à nossa porta através de percursos em que não havíamos pensado, o passa-palavra, os motores de pesquisa. Não vem à sede da faculdade, mais somos nós que os atingimos graças ao percurso on line que se apóia na universidade e é dotado de uma Carta de qualidade. A teologia sai dos muros da universidade católica e atinge as pessoas em sua vida cotidiana, com seu empenho de tempo, de horários...
Qual é o seu perfil?
São estudantes motivados. Não só se inscrevem, mas se reinscrevem, com o desejo de seguir um percurso de formação (e não só de quaisquer cursos) e de ser acompanhados. Por isso, organizamos um acompanhamento individual, com direção pedagógica e tutores. Nem todos querem depois empenhar-se na Igreja, procuram com frequência alimentar sua vida de fé pessoal. E também não procuram todos obter um diploma canônico, muitos, ao invés, procuram formar-se num âmbito que lhes interessa: a teologia da arte, a Bíblia, a história, os temas éticos...
Como explica este interesse renovado?
De um lado existe o problema do sentido da vida, da origem, que está presente na reflexão contemporânea. De outro, existe a necessidade que têm dentro de si há tempo – e que talvez consigam atuar somente como aposentados – de conciliar sua fé e sua vida profissional ou os seus empenhos sociais.
Existem oportunidades para estes leigos?
Há diversos tipos de oportunidades. Há o DUET (uma formação de base em dois anos de tempo integral), um certificado de especialista que permite animar cursos de formação nas paróquias, nos decanatos. A maturidade em teologia, seguida pelo máster (licença canônica), é uma boa formação para os responsáveis diocesanos em catequese, pastoral juvenil e familiar... Em sentido mais amplo, já que diminui o número dos padres, temos necessidade de professores: há lugar para leigos nas nossas faculdades de teologia! Recém assumi, para ensinar teologia moral, uma mãe de família de cinquenta anos que começou sua carreira profissional numa grande empresa antes de fazer o doutorado em teologia. Sua experiência influiu sobre minha escolha: não se trata de assumir leigos para remediar a falta de padres, mas para aproveitar sua competência e capacidade de cruzar teologia e cultura, Igreja e sociedade.
Não custam demasiado, em relação aos padres e aos religiosos?
É o nó do problema... Para que os leigos possam ser formados, é preciso encontrar auxílios, fazer parcerias com as dioceses, com mecenas privados que acreditam nas nossas instituições e na formação no interior da Igreja.
Como explica a multiplicação dos centros de formação em teologia (nas dioceses, nas paróquias...)?
A maior parte das dioceses dispõe de um serviço de formação, não é uma coisa nova. Mais surpreendente é a criação de centros ou institutos de teologia, talvez com o desconhecimento das faculdades de teologia! Que confiança se dá ao instituto universitário? Positivo é o fato de que, para a formação dos responsáveis na Igreja, algumas províncias eclesiásticas decidam mutuar os seus recursos em parceria com as faculdades de teologia. É assim, por exemplo, na nossa região universitária com o Instituto universitário Saint-Luc (Aix-en-Provence), com o Instituto de ciências e teologia das religiões (Marselha) e com o Centro teológico de Meylan (Grenoble). Estas parcerias são estimuladas e frutuosas tanto para as dioceses envolvidas como para a universidade católica.
Estes centros não representam uma concorrência para as faculdades de teologia?
Sim e não. Não, porque frequentemente procuram oferecer formações para o grande público, em formatos diferentes dos nossos (noitadas, fins de semana, sessões). Sim, quando querem fazer o que fazemos nós, mas em geral isto não dura muito. Além disso, é vocação da nossa faculdade estar a serviço das dioceses para a formação contínua dos cristãos e o meu trabalho de decano consiste precisamente no estabelecer parcerias com as dioceses.
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“Constatado um interesse mais vivo dos leigos pela teologia” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU