27 Novembro 2014
"Grande, forte, equilibrado. Assim foi o discurso do papa. Muitos naquela sala eram contrários ou indiferentes à sua visita. Mas com o seu carisma tão pessoal ele os conquistou, soube falar com cada um: e, no fim, todos o aplaudiram."
A reportagem é de Luigi Offeddu, publicada no jornal Corriere della Sera, 26-11-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Elmar Brok, eurodeputado alemão do Partido Popular Europeu, presidente da Comissão de Assuntos Externos e estreito conselheiro de Angela Merkel, há poucas semanas, estava no Vaticano para se encontrar com o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, e para preparar com ele a visita pontifícia ao Parlamento Europeu. Agora que a visita terminou, é possível fazer um balanço do que o papa semeou aqui.
Eis a entrevista.
Por que o senhor fala de um discurso "equilibrado", além de forte?
Porque havia muitos pontos fundamentais a serem mantidos juntos. Como a busca do equilíbrio entre a competitividade, as reformas estruturais, a justiça social, o pleno emprego, o crescimento. Todos esses fatores são necessários. Se um perde força, os outros devem intervir. E para costurá-los entre si o papa nos diz para usar sempre os valores da personalidade humana.
Mas a União Europeia, nos últimos anos, os seus líderes e vocês, líderes do PPE, quase sempre pregaram a competitividade, o mercado.
Nunca deixe o mercado financeiro sozinho, nem por um momento. É verdade, na União Europeia, nós deixamos a ele muito espaço, não o controlamos o suficiente. E essa falta de controle desencadeou a crise de 2008. Mas, graças à solidariedade, não fomos à falência, como em 1929.
Agora Bruxelas pede novos compromissos. Mas o líder italiano, Matteo Renzi, diz que, a partir do dia 1º de janeiro, realizadas as reformas, "seremos mais duros com a União Europeia"...
Propaganda dirigida à sua casa. Talvez, em previsão das próximas eleições políticas. Mas não se pode brincar com a política eleitoral. Porque, se você faz tantas promessas e depois não as mantém, no fim, encontra-se com um Grillo.
A Itália pede que os seus financiamentos aos projetos apresentados para o plano Junker não sejam computados no cálculo do déficit. O que o senhor pensa a respeito?
Penso que não há déficits bons ou déficits ruins. São déficits, e ponto final. Se você vai ao banco e explica que na sua conta há um buraco "bom", ninguém acredita em você.
Então, não há nenhum vislumbre de compromisso entre Roma e Bruxelas ou Berlim?
Aquela proporção máxima de 3% entre déficit e PIB, estabelecido pela Comissão Europeia, já oferece muita flexibilidade à qual se pode apontar.
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
''Sim, erramos: o mercado deve ser controlado'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU