24 Novembro 2014
Os que pensavam que a reforma da Cúria ficaria em meros retoques, se equivocavam redondamente. O Papa Francisco e o “G-9” cardinalício, ocupado com esta reforma, deram consenso a um documento que na próxima segunda-feira terminará de concretizar, antes de incorporá-lo em forma de retoques à “Pastor Bonus”. Por primeira vez na história, um casal, uma mulher e um leigo dirigirão – com função de “Subsecretários” – organismos da Cúria vaticana, dentro do macro-dicastério de Leigos e Família.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 22-11-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
O documento – escrito originalmente em espanhol, e ao qual teve acesso Religión Digital com exclusividade – define a nova congregação como competente para “a promoção da vida dos leigos, os matrimônios e as famílias, e de sua missão na Igreja e na sociedade civil”.
A Congregação – aponta o texto, simples, de apenas quatro folhas e sete artigos – desenvolve suas tarefas “mediante cinco secções. São as secções para os Leigos, a Família, a Mulher, as Associações de Fiéis e os Movimentos Eclesiais; e seus responsáveis são os subsecretários do Dicastério. Presididos pelo cardeal Prefeito e o Secretário, participam nos congressos da Congregação”.
A primeira secção ocupar-se-á “da vida cristã e da missão dos Leigos no mundo e na Igreja”, sendo presidida por um fiel leigo”, acrescenta o documento, que recorda sumariamente suas competências: animar e apoiar os leigos a participarem da vida nas comunidades e na missão da Igreja segundo seu próprio modo; construir uma sociedade justa e solidária, empenhada na promoção humana e social de seus membros, preferentemente dos pobres e marginalizados”; fomentar a “participação e co-responsabilidade dos leigos na vida da Igreja”; intercâmbio de experiências e dirigir e acompanhar reuniões internacionais.
A segunda secção tratará da Família, e “é presidida por um casal de esposos, e promove a atenção pastoral aos matrimônios e às famílias”. Sua função será favorecer a dignidade e os direitos da família na Igreja e na sociedade civil, “como união de um varão e uma mulher por toda a vida, aberta à procriação dos filhos”.
Esta secção aprofundará “a visão evangélica da família”, divulgará planos pastorais “mais adequados para a educação à castidade, a preparação ao matrimônio, o acompanhamento aos esposos em seus primeiros anos e a ajuda que requerem os divorciados e os lares mono-parentais”. Também se preocupará por conhecer “as condições humanas e sociais da instituição familiar nas diversas regiões”, e apoiará “iniciativas para a defesa da vida humana desde sua concepção até sua morte natural, e as referentes à procriação responsável”.
A terceira secção “se ocupa da missão da mulher na família, na Igreja e na sociedade. È presidida por uma mulher”. Entre suas funções, a de apoiar os bispos para apreciar “em todas as culturas a igual dignidade da mulher e sua missão específica e insubstituível na família, na Igreja, na sociedade civil, no mundo do trabalho e no universo da dor”.
Por sua vez, divulgará as “experiências daquelas mulheres que puderam entregar exitosamente na Igreja sua visão da realidade” e informará das “melhores experiências para ajudar as mulheres que passam por um embaraço difícil, e para acolher os filhos ou, se for necessário, para entregá-los em adoção. Também compartilha dos melhores programas que ajudam as mulheres e os varões que recorreram ao aborto, de maneira que consigam a reconciliação com a criatura rechaçada, consigo mesmas e com Deus, seu Pai”.
A quarta secção “se ocupa da Juventude e da Infância. É presidida por um sacerdote, secundado por um conselho de jovens”, e apoiará os bispos no âmbito da pastoral juvenil e infantil, colaborará nas jornadas mundiais da Juventude e tratará de facilitar “uma boa educação para os jovens e as crianças em seu progresso na fé”.
Finalmente, a quinta secção “trata das associações de fiéis e dos movimentos eclesiais”, e a pessoa responsável “conta com um conselho de pessoas que foram ou são responsáveis por movimentos eclesiais ou por outras agrupações de fiéis”, e se encarregará de aprovar ou reconhecer estatutos. Esta secção não se ocupará das associações de fiéis de vida consagrada, exceto no referente à sua atividade apostólica.
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Francisco nomeará um casal, uma mulher e um leigo à frente do macro-dicastério de Leigos e Família - Instituto Humanitas Unisinos - IHU