13 Novembro 2014
Tem quem procure, na Cúria, deslegitimar o sincero cardeal australiano, chefe da Secretaria das Finanças, grifando o seu caráter brusco e direto. Também pelas suas intervenções no Sínodo sobre a família. Mas talvez existam outros motivos...
A reportagem é de Marco Tosatti, publicada em seu blog San Pietro e Dintorni, de 11-11-2014. A tradução é de Ivan Pedro Lazzarotto.
Agora que a partida do cardeal Burke da Signatura foi formalizada, reduzindo força a uma das vozes mais sinceras e independentes da Igreja romana, na Cúria falm de uma manobra insidiosa para deslegitimar o cardeal australiano George Pell, chefe da nova Secretaria financiaria e econômica, e também ele, como Burke, pessoa sem papas na língua.
Percebeu-se no Sínodo, quando o cardeal australiano se pronunciou fortemente contra a Secretaria, que estava sugerindo a hipótese de uma votação aberta ao invés de secreta. E continuou a falar, mesmo com o microfone desligado, antes que o religassem, exclamando: “Deve existir transparência! Qualquer um deve poder se expressar como quiser!”. Uma troca de opiniões correta mas não muito ovacionada, que se somou ao seu ápice quando, frente à hipótese de gerir toda a situação com um comunicado, a ser emitido na Sala de Imprensa, Pell deixou escapar um “não confiemos na comunicação”, ou qualquer coisa de análogo. Naquele momento se iniciou um aplauso, com muitos padres sinodais que falavam todos juntos.
Como depois se direcionou para o término, com a votação, os três artigos “sensíveis” sob quórum de 2/3, e o ato de império do Papa que quis, violando o regulamento, fazê-los publicar igualmente, o sabemos. Mas o comportamento corajoso e evangélico de Pell (sim, sim, não, não) deu armas a quem já pelos seus e por outros motivos, não amava a pessoa e, talvez, acima de tudo a função de responsável quase único das finanças e da economia, e agora produra fazê-lo passar por exagerado e frenético. Mesmo se, em teoria, a sua franqueza não devesse desagradar a quem recomenda os padres de não serem clericais. Mas tantos são...
E alguns dos amigos da função de Pell não a compraram, a partir das responsabilidades dos departamentos econômicos do Vaticano, que a vontade do Papa esvaziou de poder real. Mas está acontecendo algo singular.
Na base do “Motu próprio” do Papa Francisco, emanado em fevereiro deste ano, seria necessário passar pela gestão da Secretaria para a Economia seja a seção financiaria da Secretaria de Estado (que gerencia, segundo alguns, uma massa de capital próxima por importância daquela do IOR) seja o escritório do pessoal da Secretaria de Estado. Mas ainda, depois de oito meses da publicação do “Motu próprio”, a passagem destes dois setores vitais não aconteceu. Provavelmente com um certo estupor e perplexidade por parte do cardeal australiano, expoente de uma cultura pragmática e eficaz. Na contramão, em primeira instância, para os “curialismos” enfraquecidos...
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Como Pell incomoda - Instituto Humanitas Unisinos - IHU