30 Outubro 2014
O uso de websites pelos partidos políticos brasileiros está bastante disseminado, mas um estudo feito pelos pesquisadores Malena Rodrigues, Antônio Barros e Cristiane Bernardes, do Centro de Formação da Câmara dos Deputados (Cefor), mostrou que os partidos de direita e centro-direita possuem os websites com maior números de ferramentas para interatividade com o público em geral.
A reportagem é de Vanessa Jurgenfeld, publicada pelo jornal Valor, 30-10-2014.
Verificou-se que entre os partidos que permitem o acesso pelo seu site a quatro ferramentas essenciais de comunicação - e-mail, boletim eletrônico, enquetes e redes sociais (através da disponibilização dos ícones dessas redes) - estão apenas cinco: PSDB, PSC, PMN, PRB e PEN.
Malena observou que são todos de direita ou centro-direita. Sobre o uso de mídias sociais, o PMDB e o PT têm mais interação em mídias sociais, embora todos os 32 partidos possuem em seus sites o ícone do Facebook e do Twitter.
Malena destacou que há muito ainda avançar, apontando que a taxa de resposta de e-mails é baixa. Em geral, é quase nula. Segundo Malena, o custo-benefício de responder e-mails, segundo assessores políticos, é muito pequeno. Muitos e-mails são deletados sem ler.
Malena também ressaltou que é preciso aprofundar a análise para um estudo qualitativo que mostre, por exemplo, a capacidade que os partidos têm dentro das redes sociais.
A análise foi feita entre fevereiro e abril de 2014 com 32 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram analisados quantitativamente os sites dos partidos observando as principais estratégias discursivas; de informação política; de interação com os eleitores; accountability (prestação de contas); transparência; e política internacional. A pesquisa tem como pano de fundo a ideia de que há novas formas de organização e reivindicação das demandas pela população, com um papel importante da internet na democracia.
Foram observadas 10 estratégias em comum entre os 32 e quais partidos estariam mais fortes em cada uma delas. A pesquisa identificou que em estratégias de formação política, o maior índice é o do PMDB, mas 28 partidos usam estratégias permanentes nessa área. "Direita e centro direita também parecem investir mais nisso", destacou Malena, citando que há uma maior modernização dos partidos conservadores.
Marcus Gomes Pereira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou o fato de o PMDB ter sido apontado como o que mais oferece ferramentas de educação política. "Ninguém conhece quem vota em PMDB. Aí quando você vê o seu enraizamento no interior, e esses cursos online que eles oferecem, isso começa a fazer sentido", disse.
Ele lembrou a importância do uso das mídias sociais, inclusive para boatos, ressaltando que nesta última eleição foi relevante o boato da morte do doleiro Alberto Youssef, que depois foi desmentida.
Para Pereira, são necessárias pesquisas como essa avancem para uma incursão qualitativa sobre o uso dessas mídias. "Presença virtual não basta. É preciso ter presença e intensidade. A mera apropriação de uma plataforma é necessária, mas não suficiente", disse Pereira. Ele destacou que podem os partidos só estar nas redes e nunca entrar na conta. "É preciso verificar o tempo de uso e o número de twittes e re-twittes", exemplificou.
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Centro e direita avançam mais na internet - Instituto Humanitas Unisinos - IHU