15 Março 2014
Multidões impulsionadas pelas revoltas políticas e anticlericais ocorridas durante a "Primavera das Nações", em 1848, pressionaram pela saída dos jesuítas de Nápoles.
A nota é do sítio Jesuit Restoration 1814, 10-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O ano de 1848 foi um ano incrível na história europeia. Ele é conhecido em alguns países como a Primavera das Nações ou mesmo Primavera dos Povos. Começando na França, em fevereiro, revoluções e revoltas políticas se realizaram em mais de 50 países e se
espalharam para além da Europa até a América Latina. Foi a onda revolucionária mais difundida na história europeia.
Alguns historiadores enfatizam as graves perdas de colheitas, particularmente as de 1846, que geraram dificuldades entre os camponeses e os trabalhadores pobres urbanos. A mudança tecnológica estava afetando radicalmente a vida das classes trabalhadoras. A imprensa popular estendia a consciência política, e os novos valores e ideias, como o liberalismo popular, o nacionalismo e o socialismo começavam a surgir. No entanto, as revoluções eram menos homogêneas e coordenadas do que parece à primeira vista, resultando que, dentro de um ano, as forças reacionárias tinham recuperado o controle.
Na Itália, a ascensão do nacionalismo acabaria por levar à unificação do país. No entanto, em 1848, os diferentes estados que constituíam o norte da Itália faziam parte do Império Austríaco. Os Estados Pontifícios - no meio do país - tinham testemunhado a eleição do Papa Pio IX em 1846, um reformista liberal - ele imediatamente perdoou centenas de prisioneiros e deu esperança aos pobres.
Esse início popular de seu papado foi perdido quando ele se recusou a lutar contra o exército austríaco - que representava o Império Habsburgo, que era católico. Recusando-se a endossar essa guerra ele teve que fugir de Roma e, quando voltou, fez isso como um reacionário. Em 12 julho de 1849, o Papa Pio IX foi escoltado de volta para Roma e reinou sob proteção francesa até 1870.
No entanto, foi no Sul - no barril de pólvora que era a Sicília - que a revolução começou e logo se espalhou até a costa de Nápoles. Multidões bem vestidas estavam se juntando em frente ao colégio jesuíta e, de acordo com relatos contemporâneos, "assobiando e ameaçando queimar o prédio". Ficou combinado que a comunidade jesuíta deixaria a cidade para garantir a paz da cidade.
Um batalhão da guarda nacional assumiu o controle do colégio, e na manhã seguinte uma enorme multidão continuava reunida. Um regimento da guarda suíça foi chamado para reforçar a guarda nacional. Os oradores estimulavam a multidão, que respondia aos seus discursos com gritos de "viva" ou, inversamente, com expressões de nojo.
Às 16 horas, 15 carruagens saíram pelos portões do colégio com os padres. Sentado com os condutores das carruagens, ia um membro da guarda nacional, e cada carro era escoltado por dois cavaleiros. Em seguida, ia a cavalaria e um batalhão - de acordo com uma testemunha ocular dessa estranha procissão que transcorreu quase em perfeito silêncio. Descendo em direção ao mar, onde um navio estava à espera e a multidão mais densa. Assim que o navio se afastou da costa houve um grito geral de alegria.
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10 de março de 1848 – multidão em Nápoles se volta contra os jesuítas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU