O primeiro passo do Papa “oculto” rumo à normalidade

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Por: André | 24 Fevereiro 2014

A participação do Papa emérito, Bento XVI, no Consistório para a criação dos novos cardeais na Basílica de São Pedro representa a novidade mais significativa depois da renúncia ao Pontificado há um ano. Ratzinger havia anunciado que queria viver “escondido do mundo”, mas no sábado aceitou o convite do seu sucessor e esteve presente na criação dos novos cardeais, entre os quais estava o seu amigo o teólogo alemão Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

 
Fonte: http://bit.ly/NnGviE  

A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 23-02-2014. A tradução é de André Langer.

Corriam rumores sobre sua participação na próxima canonização de João XXIII e João Paulo II, mas sua presença, inesperada e imprevista, no Consistório agora abre a possibilidade para que o Papa emérito, que mora no convento que se encontra a poucos metros da residência do seu sucessor, saia da semiclausura em outras ocasiões.

Ratzinger entrou na Basílica de São Pedro, entre a surpresa dos cardeais que, ao darem-se conta, vão imediatamente para saudá-lo, e participou do Consistório 15 meses depois do último presidido por ele próprio. É uma imagem que ficará na história da Igreja e do papado. Há algumas semanas, diferentes comentários haviam insistido na importância da presença de Bento XVI ao lado de Francisco. Inclusive alguns chegaram a dizer que a inédita presença “oculta” no perímetro do Vaticano do Papa que renunciou (em oração e vestido de branco) permitia interpretar algo mais, um “segredo”. Alguns inclusive falaram de “diarquia”.

No sábado, a presença de Ratzinger na Basílica de São Pedro poderia ter reforçado estas especulações infundadas. Ao contrário, foi justamente Bento XVI quem demoliu as interpretações equivocadas. Foi-lhe oferecido um lugar de honra, mas ele quis sentar-se na mesma fila dos cardeais bispos, e em uma cadeira idêntica às destes. Usava batina branca. Mas, tanto no começo como no final da cerimônia, quando Francisco se aproximou para abraçá-lo, Ratzinger tirou o solidéu como sinal de reverência. Nunca o havia feito antes: nem mesmo quando participou da inauguração de uma estátua com Francisco em frente ao Governadorado no Vaticano, nem quando Bergoglio foi visitá-lo para felicitá-lo pelo seu aniversário.

Estes sinais concretos e visíveis (a mesma cadeira usada pelos demais cardeais e o gesto de tirar o solidéu) revestem-se de uma maior eloquência. A humildade de Bento XVI deixa imaginar que não lhe custou renunciar a um lugar especial, misturar-se com os cardeais. Francisco considera o seu predecessor um recurso de sabedoria, e sempre o convida para não viver retirado. A excepcional presença de sábado no Consistório é outro passo rumo à normalidade: há um Papa reinante que guia a Igreja e um bispo emérito de Roma que vive ao seu lado e reza por ele.

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