28 Janeiro 2014
Pesquisadora do Ibre/FGV e professora da Uerj, Lia Valls Pereira acredita que o governo argentino precisa apresentar o quanto antes um plano para enfrentar a crise e assim evitar uma sensação de caos na economia. Ela não vê risco de contágio no Brasil, mas admite que pode haver impacto nas exportações brasileiras para o país vizinho.
A entrevista é de Lucianne Carneiro, publicada pelo jornal O Globo, 28-01-2014.
Eis a entrevista.
Qual é a origem da crise na Argentina?
A Argentina está com problemas estruturais sérios há décadas. Ela teve a benesse dos preços elevados de commodities na primeira década do século XXI, tomou fôlego, mas não soube aproveitar para resolver outros problemas. Começou um certo descontrole de gastos públicos, congelou os preços e só piorou a inflação, além de ter adiado muito a desvalorização do câmbio, que era inevitável. Estas políticas afastaram os investidores.
Quais os riscos que o país enfrenta?
O governo está tomando medidas, mas depois acaba voltando atrás: parece que não sabe que trilha tomar. A não ser que o governo consiga mostrar logo um plano com consistência, a impressão que ficará é de caos na economia. O que precisa ser feito é impedir a saída de dólares. Mas se muda o tempo todo é difícil convencer as pessoas a terem confiança na economia.
A inflação vai aumentar?
A tendência é que a desvalorização do câmbio acabe provocando um salto na inflação.
Há possibilidade de contágio no Brasil?
Acho que hoje percebe-se que a situação dos dois países é muito diferente. Os problemas têm outra magnitude. Mas como a exportação brasileira de manufaturados para lá é muito grande, é possível ter algum impacto na balança comercial brasileira.
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‘Argentina parece não saber que trilha tomar’, diz especialista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU