18 Outubro 2012
Alguns dias atrás, 24 padres da arquidiocese de Munique e Freising se associaram ao Münchner Kreis e publicaram uma declaração: "Estamos preocupados com a situação da nossa Igreja". E pedem um diálogo mais aberto.
A reportagem é da revista Ja – Die neue Kirchenzeitung, n. 42, 14-10-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Seu porta-voz é o pároco Christoph Nobs, 49 anos, dirigente da associação paroquial Vier Brunnen, que reúne 10 mil católicos e tem sua sede em Ottobrunn.
Christoph Nobs considera que o Münchner Kreis é uma reação às iniciativas para as reformas promovidas por padres em toda a Alemanha e a Áustria. "Simplesmente nos perguntamos se a nossa diocese não tinha nada a dizer a propósito", declarou ele ao jornal Süddeutsche Zeitung. Muitos padres estão "aflitos, frustrados, resignados, porque essa não é mais a Igreja do Concílio".
Não se discute até agora o fechamento de igrejas, mas, do ponto de vista estrutural, alguma coisa tem que mudar. Das atuais 752 paróquias, segundo o planejamento, até 2020 deverão permanecer apenas 47 independentes. As cerca de 700 restantes seriam associadas em unidades paroquiais.
A arquidiocese dirigida desde 2007 pelo cardeal Reinhard Marx conta com cerca de 1,8 milhões de católicos. De 1977 a 1982, foi a sede arquiepiscopal do cardeal Joseph Ratzinger.
Declaração do Münchner Kreis por ocasião do 50º aniversário do Concílio Vaticano II
Como associação de padres e diáconos da arquidiocese de Munique e Freising, estamos preocupados com a situação da nossa Igreja e particularmente da arquidiocese. Reunimo-nos para oferecer – baseando-nos nos ensinamentos bíblicos e solicitados por muitas declarações do Concílio Vaticano II – uma contribuição para a melhoria das relações dentro da Igreja na nossa diocese.
Por ocasião do 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, queremos solicitar um processo de diálogo permanente na nossa Igreja.
Acolhemos com grande favor o trabalho dos 126 delegados do Zukunftsforum – Dem Glauben Zukunft geben (Fórum do Futuro – Dar um futuro para a fé). Sobre as 61 recomendações pastorais, a nosso ver, vale a pena continuar a reflexão. No entanto, somos da opinião de que muitas dessas recomendações não deveriam assumir uma importância só com base na resposta do cardeal, mas sim ser desenvolvidas, intensificadas e reelaboradas em vista da prática concreta por parte de muitas pessoas em um processo de diálogo contínuo.
Em particular, a nova visão da Igreja como "Povo de Deus unido a caminho", que foi formulada pelo Concílio, sobretudo na Lumen Gentium mas também em outros documentos, faz parecer urgente o fato de que muitas forças da Igreja devem se preocupar com a práxis pastoral futura.
Diante de um não ignorável e crescente clericalismo, e ao contemporâneo êxodo de muitas pessoas da nossa Igreja, consideramos ser muito urgente ou, melhor, necessário que justamente o "povo de Deus" seja envolvido em uma práxis pastoral iluminada pelo Espírito e próxima das pessoas.
Com essa declaração, conscientes do nosso papel, queremos:
- Convidar outros padres e diáconos a colaborar no Münchner Kreis para refletir sobre a nossa específica situação e responsabilidade profissional;
- Entrar em diálogo com diversos grupos e instituições da nossa diocese sobre como pensar em reagir aos resultados do fórum diocesano e quais possibilidades de trabalho veem nos seus respectivos âmbitos para o aprofundamento e para a concreta aplicação das recomendações.
Esperamos mais signatários, comunicações de confirmação e, a mais longo prazo, esforços comuns nessa direção.
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''Fogo reformador'' conquista metrópole alemã - Instituto Humanitas Unisinos - IHU