Conferência das religiosas dos EUA: ''sementeira'' para o século XXI

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10 Agosto 2012

Com as profundas habilidades e avanços da tecnologia e os inúmeros problemas diante do mundo – de acidentes nucleares às mudanças climáticas globais –, o gênero humano está em um momento de "evolução ou extinção", disse a principal palestrante da conferência de cerca de 900 irmãs católicas dos Estados Unidos reunidas nessa quarta-feira. E uma das maiores esperanças para a continuidade da humanidade, disse Barbara Marx Hubbard, são as próprias mulheres religiosas.

A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada no sítio do jornal National Catholic Reporter, 08-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"Vocês são as melhores sementeiras que eu conheço para a evolução da Igreja e do mundo no século XXI", disse Hubbard, escritora conhecida pela sua proposta de uma visão de mundo chamada de "evolução consciente", ao público presente na assembleia anual da Leadership Conference of Women Religious (LCWR).

"Isso pode ser uma surpresa para o mundo, mas coisas novas sempre acontecem a partir de lugares inesperados. Pensemos nisso, que Deus nos deu uma sementeira que é capaz de ajudar a evoluir o mundo e a Igreja do século XXI. Por que não? De onde mais isso poderia vir? Tem que vir das mulheres".

As observações de Hubbard foram feitas no segundo dia da assembleia da LCWR, que deve durar até a próxima sexta-feira. O encontro atraiu a atenção nacional já que se espera que o grupo, que representa cerca de 80% das irmãs católicas dos EUA, dê a sua primeira resposta formal a uma forte crítica por parte do Vaticano.

Essa repreensão ocorreu por meio de um documento da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano no dia 18 de abril, que alegou que houve "dissidência corporativa" no grupo acerca dos ensinamentos sexuais da Igreja. O Vaticano ordenou que o grupo reveja e se coloque sob a autoridade de três bispos norte-americanos.

Embora essa ordem será discutida em "sessões executivas" a portas fechadas ao longo da semana, o foco dessa quarta-feira de manhã esteve sobre noções mais amplas – naquilo que Hubbard, citando São Paulo várias vezes, disse que era a questão de "como nós todas devemos ser transformadas" para usar o poder da nossa era científica e industrial "para o bem".

A ideia de "evolução consciente", explicou Hubbard, postula que a humanidade se situa agora na singular posição de poder escolher o seu próprio futuro pelas ações que tomar – seja respondendo ou não a situações e questões que poderiam muito bem afetar a nossa existência futura.

Por várias vezes, Hubbard explicou o conceito remetendo-o novamente à obra de teólogos católicos, particularmente a irmã franciscana Ilia Delio e o jesuíta francês Pierre Teilhard de Chardin, e ao Novo Testamento.

A partir do marco da "evolução consciente", disse Hubbard, três "grandes questões" se colocam diante do mundo agora:

  1. Como usaremos a nossa tecnologia e poder para o bem?;
  2. Que história temos que contar para imaginar uma habilidade para usar o nosso poder dessa forma?; e
  3. Que tipo de pessoa temos que ser para lidar com todo esse poder?

A resposta à terceira questão, disse Hubbard, "é a pessoa inspirada por Cristo. É a pessoa encarnando esse aspecto de Cristo que é criativo".

Se usamos as nossas capacidades com um amor como o de Cristo, continuou ela, "nós todas seremos mudadas". Se as usamos "com uma autoconsciência limitada, iremos destruir".

Antes de delinear a sua visão de mundo, Hubbard subiu ao palco nessa quarta-feira de manhã em lágrimas, dizendo que tinha "lágrimas em meus olhos pela alegria deste momento, desta oportunidade que foi dada à Conferência de lideranças, enquanto o mundo inteiro está abrindo os seus corações para vocês".

"Eu sinto isso com a profundidade do meu ser. Nós viemos até aqui juntas no momento mais crítico da história da humanidade porque estamos enfrentando um momento de escolha".

Antes dos comentários de Hubbard nessa quarta-feira, as irmãs reunidas começaram a manhã com um momento de oração de 40 minutos, focado em buscar a verdade e em invocar o Espírito Santo.

Durante a oração, que envolveu um prolongado momento de silêncio, houve múltiplas menções a abrir mão de medos pessoais para "viver a partir do espírito da água viva".

"Que possamos ter a graça de abrir mão de nossos próprios pensamentos, medos e histórias pessoais", disse uma oradora em certo ponto. "Encontremo-nos com a verdade viva deste momento".

Depois de suas reflexões silenciosas, as irmãs foram convidadas a partilhar entre si o que ouviram em oração. Uma delas disse que estava achando útil tentar abrir mão de suas próprias opiniões. Outra disse que estava se concentrando na busca de um sentimento de paz, já que "a paz é melhor do que qualquer coisa".

De pé, no fim da oração, as irmãs se comprometeram conjuntamente: "Eu prometo a vocês, minhas irmãs e irmãos, a fazer uma escolha consciente de me pôr diante e de me render à verdade viva da forma como ela evoluir e se revelar neste dia".

Hubbard fez outra apresentação na tarde dessa quarta-feira no encontro da LCWR, que foi seguido por uma "sessão executiva" a portas fechadas, em que se espera que os membros da LCWR discutam possíveis respostas ao mandato do Vaticano.

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