Por: Cesar Sanson | 15 Junho 2012
O secretário-executivo da Comissão Nacional para a Rio+20, Luiz Alberto Figueiredo, disse que as negociações para a criação de meios de implementação para o desenvolvimento sustentável - que incluem formas de financiamento, tecnologia e capacitação de países -, ainda são alvo de divergências entre as delegações.
A reportagem é de Eduardo Carvalho e Giovana Sanchez e publicada pelo G1, 14-06-2012.
Em entrevista coletiva realizada no Riocentro nesta quinta-feira (14), o diplomata informou que houve avanços nas negociações sobre sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis, porém, a falta de consenso preocupa, já que se aproxima o prazo final de negociações do Comitê Preparatório da Rio+20.
"Nos interessa um documento forte e não um 'meio termo'," disse Figueiredo. Mais cedo, o diretor da ONU para o desenvolvimento sustentável, Nilchil Seth, disse que as negociações, previstas para acabar nesta sexta, podem se estender pelo final de semana a pedido dos diplomatas.
Figueiredo, no entanto, disse que o Brasil, enquanto país que preside a conferência, acredita que as negociações terminem na sexta. Se isso não acontecer, o país vai agir para tentar fazer os países entrarem em conta.
“O Brasil vai buscar sugerir opções de solução (...). Como presidência auxiliará assumindo as negociações e buscando pontos de convergências. É nossa função explorar vias de acordo com nossos parceiros, sem abandonar a postura como membro [da ONU]. Temos que vestir outro chapéu que é o da presidência e que nos leva a busca do meio termo”, explicou.
O negociador-chefe da delegação brasileira negou a existência de um documento paralelo ao texto atualmente debatido entre as delegações. “O Brasil não apresentará novos textos. É muito natural que surjam rumores que o país sede tenha um texto na manga e o apresente na última hora”.
Figueiredo disse não acreditar que saia mais caro para os países emergentes o gasto com a tecnologia verde, que integra a chamada “economia verde”. “O mais importante é difundir e dar acesso a isso para que a sustentabilidade não seja privilégio de alguns. Tem que ser algo que todos os países possam abraçar”.
O embaixador afirmou que o Brasil e outros países insistem para que saia da Rio+20 um “processo negociador” que regulamenta o uso dos recursos naturais e da biodiversidade dos oceanos (alto mar). “É uma lacuna da Convenção do Mar que deve ser preenchida e há um grande movimento de apoio a isso. Estamos muito confiantes que sairemos daqui com indicação clara de que vamos abrir um processo para negociar esse acordo”, explica.
Fundo
Sobre a criação de um fundo anual de US$ 30 bilhões, proposto pelo G77+China como forma de solucionar o financiamento do desenvolvimento sustentável no mundo, Figueiredo disse que todas as propostas estão sendo consideradas na negociação.
Mais cedo, o embaixador André Corrêa do Lago afirmou ao G1 que os países ricos receberam mal a proposta do grupo do Brasil. “Quando se fala da questão de dinheiro, de recursos novos e financeiros, é um problema. Nesse caso, particularmente, por conta da crise”, disse Corrêa do Lago.
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Na véspera do fim das negociações, Brasil tenta salvar texto da Rio+20 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU