25 Abril 2012
A Santa Sé pediu uma reforma da Leadership Conference of Women Religious (LCWR), que representa 80% das 57 mil religiosas norte-americanas. Um relatório da Congregação para a Doutrina da Fé a acusa pelos seus posicionamentos e por "sérios problemas de doutrina".
A reportagem é de Céline Hoyeau, publicada no jornal La Croix, 23-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A Leadership Conferenze of Women Religious enfrenta uma crise de doutrina "grave e inquietante", segundo o relatório publicado na quarta-feira passada pela Congregação para a Doutrina da Fé. Embora apreciando o "grande compromisso" das religiosas em matéria de justiça social, ela contesta o seu "silêncio" diante do "direito à vida desde a sua concepção até a morte natural", em pleno debate sobre o aborto e a eutanásia.
Mais amplamente, a Congregação critica a LCWR por não promover "o ensino da Igreja sobre as questões de sexualidade e de família". A Congregação também cita especificamente as cartas que "equipes de responsáveis" lhes enviaram para contestar a posição de Roma sobre a ordenação de mulheres e a homossexualidade.
O relatório também ataca algumas declarações públicas da LCWR que contestam a posição dos bispos norte-americanos. Sem dar nenhum exemplo específico, o relatório menciona o fato de que a reforma irá incluir uma revisão das relações da LCWR com a rede católica Network.
Essa rede desempenhou um papel importante no apoio à reforma dos seguros de saúde por parte do governo Obama, e isso enquanto os bispos norte-americanos se opõem à medida pelo fato de que ela generaliza o reembolso dos custos de contracepção e aborto.
Especificando que "não há nenhuma intenção de julgar a fé e a vida das religiosas", a Congregação considera que esses desvios, além da promoção de "certos temas feministas radicais", levaram algumas irmãs a se afastar do "centro cristológico fundamental e do apego à sua consagração religiosa" e a perder "o sentido constante e vivo da Igreja".
O que vai acontecer?
A Congregação chegou à conclusão da necessidade de uma "revisão completa" da LCWR. Um arcebispo norte-americano, Dom Peter Sartain (Seattle), foi nomeado para realizar uma supervisão, dentro de cinco anos, da reforma: revisão dos estatutos do grupo, dos seus programas, dos seus textos litúrgicos, das suas filiações. Em uma carta que acompanha o relatório, o cardeal americano William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, anunciou um próximo encontro com as responsáveis da LCWR a fim de "evitar as incompreensões sobre as intenções do relatório".
Como ele foi recebido?
Em um breve comunicado publicado na última quinta-feira, a LCWR se disse "estupefata" com a decisão do Vaticano. E ainda mais porque as suas responsáveis estavam em Roma no dia 18 de abril para um encontro com a Congregação para a Doutrina da Fé. Elas dizem terem sido "pegas de surpresa" ao saber que os bispos norte-americanos já haviam sido informados da nomeação de Dom Sartain. Uma resposta será publicada em maio, depois da reunião do seu conselho de administração.
Qual é o contexto desse relatório?
Esse relatório de oito páginas foi emitido ao término de uma visita apostólica realizada em nome da Congregação para avaliar as posições doutrinais da LCWR. Em várias ocasiões, desde 2001, ela havia sido advertida pela Congregação para a Doutrina da Fé. A visita ocorreu entre abril de 2008 e dezembro de 2010 por Dom Leonard Blair, bispo de Toledo (Ohio).
Paralelamente, foi realizada outra visita apostólica sobre a "qualidade de vida" nos institutos femininos de vida apostólica, sob os auspícios da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada. Seus resultados ainda não foram publicados.
A vida religiosa feminina nos Estados Unidos encontra a mesma diminuição em número de vocações do que em outros países ocidentais: 57 mil religiosas hoje em comparação com 180 mil em 1965.
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Religiosas americanas. Uma punição severa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU