20 Julho 2011
"Apesar de o país enfrentar a melhor conjuntura internacional de sua história (em razão da alta dos preços das commodities que exportamos), o processo de aproximação dos nossos juros aos níveis internacionais parece ter se esgotado", escreve Tony Volpon, chefe de pesquisas de mercados emergentes da corretora japonesa Nomura, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 21-07-2011.
Segundo ele, "somente uma reformulação das nossas prioridades permitiria ao país retomar um processo de convergência de sua taxa de juros ao padrão internacional".
Eis o artigo.
Que a taxa de juros no Brasil é alta, ninguém discute.
Mas hoje temos um problema mais sério: apesar de o país enfrentar a melhor conjuntura internacional de sua história (em razão da alta dos preços das commodities que exportamos), o processo de aproximação dos nossos juros aos níveis internacionais parece ter se esgotado.
Olhando para o comportamento dos juros no período pós-crise e a expectativa do mercado para os próximos anos, parece que a taxa de juros real (descontado o efeito da inflação) vai ficar entre 6% e 7%. É um nível "fora da curva" em um mundo onde, por causa dos efeitos da crise, a taxa de juros real é, em muitos casos, negativa.
Por que sustentamos essa taxa de juros exorbitante?
Em primeiro lugar, porque enquanto o nível real da taxa Selic fica ao redor de 6% a 7%, um terço da economia (incluindo empresas) tem o privilégio de pegar emprestado a taxas menores, e até negativas, como a TJLP do BNDES , que está em -0,69% (descontada a inflação).
A taxa básica de juros efetiva, portanto, fica entre aquelas subsidiadas pelo governo e a taxa do BC. O paradoxo diminui de tamanho.
CONSUMO
O segundo conjunto de razões tem a ver com a escolha que a sociedade brasileira fez nesses últimos anos.
Diante da riqueza gerada pelo "boom" econômico da China, que compra cada vez mais commodities do Brasil, nosso país privilegiou o consumo, em vez de aumentar o investimento ou a poupança.
Seja pelo comportamento do governo ou do consumidor, tratamos o ciclo de alta das commodities como algo permanente. Assim, não deixamos de usar os empréstimos financeiros para antecipar um consumo que poderia ser feito lá na frente.
Essa ânsia por satisfação imediata é o fundamento dos muitos desequilíbrios da economia, sendo a alta taxa de juros o mais gritante sintoma das nossas escolhas. Diante da forte demanda por crédito, o juro sobe.
Somente uma reformulação das nossas prioridades permitiria ao país retomar um processo de convergência de sua taxa de juros ao padrão internacional.
Segundo ele, "somente uma reformulação das nossas prioridades permitiria ao país retomar um processo de convergência de sua taxa de juros ao padrão internacional".
Eis o artigo.
Que a taxa de juros no Brasil é alta, ninguém discute.
Mas hoje temos um problema mais sério: apesar de o país enfrentar a melhor conjuntura internacional de sua história (em razão da alta dos preços das commodities que exportamos), o processo de aproximação dos nossos juros aos níveis internacionais parece ter se esgotado.
Olhando para o comportamento dos juros no período pós-crise e a expectativa do mercado para os próximos anos, parece que a taxa de juros real (descontado o efeito da inflação) vai ficar entre 6% e 7%. É um nível "fora da curva" em um mundo onde, por causa dos efeitos da crise, a taxa de juros real é, em muitos casos, negativa.
Por que sustentamos essa taxa de juros exorbitante?
Em primeiro lugar, porque enquanto o nível real da taxa Selic fica ao redor de 6% a 7%, um terço da economia (incluindo empresas) tem o privilégio de pegar emprestado a taxas menores, e até negativas, como a TJLP do BNDES , que está em -0,69% (descontada a inflação).
A taxa básica de juros efetiva, portanto, fica entre aquelas subsidiadas pelo governo e a taxa do BC. O paradoxo diminui de tamanho.
CONSUMO
O segundo conjunto de razões tem a ver com a escolha que a sociedade brasileira fez nesses últimos anos.
Diante da riqueza gerada pelo "boom" econômico da China, que compra cada vez mais commodities do Brasil, nosso país privilegiou o consumo, em vez de aumentar o investimento ou a poupança.
Seja pelo comportamento do governo ou do consumidor, tratamos o ciclo de alta das commodities como algo permanente. Assim, não deixamos de usar os empréstimos financeiros para antecipar um consumo que poderia ser feito lá na frente.
Essa ânsia por satisfação imediata é o fundamento dos muitos desequilíbrios da economia, sendo a alta taxa de juros o mais gritante sintoma das nossas escolhas. Diante da forte demanda por crédito, o juro sobe.
Somente uma reformulação das nossas prioridades permitiria ao país retomar um processo de convergência de sua taxa de juros ao padrão internacional.
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Nova elevação da Selic é sintoma da preferência pelo consumo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU