O testemunho inspirador do Pe. Tomáš Halík

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30 Agosto 2019

O nome do Mons. Tomáš Halík chamou a minha atenção pela primeira vez em 2014, quando recebeu o prestigiado Prêmio Templeton. Eu só fiquei sabendo dele o máximo que o comunicado de imprensa permitiu. Se os leitores desta resenha desconhecem igualmente a história de Halík, então este livro é uma leitura essencial.

O comentário é de Daniel Cosacchi, professor assistente de Estudos Religiosos na Marywood University, na Pensilvânia, Estados Unidos. O artigo foi publicado por America, 27-08-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

From the Underground Church to Freedom  [Da Igreja clandestina à liberdade, em tradução livre] é, em partes iguais, memórias, história, teologia e espiritualidade, com um pouco de psicologia misturada em boa medida. Não faz mal algum que Halík também pontue sua história de vida com graça e humor.

“Da Igreja clandestina à liberdade”, em tradução livre (Foto: Divulgação)

Desde o início do livro, é evidente que Halík é um polímata cujas influências variam de Madre Teresa e Fiódor Dostoiévski a Jan Hus e Karl Rahner, mas o que se segue nas páginas seguintes é delicioso, profundo e facilmente digerível para todos os leitores. O texto é povoado por dezenas de conhecidos de Halík e anedotas maravilhosas sobre eles.

Esse livro, a história de um padre tcheco que trabalhava sob a opressão comunista, constitui uma profunda reflexão sobre o colapso do comunismo e a libertação do povo tcheco em 1989. Esse contexto permeia todo o livro.

“Liberdade” não é apenas parte do título desse livro; ela também é subjacente a todas as páginas. Os leitores perguntarão constantemente se eles mesmos são realmente livres ou se são assediados pelo medo.

Grande parte desse livro parece um suspense. Tomemos, por exemplo, o relato de Halík sobre a sua ordenação clandestina, na qual ele foi levado às escondidas para a residência particular do bispo debaixo de um sobretudo para evitar a detenção (ou pior) pela polícia secreta. Momentos como esse fazem com que esse relato pareça ficção.

Naquela que normalmente seria uma conclusão excepcionalmente dramática, o capítulo final detalha como Halík quase morreu na Antártida. Após um interrogatório da polícia secreta décadas antes, no entanto, essa experiência de quase morte parece algo mundano em comparação.

Embora cada leitor levará coisas diferentes desse texto, eu fiquei profundamente comovido com o entendimento de Halík sobre o sacerdócio ordenado. Suas maiores influências pessoais são, em sua maioria, membros do clero e da hierarquia tchecos, mas Halík proclama: “Um padre sem paróquia, sem igreja, sem colarinho clerical ou um carimbo era obrigado a refletir constantemente, e cada vez mais profundamente, sobre o que constituía a verdadeira essência do sacerdócio; ele deveria procurá-la mais profundamente”.

Igualmente confortável na companhia de São João Paulo II, do Pe. Richard John Neuhaus ou do bispo Walter Sullivan, Halík constantemente lembra ao leitor que Deus é uma “não coisa” [“no-thing”], tomando emprestada a descrição do Mestre Eckhart (um dos favoritos de Halík). Portanto, a única maneira de encontrar Deus é nos esvaziarmos.

É possível que Halík seja o católico mais reflexivo, instruído e interessante amplamente desconhecido nos Estados Unidos hoje em dia. Espero que esse livro corrija esse erro.

 

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