Cristologia pascoal bolsonarista. Artigo de Fábio Py

Celebração de Páscoa no Palácio do Planalto. | Foto: Alan Santos/PR

17 Abril 2020

"Em plena Páscoa, o governo cristofascista de Bolsonaro desenvolveu uma ofensiva, redesenhando uma cristologia autoritária firmada sobre a figura de mártir e do messias, comparando-o à memória do Cristo pascoal", escreve Fábio Py, doutor em teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RIO e professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF.

 

Eis o artigo.

 

“Cristo já ressuscitou, Aleluia

Sobre a morte triunfou, Aleluia

Tudo consumado está... Aleluia

A salvação aos homens dá... Aleluia”

Hino 41 - HCC

 

 

“Todo estado faz-se sobre a teologia do poder (...)

Agora, no estado autoritário a teologia é o poder”

Giorgio Agamben

 

Ao perceber a perda de apoio popular por relativizar a quarentena pela pandemia de coronavírus, Jair Messias Bolsonaro e os intelectuais de sua cúpula prepararam uma contraofensiva para reajustar sua base social, aumentando o tom de seu discurso cristão. Em resposta ao contexto mundial e brasileiro de pandemia de Covid-19, acirrou ainda mais a associação de seu governo ao cristianismo, evocando uma espécie de “guerra dos deuses”, tal como definida por Michel Löwy. Nessa guerra pelo Deus cristão, Bolsonaro alimenta a base do governo autoritário ao reforçar sua gestão do ideário maniqueísta. Ao assumir-se como presidente dos cristãos, simplifica os conflitos políticos, que passam a transubstanciar-se em embates entre bem versus mal. Em tal arranjo, a guerra dos Deuses se traveste na luta entre aqueles que representam o mal, em uma alegoria caricatural dos “comunistas” ou dos “petistas”, e entre aqueles também alegoricamente expressos como cidadãos de bem.

 

Nessa aposta pela retomada do apoio popular, os intelectuais do governo apostaram seus recursos que já foram usados em julho de 2019, quando haviam relacionado a imagem de Bolsonaro com a figura de Jesus Cristo. Na semana de Páscoa deste ano, tal recurso foi explorado sob o pretexto da celebração da morte e ressurreição de Cristo. Acionando a simbologia pascal, Bolsonaro evocou a si a lembrança do sofrimento, a (quase) morte e vitória eleitoral. Dessa forma, a própria alegoria da Páscoa fora utilizada para uma nova construção da imagem de Bolsonaro, a do servo sofredor que venceu a morte para defesa da nação. Com isso, entende-se a força do apelo à religião como possibilidade estratégica de comunicação para a manutenção do caráter autoritário de seu governo. Essa operação de utilização da religião para legitimar e ampliar o autoritarismo é o que chamo de “cristofascismo brasileiro”. E esse cristofascismo se estabelece porque o bolsonarismo fabrica intencionalmente uma “guerra dos Deuses” a partir de uma teologia do poder sustentada na memória do cristo europeu colonizador: sacrificialista e expiatório das minorias sociais.

 

Assim, em plena Páscoa, o governo cristofascista de Bolsonaro desenvolveu uma ofensiva, redesenhando uma cristologia autoritária firmada sobre a figura de mártir e do messias, comparando-o à memória do Cristo pascoal. Uma ação orquestrada já no início de abril, quando conclamou um jejum nacional para o Domingo de Ramos. No domingo seguinte, dia 12, Páscoa, a ressurreição de Cristo e de sua vitória sobre a morte foram comparadas pelo presidente à facada que sofreu no processo eleitoral de 2018. Assim, para deixar claro essa construção do bolsonarismo sacrificial e messiânico, separei sete atos orquestrados, que culminaram na construção do mito “pascoal” bolsonarista.

 

1. O cristofascismo de Bolsonaro e o apelo mitológico

 

Contudo, antes desses atos construídos pelos intelectuais da cúpula governamental, destaco alguns elementos mais conceituais. A construção de sua “cristologia governamental” é pensada ora identificando-o com o messias político religioso, ora com o servo sofredor sacrificado pela liderança do Brasil. Nesse sentido, seu cristofascismo promove-se por meio de uma teologia política autoritária pautada hoje no clima apocalíptico do coronavírus, baseada no “ódio à pluralidade democrática”. Esse ódio é salpicado por técnicas governamentais de promoção da discriminação, do ódio aos setores “heterodoxos”. Diante da expansão do coronavírus no Brasil, foi somado sua característica antidemocrática ao discurso economicista como justificativa para a explícita permissão da “política da morte” (“necropolítica” – Mbembe, 2014), cujos alvos são os pobres, os mais velhos, os diabéticos e os hipertensos.

 

Lembro que o termo “cristofascismo brasileiro” se baseia na reflexão da teóloga alemã Dorothee Sölle (1970), que criou a expressão diante do nazismo alemão. Ao cunhar o termo, Sölle (1970) se preocupou em analisar as relações de integrantes do partido nazi com as igrejas cristãs no desenvolvimento do estado de exceção alemão, quando o governo nazista se utilizou das relações e das terminologias cristãs para sua composição, assim como se reconhece hoje no bolsonarismo.

 

Voltando ao termo cristofascismo, ele se liga ao que Walter Benjamin (1940) descreve como fascismo. Para Benjamim, a barbárie fascista não representa um estágio de ‘regressão civilizacional’, mas está contida nas próprias condições de reprodução da civilização liberal-burguesa. Para o autor, a ação fascista se beneficia das concepções conservadoras sobre a moral, a família e o progresso, transformando o todo nacional em um “estado de exceção efetivo”. Assim, o dispositivo autoritário do bolsonarismo se projeta, a partir da associação ao religioso, para defender uma concepção simplificada de família para a eliminação de seus adversários, bem como os indesejáveis, neste caso, aqueles que não se adéquam ao projeto moral de nação estabelecido.

 

A artimanha construída pela cúpula do presidente cristofascista o desenha numa cristologia profana, apontando-o como messias, servo sofredor, ungido e eleito da nação. Faz isso para reagrupar as forças a fim de manter, a duras chicoteadas, a implementação de medidas ultraliberais que hoje entregam à morte os mais vulneráveis. Portanto, ao reeditarem características cristológicas sobre a trajetória de Bolsonaro, visam sensibilizar setores religiosos para apoiar as atitudes de irresponsáveis da relativização da quarentena do Covid-19. Para compreender a construção do “mito” Pascal de Bolsonaro, analiso algumas cenas religiosas que contribuíram para a projeção de tal alegoria.

 

Cristologia política de Bolsonaro: seus sete atos pascoais

 

Primeiro ato

 

Foi tecido um vídeo para convocar a população para o #JejumpeloBrasil, marcado para 05 de abril de 2020. Um vídeo de convocatória governamental cristã, que é iniciado com o texto de 2 Crônicas 20,3 dizendo “Jeosafá decidiu consultar o Senhor e proclamou um jejum em todo Reino de Judá”. Após o fragmento, aparece Bolsonaro dizendo “muito obrigado a todos vocês, e aqueles que tem fé e acreditam, domingo é o dia de jejum”. Com a produção, buscava-se que os cristãos, no Domingo de Ramos, fizessem um Dia do Jejum, literalmente para que Deus livrasse o Brasil da praga da Covid-19. Algo, que se sustenta na tradição católica de guardar o domingo antes da Páscoa, como sendo o dia da entrada de Jesus em Jerusalém, nas costas do jumento. No vídeo, Bolsonaro convoca a população cristã para o jejum e, depois, aparece outro texto bíblico como resposta dizendo: “Não temas, nem vos assusteis por causa desta grande multidão; pois a peleja não é vossa, mas de Deus” (v.15). Na sequência de imagens, indica-se que é o rei (o governante) que tem que se colocar junto a Deus, tal como Jeosafá. Isso porque a peleja não seria dos homens e mulheres, mas de Deus. O vídeo é longo, e as lideranças evangélicas que apoiam Bolsonaro (Malafaia, os Hernandes, Valdomiro Santiago, Edir Macedo,...) chegam a afirmar que o presidente teria sido ungido para assumir a nação.

 

Segundo ato

 

Na quarta-feira, dia 08 de abril, na saída do Palácio da Alvorada, recebeu uma expedição de católicos com a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Os romeiros disseram para Bolsonaro literalmente: - “Trouxemos a imagem de Nossa Senhora de Fátima, porque ela vai livrar o Brasil do comunismo. Porque esses erros são coordenados por nos católicos apostólicos romanos”. Em um diálogo improvável, segue a conversa de um dos membros da carreata: -“Presidente, pedimos também que Nossa Senhora derrame suas bênçãos sobre o senhor. Tem muita carga sobre você nesse momento. O senhor representa essa luta, é a luta contra o comunismo no nosso país, por isso nós oramos pelo senhor e queremos rezar uma ave-maria pedindo as bênçãos dela, que dê força para o senhor. Que de energia para carregar o Brasil nos ombros do senhor, conte conosco com nossas orações, a vitória é nossa!”. Na afirmação, diz que a batalha espiritual que passa o Brasil, pelo contexto de Covid-19, reverbera para lutas que se enfrentam juntos aos inimigos da nação, isto é, “os comunistas”. Na última frase do diálogo, os católicos assumem o presidente como pessoa separada por Deus: -“O Senhor foi levantado por Deus, foi ungido por Deus, para estar nesse momento levando nosso país”.

 

Terceiro ato

 

Na quarta-feira, um pouco mais tarde, fez um pronunciamento à nação sobre as atitudes que está tomando diante da pandemia. No discurso, afirmou que, como presidente, o país vive momento “ímpar na história, e ser presidente é olhar o todo e não apenas as partes” – tratando para a questão do desemprego e da reclusão da Covid-19. No fim do discurso, volta ao tom cristão: “Quero entregar um país muito melhor que recebeu do sucessor. Sigamos João 8,32: E conheceres a verdade, e a verdade vos libertará”. O versículo se tornou jargão desde as eleições de 2018, quando encheu de cores bíblicas o processo político. Nas últimas palavras do vídeo, diz “Desejo a todos uma Sexta-feira Santa de reflexão e um feliz Domingo de Páscoa! Deus abençoe o nosso Brasil!”. No discurso, mostra aos religiosos que conhece a temporalidade religiosa da semana de Páscoa.

 

Quarto ato

 

Na Sexta-Feira Santa, dia 09, que simbolicamente é o dia da morte de Cristo, postou, em seu perfil nas redes sociais, uma arte com o texto bíblico e a imagem de Jesus crucificado (figura 1). Uma imagem forte para os cristãos, casando-se com fragmento de 1Pedro 2,24: “Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morremos para os pecados e vivêssemos para a justiça, por suas feridas vocês foram curados”. Mostra que conhece outros versículos bíblicos sobre o mistério da ressurreição. Separa um versículo bíblico importante no qual resume a salvação a partir de Cristo. Utiliza um versículo bíblico dado ao apóstolo Paulo, base de muitas igrejas.

 

 

Quinto ato

No sábado, dia 11, à noite, postou um vídeo indicando sobre a facada que sofreu. Na sua fala do vídeo, informa que o atentado foi “o momento mais difícil da minha vida (pausa), eu só pedia que Deus não deixasse órfã a minha filha de sete anos”. Toma sobre si a ideia do servo sofredor, que luta para viver e para defender a nação. Os versos da música evangélica de pano de fundo do vídeo dizem: “história da minha vida, eu lutei, eu sofri, teve vezes que acertei, outras errei, a vida é uma jornada de amor e sofrimento, e o Senhor me acompanhou a todo tempo. Ele estava lá quando o mundo desabou em mim. Muitos diziam que era o fim, eu lutei com minha fé. Pelo vale da sombra da morte, o Senhor me fez mais forte e essa é a história de vida. Eu lutei, eu sofri”.

 

A canção embala a trajetória de Bolsonaro mostrada desde o momento da facada, a recuperação no hospital, suas orações e sua eleição. Chegando ao fim, mostra-o como exemplo de cristão na igreja, orando e ajoelhado (figura 2). Nessa sua trajetória, como servo sofredor e messias político, recebe a vitória, o milagre da faixa presidencial. No vídeo, diz que isso só é possível porque “Deus preservou a vida dele”; logo, seria o enviado de Deus para o Brasil, firmado sobre o texto: “Eu me deitei e dormi. Acordei porque o Senhor me sustentou” (Salmo 3,5). Portanto, nesse quinto ato, além de apresentar-se como “bom cristão”, aquele que vai à igreja e defende a família cristã tradicional, começa a se desenhar como liderança enviada por Deus para salvar a nação, no contexto de Covid-19. Alguém que Jesus está ao lado, cuidando e fazendo milagres e maravilhas, tal como mostra a figura (3) dele sendo operado com Jesus ao seu lado. 

 

Sexto ato

 

O sexto ato foi uma outra postagem de Bolsonaro na rede social durante o domingo de Páscoa de manhã (figura 4). Usa outro fragmento bíblico a fim de demonstrar publicamente a fé a partir de texto clássico do Evangelho de João “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna” (João 3,16). Na sequência, afirma que “Ele ressuscitou”, mostrando que tem intimidade com as Escrituras Sagradas. Isso é importante de ser descrito. Essa operação é muito bem desenhada pelo bolsonarismo, quando, além de indicar que conhece um leque de textos bíblicos, conhece também sobre a teologia da salvação cristã. Logo, acrescenta outro elemento no desenho de servo fiel a Deus, tentando satisfazer a parcela de cristãos que duvidam de sua adesão ao cristianismo.

 



 

Sétimo ato

 

A segunda ação do domingo de Páscoa ocorreu no encontro promovido na Internet com as lideranças religiosas. No fim do vídeo, Bolsonaro diz diretamente sobre a facada que sofreu no fim de 2018. Compara o atentado à trajetória da ressurreição de Cristo. Em suas palavras: “Confesso que hoje para mim foi um dia especial, já que hoje se fala de ressurreição. Eu não morri, mas estive ali no limite da morte”. De forma mais efetiva, destaca suas relações com Cristo dizendo que foi um milagre ter sobrevivido e ressurgido para ganhar as eleições. Por isso, reconhece-se na função de “salvar” o país do caminho que estava sendo traçado. No meio do discurso, reconhece que não tinha um perfil de chegada à presidência, deixando a entender que foi parte do milagre que Deus operou na sua vida. Saiu da “(quase) morte” (pela facada que tomou) à missão da presidência da república.

 

Portanto, ele é um escolhido de Deus. Alguém que tem a missão de cuidar do Brasil contra o caos que estão tentando implementar com o coronavírus. Por isso, ponderou: “a responsabilidade é muito grande, a cruz é muito pesada, com milhões de pessoas do meu lado, que tem um coração verde e amarelo, que creem em Deus, acredito que podemos vencer os obstáculos”. Exalta um patriotismo ligado à metáfora da crucificação de Jesus - com o termo a “cruz é muito pesada”. Algo absolutamente planejado para que o presidente seja reconhecido como messias da nação. Assim, ao fim do vídeo, volta a dizer sobre a questão da quarentena: “Desde o começo, há quarenta dias temos dois problemas gravíssimos, o vírus e o desemprego. Quarenta dias começando a ir embora o vírus, mas está batendo forte a questão do desemprego, mas devemos bater forte nessas duas coisas. Obviamente lutamos sempre, acreditamos em Deus acima de tudo, vamos vencer os obstáculos”.

 

2. Conclusão

 

Como se indica, o bolsonarismo verniza seu discurso com tons messiânicos de salvação política do Brasil; contudo, reverbera o desprezo à parcela da população mais velha, com problemas de saúde crônica diante da possibilidade da morte. Faz isso construindo uma falsa dicotomia entre o caos social da quarentena e o desemprego que pode assolar o país. Em sua estratégia, investiu pesado na temporalidade da Páscoa, dando mostras variadas e públicas do ser cristão: mostrou ter conhecimento da história do cristianismo, da Bíblia e principalmente de fragmentos bíblicos-chaves - a fim de pintar como messias cristão para voltar a mobilizar sua base conservadora religiosa. Agora, devo fazer uma correção. Embora, no início do artigo tenha usado a expressão de Michael Lowy, de que Bolsonaro constrói uma “guerra dos deuses”, acredita-se que ela seja um tanto imprecisa para a atualidade do governo.

 

O que o bolsonarismo sublinha é uma “guerra bíblica”, lutada no interior do Estado brasileiro, arrotando versículos bíblicos por ser uma maneira fácil e “santa” de se comunicar com o fundamentalismo cristão. O termo “guerra dos deuses” seria mais interessante se estivesse ocorrendo um embate de religiosos de outras divindades que não as cristãs, o que não se reconhece. Portanto, a “guerra bíblica” impulsionada por Bolsonaro é ponte de diálogo direto com o fundamentalismo, ao mesmo tempo em que o cerca com uma cristologia frágil, de um messianismo autoritário, desvencilhado das memórias dos pobres - local vivencial do levante popular que ocasionou o movimento de Jesus.

 

O intuito de Bolsonaro é promover, com a vestimenta bíblica, uma tentativa de relativizar a quarentena, colocando em risco partes da população “que podem ser descartadas, mortas” (Mbembe, 2014). Quando ele se desenha sob a autoridade messiânica, relativizando a quarentena (ou dizendo que o vírus já passou), aproxima-se das ideias da típica eugenia social tão operada no passado pelos governos fascistas. Por isso, deve responder pelas centenas de mortes que já são contabilizadas no território brasileiro como vítimas da Covid-19.

 

Bibliografia

AGAMBEN, Giorgio. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo Editoria, 2004.

BENJAMIN, Walter. “Teses sobre o conceito de história”, 1940.

LÖWY, Michael. A guerra dos deuses, Petropolis: Vozes 2000.

MBEMBE, A. Crítica da razão negra. São Paulo: Antigona, 2014.

PY, Fábio. A cristologia cristofascista de Jair Bolsonaro, São Paulo: Carta Capital, 2019. Disponível aqui.

RANCIÈRE, Jacques. Ódio a democracia. São Paulo: Boitempo Editorial, 2014. SÖLLE, Dorothee. Beyond Mere Obedience: Reflections on a Christian Ethic for the Future, Minneapolis: Augsburg Publishing House, 1970.

TV Brasil transmite encontro de Bolsonaro com “lideranças religiosas”, incluindo Malafaia e a mulher de Silvio Santos

Em live com religiosos, Bolsonaro vai na contramão de especialistas e diz que vírus está indo embora

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