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08 Junho 2018

"Desnecessário enfatizar que, no contexto geopolítico em que vivemos, politizar o tema das migrações equivale a criminalizar os próprios migrantes. Estes, embora reconhecidos como tal, muitas vezes aparecem misturados e confundidos com traficantes de seres humanos e até com terroristas.", escreve Alfredo J. Gonçalves, padre carlista, assessor das Pastorais Sociais.

Eis o artigo.

Desde janeiro até o início de junho deste ano (2018), pouco mais de 13 mil imigrantes desembarcaram nas costas do sul da Itália. Esse número significa uma redução de 78% em relação ao mesmo período do ano anterior. Outro dado é que os barcos que hoje conseguem chegar ao sul da Itália proveem não da Líbia, e sim da Tunísia. Por que a redução e a mudança?

Em primeiro lugar, a diminuição dos desembarques tem origem no acordo firmado entre a União Europeia (UE), de um lado, e a Turquia seguida da Líbia, de outro. Conforme o acordado, esses dois países se encarregam de conter a “onda” de migrantes em seu próprio território, enquanto a UE se compromete a manter em ambos um investimento mensal. O resultado disso tem sido a proliferação de gigantescos campos de prófugos e refugiados ao norte da Líbia e no interior da Turquia. Verdadeiros depósitos de pessoas, onde as condições sanitárias e de alimentação são as mais precárias que se possa imaginar. Pelas redes sociais circularam imagens de arrepiar, com fotos e depoimentos desses campos.

O acordo estabelecido deve-se, por sua vez, a uma forte virada à direita que, nas últimas eleições, varreu quase todos os países do velho continente. No caso da Itália, por exemplo, a coalizão de centro-direita obteve a maior fatia de votos nas eleições de março. Matteo Salvini, líder da Lega (antiga Lega Norte), ocupa hoje os cargos de Senador italiano, Eurodeputado, Vice-presidente do Conselho de Ministros da República Italiana e Ministro do Interior. Sua campanha eleitoral teve como eixo central o tema das migrações em dose tríplice: promessa de deportação de centenas de milhares de imigrantes, fechamento das fronteiras para a imigração ilegal, diminuição do orçamento para a operação de socorro aos prófugos no mar Mediterrâneo. Abrindo um parêntesis, no último final de semana morreram cerca de 50 migrantes nas costas da Tunísia.

Na base de seu discurso – e pode-se dizer o mesmo de países como a Aústria, a Hungria, a Polônia, parte da França e da Alemanha, entre outros – está a politização do fenômeno migratório em quase todos os processos eleitorais recentes. Não raro o tema figurava como primeiro da lista nos debates televisivos, campanhas ou entrevistas. Desnecessário enfatizar que, no contexto geopolítico em que vivemos, politizar o tema das migrações equivale a criminalizar os próprios migrantes. Estes, embora reconhecidos como tal, muitas vezes aparecem misturados e confundidos com traficantes de seres humanos e até com terroristas.

O fato é que os muros seguem de pé em países como a Grécia, a Macedônia, a Eslováquia, a República Checa, a Hungria, a Áustria, a França, a Inglaterra... A política de rechaço não só elimina toda possibilidade de construir pontes por parte dos governos e autoridades, como vem repetindo com insistência o Papa Francisco, mas também responde a profundos anseios populares e de grupos neofascistas.

Por outro lado, ontem mesmo (5 de junho), em Luxemburgo, em mais uma reunião de cúpula, os representantes europeus de várias nações resolveram desconhecer o tratado de Berlim sobre migrações e desenvolvimento, assinado em junho de 2017 por mais de 140 países. Pelo tratado, os países presentes se comprometiam a manter “uma política migratória que não só proibisse a imigração, mas que a utilizasse como oportunidade”. Resta saber se por “oportunidade” entendiam a exploração da mão de obra barata ou uma verdadeira inserção. De qualquer modo, havia um compromisso mínimo.

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