Biden consultou o Papa Francisco antes de anunciar o apoio à suspensão das patentes das vacinas contra a covid

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10 Mai 2021

 

O Papa Francisco e o presidente dos EUA estão unidos para acabar com a pandemia.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 08-05-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Conversaram de anunciar. Joe Biden, o segundo presidente católico na história dos Estados Unidos, informou ao Papa Francisco de sua intenção de solicitar a suspensão temporária das patentes das vacinas contra o coronavírus antes de torná-la pública, segundo confirmaram ao Religión Digital algumas fontes vaticanas.

O líder Democrata, que curiosamente se encontra em risco de ser excomungado se prosperar a petição de alguns bispos ultraconservadores de seu país de negar-lhe a comunhão por seu suposto apoio ao aborto, buscou a benção de Francisco para se somar à iniciativa de “vacinas para todos” que, há algumas semanas, diversos países e centenas de ONGs (muitas católicas) estão clamando.

Pois, Francisco foi em um dos primeiros líderes globais em reivindicar o acesso gratuito às vacinas, especialmente aos mais pobres. Há um ano criou um grupo de trabalho comandado pelo cardeal Peter Turkson, para encontrar soluções para os mais vulneráveis e, de algum modo, preparar a sociedade pós-Covid. “Desta crise não podemos sair iguais. Sairemos melhor ou pior, mas não igual”, apontava durante a histórica vigília sob a chuva, na praça São Pedro nos piores momentos da primeira onda.

 

Bem comum universal

Desde então, em muitas de suas intervenções, Bergoglio lançou a ideia de que “a imunização extensiva deveria ser considerada como um bem comum universal”, que “requer ações concretas que inspirem todo o processo de pesquisa, produção e distribuição das vacinas”.

Assim, Francisco clamou aos líderes mundiais por “novas formas de solidariedade a nível internacional”, com “mecanismos dirigidos a garantir uma distribuição equitativa das vacinas, não baseada em critérios puramente econômicos, mas considerando as necessidades de todos, especialmente dos mais vulneráveis e necessitados”. Biden arregaçou as mangas, e o Vaticano reconheceu.

“Parece-me uma muito sábia decisão de Biden. É importante neste tempo uma visão planetária, mais que individual”, declarou na quinta-feira o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Vincenzo Paglia, para quem o apoio dos EUA à liberação das vacinas “não apenas é uma razão de justiça, mas também de sábio interesse, no sentido de que o vírus não conhece nem o direito, nem as fronteiras”.

Já faz algumas semanas que o próprio Papa, em nome do Papa, convidou as “empresas farmacêuticas a dar um passo humanista, eliminando as patentes neste momento” porque “a vacina é a única forma de vencer a pandemia, mas deve ser para todos e sem discriminação”.

Por outro lado, Augusto Zampini, secretário adjunto do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (uma espécie de “Ministério da Solidariedade” vaticano), reivindicava que “se as vacinas são luz, serão para todos”, pedindo às farmacêuticas e governos de todo mundo para deixarem de pensar na salvação de seus cidadãos, e passarem a “pensar globalmente”.

 

Religiões pelo acesso universal

Nesse sentido, o papel das religiões tem se mostrado fundamental. Tanto para o bem como para o mal. Assim, enquanto alguns líderes evangélicos negam, há meses, a própria existência do coronavírus (que fez com que a pandemia se espalhe a limites insuspeitados em países como o Brasil), ou grupos católicos ultraconservadores denunciam as vacinas, argumentando que algumas das pesquisas vieram dos restos mortais de fetos abortados, a verdade é que a maioria das confissões religiosas começou a convencer seus fiéis da bondade das vacinas e do cumprimento das normas de saúde para acabar com a pandemia.

Desta forma, os chefes de 145 igrejas em todo o mundo assinaram há poucos dias, coincidindo com a tragédia na Índia, uma carta dirigida a chefes de estado, governo e empresas farmacêuticas para solicitar acesso global e universal às vacinas.

“Apelamos a todos os líderes para rejeitar o nacionalismo da vacina e aceitar um compromisso com a igualdade global. Como líderes religiosos, vamos juntar nossas vozes para tornar as vacinas disponíveis para todas as pessoas como um bem comum global. É isso. A única maneira de acabar com a pandemia”, frisaram, ressaltando a importância de “cuidarmos uns dos outros”. “Cada um de nós só pode estar seguro quando estivermos todos seguros. Se uma parte do mundo ficar na pandemia, todas as partes do mundo estarão em risco crescente”, diz ele.

E o que acontece na Espanha? Além dos gritos da minoria dos grupos negadores, e dos bispos que contornaram a fila receber as doses mais cedo, a verdade é que a Igreja Católica saltou na onda impulsionada por Biden e Francisco. Horas depois de conhecida a decisão dos Estados Unidos, o presidente da Conferência Episcopal, Juan José Omella, exigiu que “as vacinas anticoronavírus sejam mais acessíveis e cheguem a todos os cantos do planeta”.

“Seria possível liberar patentes para os países mais pobres?”, questionou Omella, exigindo “vacinas para todos”, e lembrando que “a saúde é um direito universal”, o que implica, principalmente, “os países do primeiro mundo”.

“Não nos contentemos em voltar à normalidade. Vamos dar mais um passo para criar um mundo mais fraterno, mais justo, mais solidário, onde as pessoas sejam sempre colocadas no centro”, disse o cardeal de Barcelona.

 

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