Moçambique. Assalto ao porto estratégico de Mocímboa da Praia: “Temos 250.000 deslocados”, denuncia o Bispo de Pemba

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

19 Agosto 2020

Os países da África Austral estão em estado de alarme depois que, em 12 de agosto, um grupo de homens armados da “Província Centro-Africana do Estado Islâmico (Iscap)” assumiu o controle do porto de Mocímboa da Praia e derrotou o exército moçambicano. É a primeira vez que os insurgentes jihadistas, presentes na província de Cabo Delgado, na fronteira com a Tanzânia, conseguem ocupar e manter um lugar tão estratégico.

A reportagem é publicada por Agência Fides, 17-08-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Em 13 de agosto, a ministra dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Veronica Macamo, afirmou que o norte do país "enfrenta uma ameaça de terrorismo violento e extremismo que, se não for contido, pode espalhar-se" por todo o sul da África. A Southern African Development Community (SADC), que reúne 16 países entre os quais Moçambique, Tanzânia e África do Sul, reuniu-se em 17 de agosto, para debater a situação crítica em Mocímboa da Praia. Segundo Veronica Macamo, os Estados membros devem conduzir uma “consulta e a coordenação de ações para combater o terrorismo, que representa uma grave ameaça para nossa região”.

Mocímboa da Praia (Foto: Rádio Moçambique)

A situação na província de Cabo Delgado foi denunciada por Sua Exa. Dom Luiz Fernando Lisboa, Bispo de Pemba. “O impacto da crise é fatal, atingiu todas as províncias e todos os habitantes da província de Cabo Delgado”, disse Mons. Lisboa. “Existem mais de 250.000 deslocados espalhados pela província que necessitam de assistência”.

“O nosso povo tem necessidade urgente de paz porque esta crise desestabilizou completamente a nossa província”, afirmou Mons. Lisboa, que lançou um apelo “à comunidade internacional para que venha em nosso auxílio. As pessoas precisam de solidariedade e além de ajudar a acabar com a crise, precisamos alimentar todos esses deslocados. Precisamos de comida, remédios, roupas, cobertores, toda a ajuda necessária para ajudar os deslocados”. Finalmente, o Bispo de Pemba destacou que sua diocese “iniciou uma campanha por meio da Caritas Pemba para apoiar os deslocados. Estamos abertos à ajuda de todos para apoiar essa campanha”.

O porto de Mocímboa da Praia é de importância estratégica para os planos de desenvolvimento econômico de Moçambique. O grupo francês Total está empenhado na construção de duas centrais de extração de gás na península de Afungi, 60 km ao norte de Mocímboa da Praia. Junto com outro projeto liderado pela estadunidense ExxoMobil, quase 60 bilhões de dólares (52 bilhões de euros) devem ser investidos na região, mas as empresas dependem do porto de Mocimboa da Praia para o abastecimento.

O exército moçambicano, presente em força em Cabo Delgado mas mal equipado, luta para repelir os combatentes islâmicos, inclusive com o apoio de mercenários russos e sul-africanos.

A SADC deve "vir urgentemente em ajuda de Moçambique para conter a violenta insurreição", de acordo com uma nota do centro de estudos sul-africano, Instituto de Estudos de Segurança (ISS), que apela aos Estados da África Austral "uma ação decisiva que possa ajudar a pôr um fim à crise. "Caso contrário, de acordo com a ISS, a situação poderia atingir proporções semelhantes às crises de segurança no Sahel, na bacia do Lago Chade e no Chifre da África. De acordo com o centro de estudos da África do Sul, a SADC deve ajudar Moçambique "a desenvolver uma estratégia de longo prazo para lidar com as raízes da violência, incluindo as compensação pelo confisco de terras para a indústria de mineração, a falta de empregos, o analfabetismo, o desenvolvimento e a falta de serviços básicos".

 


A Pastoral da Comunicação da Diocese de Pemba promoveu dia 19/08 um encontro com a imprensa. Dom Luiz falou do telefonema que recebeu do Papa Francisco e respondeu às perguntas dos jornalistas. 

 

 

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Moçambique. Assalto ao porto estratégico de Mocímboa da Praia: “Temos 250.000 deslocados”, denuncia o Bispo de Pemba - Instituto Humanitas Unisinos - IHU