“Respeito aos territórios indígenas foi tema central durante Sínodo da Amazônia”, garante dom José Ionilton

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25 Outubro 2019

Segundo dom José, o chamado ao cuidado com os direitos territoriais é um clamor insistido pelo papa Francisco.

A reportagem é de Guilherme Cavalli, publicada por Cimi, 24-10-2019.

“O Sínodo nos convocou a olhar com cuidado a questão dos territórios dos povos indígenas”, afirma dom José Ionilton, bispo de Itacoatiara (AM) e vice-presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ao comentar o processo de construção do documento final do Sínodo da Amazônia, que será votado na tarde do próximo sábado (26), em Roma.

Dom José é um padre sinodal e participou dos debates. “Entendemos o tema dos territórios tradicionais como questão central para a defesa e autonomia dos povos originários, dos ribeirinhos, indígenas e pequenos agricultores. O documento final tem muitas indicações e atenção especial ao tema”, antecipou.

Nas indicativas, dom José explica que “falamos de como Igreja devemos estar junto aos povos indígenas na sua luta para que possa ter o direito de permanecer nas terras demarcadas e onde não estejam demarcadas, para que se garanta o cumprimento do direito constitucional”, indicou o bispo.

Segundo dom José, o chamado ao cuidado com os direitos territoriais é um clamor insistido pelo bispo de Roma. “O papa Francisco está muito cuidadoso com o direito a terra dos povos originários, para que esses fiquem em seus espaços tradicionais e que a partir de seu lugar tenham respeitado as suas culturas e religiosidades”, afirmou.

No instrumento de trabalho construído a partir da escuta de aproximadamente 84 mil pessoas, em dois anos de trabalho prévio ao Sínodo, a falta de demarcação dos territórios tradicionais e o não reconhecimento do seu direito à terra é apresentado como um elemento central para o debate da vida na Pan-Amazônia.

O tema foi recorrente nos trabalhos internos do Sínodo, conforme explica dom José, e está presente no documento que será votado e entregue ao papa. “O documento construído traz a denúncia de uma vida amazônica que está ameaçada, principalmente para os povos originários”, salientou o vice-presidente da CPT.

“A Igreja na Amazônia precisa estar junto dos povos que vivem nesta região. É necessário um cuidado de pastor, principalmente naqueles lugares onde os povos são ameaçados pela ambição, pelo poder econômico que deseja tomar os territórios em vista do lucro e do dinheiro”, afirma o bispo.

Perspectivas de encarnação sinodal. “A Igreja assume sua presença junto a essas pessoas que são ameaçadas por esse poder do dinheiro”. O que pondera o religioso, integrante da congregação Padres Vocacionistas, é abordado por Francisco na encíclica Laudato Sí, sobre o cuidado da Casa Comum.

“Proteger os povos indígenas e seus territórios é uma exigência ética fundamental e um compromisso básico dos direitos humanos. Para a Igreja, esse compromisso é um imperativo moral coerente com o enfoque da ‘ecologia integral’ de Laudato si’ (cf. LS, cap. IV)”, revela.

As ameaças geradas “pelos grandes interesses econômicos que se alastram sobre diferentes regiões do território” também são lembradas no texto preparatório do Sínodo como propulsores de uma economia de morte, que promove a “intensificação do desmatamento indiscriminado na selva, a contaminação dos rios” (IL 2).

Sobre a conjuntura brasileira, dom José sustenta ser necessário uma atuação ainda mais profética da Igreja. “O trabalho não é fácil diante ao governo que temos no Brasil. Está cada vez mais difícil para as populações do campo, para ribeirinhos, indígenas, camponeses”, lamenta.

“Na minha intervenção durante a Assembleia Sinodal, eu trouxe o tema da criminalização das pessoas que estão na luta pela terra, pela água e pelo direito de viver na Amazônia”, comentou o bispo. “Sinto que esse era um espaço para pensarmos a proteção de pessoas que estão ameaçadas por defender a vida”, diz.

Para dom José, “a Igreja precisa cuidar dos cuidadores, daqueles que estão na luta direta e são criminalizados e perseguidos”. Como proposta que responde aos clamores da Pan-Amazônia, o vice-presidente da CPT indica a possível criação de um organismo para acompanhamento de pessoas ameaçadas por defender a Pan-Amazônia.

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