Xi não irá se encontrar com o Papa, mas haverá um convite histórico da China para o Vaticano

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20 Março 2019

O Vaticano pode esperar. Não estão agendados encontros entre o papa e Xi Jinping, pelo menos não desta vez, embora Francisco estivesse obviamente disposto a dar o primeiro passo com o presidente chinês, até mesmo reunir-se em alguma área fora do Palácio Apostólico, a fim de criar um boa atmosfera de troca capaz de derreter o gelo e aliviar a desconfiança e os mal-entendidos que persistem no fundo. "Os tempos ainda não estão maduros", informaram os chineses a Santa Marta. Xi é o terceiro dos cinco presidentes da República Popular a visitar a Itália. Sua permanência - quatro dias no total, de 21 a 24 de março – acontece sete anos depois de seu antecessor Hu Jintao, em março de 2012. O primeiro presidente chinês que esteve na Itália, também ignorando o Papa, foi Jiang Zemin, em março de 1999.

A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 19-03-2019. A tradução é de Luisa Rabolini

Desde então até hoje, porém, além das negociações fracassadas, um enorme progresso foi feito entre a Santa Sé e a China, o gelo das décadas passadas deu lugar a vislumbres de diálogos inéditos, a um acordo ad experimentum sobre as nomeações episcopais, a missões diplomáticas de emissários papais em Pequim. A última missão data de dezembro passado e ao monsenhor Claudio Maria Celli foi até permitido visitar oficialmente uma diocese. Coisas inimagináveis no passado. Assim como é inédito o convite do governo de Pequim a um chefe de dicastério do Vaticano, neste caso o cardeal Gianfranco Ravasi, para inaugurar, em maio, o pavilhão da Santa Sé na Expo sobre a horticultura.

Outro gesto que na economia chinesa implica um caminho em andamento. "O não-realizado encontro em Roma entre Francisco e Xi não é, portanto, a indicação de uma vontade de esfriar as relações. No máximo, é uma oportunidade perdida, ligada a não querer forçar as etapas; não é uma interrupção”, diz o professor Agostino Giovagnoli, sinólogo e professor de história contemporânea da Universidade Católica. Algo semelhante já havia acontecido em Nova York em 2015. O Papa estava nos EUA para discursar na ONU e, justamente naqueles dias, o presidente Xi também estava presente. Tentativas foram feitas, através de emissários, para organizar um encontro, pelo menos um aperto de mão, mas sem sucesso. Inclusive naquela ocasião, os tempos não estavam prontos. Os caminhos ditados pela política chinesa preveem intervalos mais longos.

"É mais fácil que o veto caia para a uma viagem à China do Papa do que para um encontro com um presidente chinês em Roma", acrescenta Giovagnoli. Nos círculos diplomáticos, não passou despercebido que Xi, dentro do Politburo, registra ainda alguma resistência significativa ao acordo com a Igreja de Roma. Um acordo que, dentro da Igreja, está na origem de sofrimentos e ceticismo devido às notícias não positivas que ainda chegam a Roma com relação às pressões exercidas pelo governo chinês sobre padres que até recentemente pertenciam à Igreja clandestina, fiel a Roma, mas não reconhecida pela Igreja Patriótica (a única aprovada pelo governo comunista). O processo é lento, os sinais talvez sejam ambivalentes, mas agora não se pode mais voltar atrás.

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