A divisão do campo progressista após a vitória de Bolsonaro

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

01 Novembro 2018

Ciro Gomes critica PT, Gleisi Hoffmann rebate e PSOL não é convidado para debater bloco parlamentar com PDT, PSB e PCdoB.

A reportagem é de Miguel Martins, publicada por CartaCapital, 31-10-2018.

Ao negar declarar voto no petista Fernando Haddad às vésperas do segundo turno da disputa presidencial, Ciro Gomes justificou sua posição por uma razão prática que não gostaria de adiantar: "Se eu não posso ajudar, atrapalhar é o que eu não quero". Encerrado o pleito, os eleitores de esquerda lambem suas feridas, mas seus representantes parecem querer abri-las.

Em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo nesta quarta-feira 31, o pedetista se diz "miseravelmente traído" por "Lula e seus asseclas".

O candidato expôs sua revolta com o acordo costurado entre o PT e o PSB para isolá-lo na disputa. Disse que Haddad jamais deveria ter aceitado o "papelão" de ser vice de Lula até o impedimento do ex-presidente, algo recusado por ele próprio. Chamou o teólogo Leonardo Boff, historicamente ligado ao PT, de "bosta" por críticas à sua viagem a Paris em meio à campanha de segundo turno. O pedetista disse ainda não querer participar "dessa aglutinação de esquerda". Segundo ele, "isso sempre foi um sinônimo oportunista para a hegemonia petista".

Também citada pelo pedetista na entrevista, Gleisi Hoffmann rebateu Ciro nas redes sociais. Segundo a presidente do PT, sua legenda faz "articulação pública aberta e transparente" e "não age por mágoa ou traição". Defendeu ainda a trajetória de Boff e Frei Beto, outro alvo do pedetista, por terem "emprestado suas vidas à causa do povo".

As palavras duras de Ciro confundem-se com uma iniciativa encampada pelo deputado André Figueiredo, do PDT, para formar um novo bloco parlamentar que inclui seu partido, o PSB e o PCdoB. Nesta quarta-feira 31, estiveram presentes à reunião deputados como o pessebista Alessandro Molon e o comunista Orlando Silva.

Segundo Figueiredo, o grupo terá "muitas pontes" com os petistas, mas eles não integrarão oficialmente o bloco. Ele declarou ainda que "não podemos aceitar de forma alguma o hegemonismo que o PT quer instalar".

A tentativa de isolar o PT após as eleições respingou em outro partido do campo progressista, o PSOL. A legenda ganhou força na Câmara, ao passar de cinco para dez deputados, uma marca superior à do PCdoB, que terá nove representantes na Câmara.

Segundo Figueiredo, o partido que lançou Guilherme Boulos na disputa à Presidência não estaria incluído por não ser um "modelo de oposição que seja construtivo para o País".

Juliano Medeiros, presidente do PSOL, comentou que, se a oposição pretendida por esse bloco defende uma conciliação com Bolsonaro, "fizeram bem ao não nos convidar". "Disputas para isolar partido A ou B, para garantir a liderança dessa ou daquela legenda, dividindo precocemente a oposição, é tudo o que o Bolsonaro quer".

Com as brigas internas, o campo progressista afasta-se cada vez mais da frente ampla pretendida no início deste ano. Provavelmente a luta política diária os aproximará novamente, mas as rusgas nunca foram tão evidentes. No momento, caberia uma inversão na frase de Ciro: se ninguém pode atrapalhar, ajudar é que não se quer.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

A divisão do campo progressista após a vitória de Bolsonaro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU