Controvérsia envolve fotógrafo por trás da imagem do "fruto da guerra" do Papa

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17 Janeiro 2018

É uma imagem que tocou profundamente o Papa Francisco: um jovem japonês, na fila de um crematório em Nagasaki, com seu irmão morto amarrado às costas. Logo depois do Natal, o Papa pediu que a foto fosse distribuída, com uma nota na parte de trás: "O fruto da guerra".

A reportagem é de Charles Collins, publicada por Crux, 16-01-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

Francisco também fez a imagem circular entre os jornalistas que o acompanham no avião em sua viagem ao Chile e ao Peru, de 15 a 21 de janeiro.

Imagem atribuída ao fotógrafo estadunidense Joseph Roger O'Donnell que o Papa Francisco está fazendo circular durante as férias de 2017, intitulada "Os frutos da guerra". (Crédito: Assessoria de imprensa do Vaticano.)

"Pensei em fazer cópias da foto porque uma imagem como essa vale mais que mil palavras", disse o Papa aos jornalistas. "Encontrei por acaso... e fiquei emocionado quando a vi".

No entanto, há controvérsias a respeito do fotógrafo que supostamente tirou a foto, Joseph Roger O'Donnell, que morreu em 2007.

Ele é conhecido por ter levado o crédito por fotografias que não eram suas, e em 2007 o jornal New York Times relatou que várias "discrepâncias" em seu trabalho.

Depois de ser fotógrafo do corpo de fuzileiros navais na Segunda Guerra Mundial, ele trabalhou para a Agência de Informação dos Estados Unidos, um escritório do Secretário de Estado.

Entre as fotografias que O’Donnell alegou serem suas e não eram, há uma do grupo de líderes aliados na Conferência de Teerã de 1944 e uma famosa foto de John F. Kennedy, Jr., em reverência ao caixão de seu pai no velório, em 1963.

Joseph O'Donnell não estava em Teerã na época e nunca fez parte da imprensa da Casa Branca.

"Histórias que ele contou por décadas nunca foram questionadas”, segundo o artigo do New York Times. "Grande parte de seu histórico de viagem permanece um mistério, devido à dificuldade em obter informações pessoais de décadas atrás do governo".

O'Donnell vendia impressões assinadas destas e outras imagens em um site.

De acordo com uma notícia do New York Times, publicada em 15 de setembro de 2007, cerca de um mês após sua morte, "a desconfiança estendeu-se a fotos que ele tirou como marinheiro no Japão, aos 23 anos, que disse estarem escondidas em um baú em sua casa até que ele desenterrou os negativos em 1985".

O'Donnell afirmou ter guardado os negativos após a guerra porque as imagens da destruição nuclear de Hiroshima e Nagasaki eram muito perturbadoras para serem publicadas na época.

Dentre as fotos, estava a que o Papa Francisco fez circular depois do Natal.

Elas foram exibidas pela primeira vez nos anos 90 e depois foram publicadas em um livro, em 2005, chamado Japan 1945: A U.S. Marine’s Photographs From Ground Zero.

Alguns especialistas questionaram como ele conseguiu tirar fotos de ambas as cidades, que ficam a quase 200 milhas de distância.

Segundo o New York Times, "a autenticidade dessas fotos não foi refutada".

A família de O’Donnell tem defendido o fotógrafo, dizendo que há discrepâncias porque ele teve demência em seus últimos anos.

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