Um papa jesuíta? Mais responsabilidade. Entrevista com Antonio Spadaro

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11 Fevereiro 2017

O Papa Francisco reiterou “várias vezes”, também durante a audiência “prévia” com o prepósito-geral, Pe. Arturo Sosa, a “importância específica” da Civiltà Cattolica definida como “revista única no seu gênero pelo serviço à Sé Apostólica”. Quem explica ao Avvenire é o Pe. Antonio Spadaro, desde 2011 diretor da publicação quinzenal.

A reportagem é de Gianni Cardinale, publicada no jornal Avvenire, 10-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

Confirmando os estatutos que remontam à fundação, o papa reafirma que quem escreve na Civiltà Cattolica são sempre e apenas jesuítas.

Exatamente. Não só. Ele reitera que continue havendo uma base estável de “escritores” que vivam juntos, formando uma comunidade que, depois, faz a revista.

Agora, a revista também vai ser publicada em outras quatro línguas: inglês, francês, espanhol e coreano. Como serão essas novas edições?

Terão periodicidade mensal, hospedando uma ampla seleção de artigos presentes na edição italiana. Seleção que será diferenciada para cada uma delas.

O papa os convida a hospedar contribuições de outros jesuítas de várias partes do mundo. Isso significa que vocês vão dar mais espaço à política internacional e menos à italiana?

Não. Continuaremos mantendo um olho muito atento aos assuntos italianos, também políticos. Mas, hoje, uma revista cultural dificilmente pode se limitar a um horizonte nacional, até mesmo para entender os eventos internos. Então, o nosso olhar sobre os assuntos internacionais vai se intensificar. Com atenção particular para os temas de geopolítica, centrais da nossa época, entre os quais se destaca a questão das migrações.

No passado, a ligação especial com o papa também se manifestava com as audiências periódicas com o diretor. Depois, com João XXIII, a referência direta se tornou a Secretaria de Estado. Agora, com o Papa Francisco, vocês voltaram à velha práxis?

No seu discurso, o papa reitera que a revista tem uma ligação direta com ele e, portanto, substancialmente, confirmou a tradição ininterrupta. O fato de que o pontífice pode rever pessoalmente todos os textos, no entanto, pertence a outra época. Mas ele está particularmente interessado: se informa, vê, lê. Na audiência, ele disse que tem a revista na sua escrivaninha e que ela o interpreta bem. Na verdade, os pontífices anteriores também dialogavam diretamente com o diretor da revista, em várias formas.

O que mudou com a chegada de um papa jesuíta?

Para nós, é uma responsabilidade a mais. A formação comum e a espiritualidade comum, por um lado, nos ajuda a entender; por outro, compromete-nos ainda mais para acompanhar o pontificado. Algo que desde sempre constitui o DNA da nossa revista.

Mesmo com as mudanças de rota.

Isso mesmo. Eu me lembro que, nos tempos do Vaticano II, alguns padres, que se formaram antes do evento conciliar, tinham resistências. Foi tarefa do diretor da época, o Pe. Tucci, fazer com que a revista acompanhasse a virada conciliar. Seguir a Civiltà Cattolica, portanto, significa seguir uma história de fidelidade ao pontificado, a cada pontificado.

No seu discurso, o papa lhes deu três palavras para refletir sobre o trabalho de vocês. Em primeiro lugar, a inquietação...

Quando o papa nos convida a sermos inquietos, ele nos exorta a não ter medo de abordar as questões debatidas, tendo sempre na mira a reconciliação. E nos adverte para não confundir a segurança da doutrina com a inércia da busca.

Nisso também se insere um recente artigo que foi lido como uma abertura ao sacerdócio feminino?

Essa interpretação é uma forçação que não tem fundamento. O artigo fazia uma síntese do debate sobre o diaconato, refletindo sobre os temas que uma comissão está discutindo.

Depois, o papa lhes recomendou a incompletude...

O papa nos convida a não defender ideias, como se o cristianismo fosse uma filosofia, mas olhar para a realidade com o olhar de Cristo. E isso significa olhar também para fora da Igreja, dar a conhecer aos católicos que Deus está trabalhando também além das fronteiras visíveis da Igreja.

E, por fim, a imaginação...

Aqui, o papa nos indicou como “padroeiro” o Ir. Andrea Pozzo, o autor dos geniais afrescos da Igreja de Santo Inácio. Um pintor que, mesmo dentro de espaços estreitos, de muros e de tetos restritos, conseguia pintar de tal modo que o olho via aberturas e profundidade lá onde há fechamentos. Esse trabalho com a imaginação para favorecer aberturas é realmente um dos desafios mais intrigantes sobre o qual tentaremos nos empenhar.

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