Wojtyla segundo os EUA: ''Mais político do que pastor''

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28 Abril 2014

Carl Bernstein (foto), o jornalista do Washington Post que, juntamente com Bob Woodward, derrubou o presidente Nixon ao revelar o escândalo Watergate, entende de homens que, para o bem ou para o mal, fizeram a história. E sobre João Paulo II ele não tem dúvidas: "Do ponto de vista geopolítico – diz – ele faz parte do grupo dos papas que tiveram mais influência sobre o mundo". Do ponto de vista social, no entanto, "no seu pontificado, também houve sombras, como a da reação aos abusos sexuais contra as crianças".

A reportagem é de Paolo Mastrolilli, publicada no jornal La Stampa, 26-04-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Bernstein sempre acompanhou Wojtyla com atenção, a partir da "santa aliança" com Ronald Reagan para derrubar a URSS, até à fase conclusiva do seu pontificado. Dedicou-lhe um livro, His Holiness, escrito com Marco Politi.

A sua abordagem à canonização de João Paulo II e de João XXIII é muito respeitosa, mesmo em relação às críticas que nos últimos dias vieram dos EUA.

Alguns disseram que elevar os papas à glória dos altares em geral não é uma boa ideia, porque o seu papel é tão espiritual quanto secular, e as obrigações decorrentes do governo da Igreja podem estar em contraste com as virtudes requeridas dos santos: "Eu – responde Bernstein – sou apenas um analista leigo e, portanto, não tenho as credenciais para debater sobre quem deve ser canonizado ou não".

O debate, ao menos do ponto de vista geopolítico, segundo ele, está encerrado: "João Paulo II fez história. A sua contribuição para pôr fim à Guerra Fria e à existência da URSS foi determinante e, depois de ter derrotado o comunismo, ele continuou sendo um ponto de referência na cena internacional. Ele teve uma enorme influência sobre o mundo".

Bernstein, porém, reconhece que "há aspectos obscuros do seu pontificado, especialmente na gestão da crise da pedofilia. Naturalmente, há quem defenda que os abusos não haviam ocorrido principalmente durante o seu mandato, e ele começou a limpeza, mas é claro que ele poderia ter feito mais".

Nisso principalmente se baseiam as críticas que vieram dos EUA, mas que deixam entrever também algumas motivações políticas, ligadas à percepção geral de Wojtyla como um conservador: "Essas categorias de julgamento hoje são pouco eficazes até mesmo para os políticos, imagine para os líderes religiosos. Depois de ter favorecido a queda da URSS, João Paulo II também foi muito crítico contra os excessos do capitalismo: isso faz dele um liberal ou um conservador? Ele teve iniciativas muito significativas para superar, digamos, a antiga antipatia dos católicos em relação aos judeus, como a visita à sinagoga e ao Muro das Lamentações, em Jerusalém: liberal ou conservador? É difícil julgar nesses termos".

No entanto, continuam sendo inevitáveis a comparação com João XXIII e a especulação segundo a qual a sua canonização serve para equilibrar a de Wojtyla: "João XXIII é percebido como o pontífice que iniciou a reforma da Igreja moderna e ele tinha posições mais progressistas sobre alguns pontos, mas é muito difícil fazer comparações entre os dois papas que viveram em épocas diferentes, ambos tendo enorme impacto sobre a vida dos católicos e do mundo. Muitos passos dados por Wojtyla estavam em continuidade com Roncalli".

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