Teóloga franciscana desafia a hipocrisia da nova encíclica papal Fratelli Tutti

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21 Outubro 2020

Há algumas semanas, o papa Francisco publicou seu último grande escrito, a encíclica Fratelli Tutti. O Papa faz um chamado a um senso renovado de solidariedade entre pessoas em um tempo de crise social, quando o nacionalismo, racismo e outras doenças estão ressurgindo, sobretudo em um contexto de pandemia.

Mas por todos os apelos de Francisco por mais justiça e paz no mundo, a teóloga e franciscana Ilia Delio identifica falhas cruciais na encíclica, chegando à certa hipocrisia de uma igreja que demanda justiça no mundo quando tal justiça não se reflete na própria igreja. 

A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 20-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Ela escreveu em um artigo no portal Global Sisters Report: “O Papa defende grandes ideias que demandam políticas públicas: justiça, comunidade, compaixão e, o melhor de tudo, fraternidade e irmandade. A ironia de sua mensagem é que a Igreja Católica Romana é a instituição mais homofóbica do mundo hoje. Com um apelo à solidariedade humana e fraternidade, o Papa busca estabelecer a equidade no mundo, descrevendo uma visão de fraternidade universal onde ‘todas as pessoas são meus irmãos e irmãs, e... o mundo realmente pertence a todos’”.

Ela indaga: “Como dar sentido a isso em uma Igreja que não considera as mulheres como iguais? Uma Igreja que não permitirá a ordenação de mulheres ou mesmo a capacidade de mulheres pregar? Uma Igreja que insiste em exigir os direitos do corpo de uma mulher? Uma igreja que exclui pessoas LGBTQ da aceitação total e não permite que pessoas divorciadas e recasadas participem da liturgia?”

“Como o papa diz ao mundo o que é preciso fazer quando lidera uma instituição baseada no patriarcado, na hierarquia e nas diferenças ontológicas? ”, aponta a irmã.

Delio sugere que, talvez, o papa Francisco “está falando ao mundo porque ninguém o ouve dentro de casa, ou talvez porque ele tem medo de falar com seus próprios irmãos”. O mundo realmente precisa do que surge desse discernimento do Papa sobre os sinais de nossos tempos. Fratelli Tutti desafia profeticamente o status quo global, as realidades de desigualdade e opressão que a pandemia expõe novamente.

Mas Delio está correta ao dizer que até que a Igreja viva os valores que propõe, principalmente quando se trata de questões de gênero e sexualidade, ela permanecerá hipócrita. Ela foca sobre um aspecto do ministério e liderança de Santa Clara e São Francisco de Assis: exortaram os membros de sua comunidade a buscar a integridade interior tão necessária para oferecer um testemunho público confiável. Não apenas o papa Francisco, mas todos os católicos precisam se lembrar disso. Precisamos construir uma igreja justa e inclusiva precisamente para que a fé que mantemos possa levar mais fortemente ao Reino de Deus sendo realizado na terra.

 

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