"Libertem o padre Dall'Oglio e os bispos sequestrados na Síria": o apelo de Francisco

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27 Julho 2015

"Por mais que sejamos pobres, todos podemos dar alguma coisa. Que a ninguém falte o pão e uma vida digna." E ainda: "Jesus sacia a fome do sentido da vida. Devemos substituir a lógica do dar à do comprar." O papa dirigiu "um aflito e urgente apelo" pela libertação do padre Paolo Dall'Oglio, o jesuíta sequestrado há dois anos na Síria, assim como dos bispos ortodoxos e das outras pessoas "que, nas zonas de conflito, foram sequestradas". Por isso, Francisco pede "o renovado compromisso das autoridades locais e internacionais".

A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 26-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Além disso, "hoje, 26 de julho – disse o papa –, a Igreja relembra os Santos Joaquim e Ana, pais da Virgem Maria e, portanto, avós de Jesus. Por isso, gostaria de saudar todos os avôs e as avós pela sua grande e fundamental presença nas famílias". Falando de improviso, destacou: "Para os avós vivos e por aqueles que nos olham do céu – acrescentou – demos uma saudação e um belo aplauso!".

Além disso, "hoje, abrem-se as inscrições para a 31ª Jornada Mundial da Juventude, que será realizada no próximo ano na Polônia. Quis abrir eu mesmo as inscrições e recém me inscrevi como peregrino mediante um dispositivo eletrônico", disse o pontífice, depois de rezar o Ângelus, tendo ao lado um jovem e uma jovem que se uniram a ele enquanto ele digitava em um tablet a sua inscrição.

"Celebrada durante o Ano da Misericórdia, essa Jornada será, em certo sentido, um jubileu da juventude, chamada a refletir sobre o tema 'Bem-aventurados os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia'", explicou.

"Convido os jovens de todo o mundo – acrescentou Francisco – a viver essa peregrinação, seja dirigindo-se a Cracóvia, seja participando desse momento de graça nas próprias comunidades."

Dar e não comprar

Os discípulos pensam em termos de "mercado", mas Jesus, à lógica do comprar, substitui a do dar". A referência é ao episódio evangélico da multiplicação dos pães e dos peixes, um gesto – afirmou – que antecipa o da "Última Ceia" e que dá "ao pão de Jesus o seu significado mais profundo e mais verdadeiro".

Francisco comentou o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes. "Jesus sacia não só a fome material, mas a mais profundo, a fome de sentido da vida, a fome de Deus". "Jesus – ressaltou, lembrando os muitos milagres do Evangelho – não é só curador, é também Mestre: de fato, ele sobe a montanha e se senta, na típica atitude do mestre quando ensina: ele sobe aquela 'cátedra' natural criada pelo seu Pai celeste". "N'Ele – observou – age o poder misericordioso de Deus, que cura de todo o mal do corpo e do espírito."

Assomado à janela da terceira loggia do Palácio Apostólico, o pontífice recordou os gestos feitos naquela ocasião por Cristo, que "tomou aqueles pães e aqueles peixes, deu graças ao Pai e os distribuiu", antecipando "os da Última Ceia, que dão ao pão de Jesus o seu significado mais profundo e mais verdadeiro".

"O pão de Deus – explicou o Papa Bergoglio – é Jesus mesmo. Fazendo a Comunhão com Ele, recebemos a Sua vida em nós e nos tornamos filhos do Pai celeste e irmãos entre nós." Portanto, mesmo se, naquele dia, "a multidão é tocada pelo prodígio da multiplicação dos pães", na realidade, "o dom que Jesus oferece é a plenitude de vida para o homem faminto".

Segundo o papa, "participar na Eucaristia significa entrar na lógica de Jesus, a lógica da gratuidade, da partilha". "Fazer a Comunhão – concluiu – significa também obter de Cristo a graça que nos torna capazes de compartilhar com os outros o que somos e o que temos."

Dall'Oglio

O padre Paolo Dall'Oglio – por cuja libertação o Papa Francisco fez um aflito apelo nesse domingo – está nas mãos dos sequestradores desde o dia 29 de julho de 2013. Os vestígios do jesuíta, de 60 anos, se perderam em Raqqa, fortaleza do "Califado" do Estado Islâmico no norte da Síria.

Por 30 anos e até a sua expulsão no verão de 2012, Dall'Oglio viveu e trabalhou no seu país de adoção em nome do diálogo islâmico-cristão. Atualmente, são cinco os italianos sequestrados no mundo. Além do jesuíta, há também os quatro empregados da empresa de construção Bonatti, sequestrados na Líbia. O último italiano a ser libertado, no dia 9 de junho passado, foi Ignazio Scaravilli, médico da Catânia sequestrado na Líbia em janeiro por um grupo de criminosos e jihadistas ligados à galáxia radical de Ansar al-Sharia.

Antes dele, no dia 15 de janeiro de 2015, tinham sido liberados as duas jovens colaboradoras Greta Ramelli e Vanessa Marzullo, desaparecidas na Síria no dia 31 de julho de 2014. Giovanni Lo Porto, o cooperador italiano desaparecido em 2012, foi morto em janeiro passado por um drone dos EUA durante um ataque contra a Al-Qaeda no Paquistão e no Afeganistão.

É significativa a série de italianos sequestrados nos países do Norte de África de 2011 até hoje. O enviado do jornal La Stampa Domenico Quirico foi sequestrado em 2011 na Líbia, por dois dias, com os colegas Elisabetta Rosaspina e Giuseppe Sarcina, ambos do Corriere della Sera, e Claudio Monici, do Avvenire.

Na Argélia, em 2011, os terroristas islâmicos sequestraram a turista toscana Sandra Mariani e a cooperadora do CISP da Sardenha Rossella Urru. Ambas foram libertadas em 2012, depois de 14 meses de cativeiro a primeira, e de nove meses, a segunda.

Em 2014, na Líbia, foram sequestrados dois técnicos italianos, em dois episódios separados: o primeiro em Tripoli, o segundo em Cirenaica: o emiliano Marco Vallisa e o vêneto Gianluca Salviato. Ambos foram liberados depois de vários meses.

Na tarde desse domingo, 26, o ministro do Exterior italiano, Paolo Gentiloni, falando sobre as palavras do Papa Francisco, tuitou: "Obrigado @Pontifex_it pelo apelo para libertar o padre Dall'Oglio e os outros sequestrados".

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