Festa da Semente Crioula tem mobilização em defesa da democracia e contra reforma da Previdência

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31 Janeiro 2018

Na quarta edição da Festa da Semente Crioula, realizada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no último domingo em Seberi (RS), a pauta simbólica deu lugar ao protagonismo de dois temas bem concretos: a defesa da democracia e o risco da reforma da previdência ser levada à votação e inviabilizar a manutenção de milhares de famílias de pequenos agricultores no campo. Dirigentes do MPA e autoridades presentes foram unânimes na preocupação quanto ao tema, considerado decisivo para o futuro do campesinato. Segundo a organização, estiveram presentes mais de 500 pessoas no evento, com delegações de todas as regionais do MPA no estado e visitantes de 8 estados.

A reportagem é de Marcos Corbari, publicada por Sul21, 30-01-2018.

Rafaela Alves, integrante da direção nacional do movimento, refletiu a partir da semente, a necessidade de fortalecer a luta popular. “Para a gente, a semente é um patrimônio do povo a serviço da humanidade, sem a semente o camponês não produz, não alimenta, não fica na terra… por isso celebrar nossa semente é celebrar a nossa resistência”, afirmou. “Em uma conjuntura difícil como a que estamos vivendo no país, em que tiram nossos direitos, em que tiram as políticas que conquistamos ao longo da história, é preciso reafirmar a necessidade da nossa teimosia, da nossa capacidade de resistir”, concluiu.

As apresentações culturais da Caravana Clodomir de Moraes, unindo teatro e musicalidade, também reforçaram o tom crítico dos camponeses frente aos rumos da política nacional e em especial à reforma da previdência. Através de uma encenação os jovens originários de 8 diferentes estados brasileiros, aludiram a impossibilidade de a maior parte dos camponeses alcançarem o tempo de contribuição necessário para ter direito à aposentadoria no contexto proposto pelo governo federal.

O deputado estadual Edegar Pretto, presidente da Assembleia Legislativa do RS, manifestou-se reforçando o chamado por mobilização popular contra as intenções do governo. “Esse é um momento de afirmação da nossa luta e da nossa caminhada, o que está em jogo é muito mais do que a briga de um partido contra o outro, essa é uma luta de classes”. Para o parlamentar, é necessário que o campo popular permanentemente se disponha a revisar e reafirmar qual é o seu compromisso de classe, ou o golpe vai se consolidar e cada vez mais direitos serão tomados do povo pelas forças subservientes à burguesia.

Nas rodas de conversa, a reforma da previdência dividiu o protagonismo com as tradicionais pautas da agroecologia. O simbolismo do evento, porém, foi preservado pelo ato de partilha das sementes postas em exposição, assim como o formato do cardápio do almoço, tipicamente camponês, trazendo apenas ingredientes cultivados por famílias camponesas, sem a utilização de adubos químicos no cultivo ou aplicação de venenos no manejo. A organização do evento, em sistema de mutirão, também foi citada pelos envolvidos como um elo de resgate ao sentido do coletivo, superando o individualismo que tem assumido a hegemonia nas relações mediadas pelo capital. “Precisamos reassumir o protagonismo do ser, frente ao ter”, destacaram as lideranças.

A fala mais forte do dia foi proferida por Frei Sérgio Gorgen que, em dezembro, participou do grupo que se manteve durante 10 dias em greve de fome contra a reforma da previdência, ato que ajudou a pressionar os parlamentares a não votar a matéria naquele período. O religioso franciscano frisou que o momento é delicado, mas que somente se poderá obter vitórias se o povo for às ruas. “Sempre que o povo ficou em casa esperando que alguém resolvesse por ele, a situação piorou. Mas sempre que o povo foi em massa para as ruas grandes conquistas foram alcançadas”, afirmou. “É hora do povo, hora das massas, hora defender a si mesmo e aos filhos, defender o futuro”. A partir do dia 15 de fevereiro o MPA estará atuando, junto com outros movimentos populares, organizações e centrais sindicais a partir de Brasília até cada local onde esteja presente um camponês ou um trabalhador urbano consciente, para mobilização nacional contra a reforma da previdência.

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